A IGREJA E A SOCIEDADE

          O tema da Campanha da Fraternidade desse ano “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, com o lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), escolhido para recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé na sociedade, como sal da terra e luz do mundo, é propício para excelentes reflexões. Mas, infelizmente, pode também ser usado para favorecer a ideologias heterodoxas. A Igreja não é uma entidade apenas ou simplesmente filantrópica ou política. Ela vai muito além do corpo e da visão terrestre.
Em sua mensagem, o Papa Francisco recorda o principal da Quaresma, nossa união e identificação com Cristo, e a sua consequência, identificarmo-nos com os irmãos: “Um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo”. Como consequência, aprendemos que “neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações, porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, n'Ele, um não olha com indiferença o outro. ‘Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria’ (1 Cor 12, 26)”.
Entre as manipulações possíveis do tema, está a de querer ressuscitar o viés marxista da Teologia da Libertação. Essa ideologia teológica surgiu como reação às escravidões sociais e econômicas, que todos lamentamos, mas muitas vezes enfatizou demasiadamente a linha social em detrimento da espiritual, tentando reduzir o Evangelho da salvação a um evangelho terrestre e, pior, dentro de uma análise marxista, com rejeição da doutrina social da Igreja.
Ao receber Bispos do Brasil em visita ad limina, em dezembro de 2009, o Papa Bento XVI recordou a “Instrução Libertatis nuntius da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, que sublinha o perigo que comportava a aceitação acrítica, realizada por alguns teólogos, de tese e metodologias provenientes do marxismo”. Bento XVI advertiu que as sequelas da teologia marxista da libertação “mais ou menos visíveis de rebelião, divisão, desacordo, ofensa, anarquia, ainda se fazem sentir, criando em suas comunidades diocesanas um grande sofrimento e grave perda de forças vivas”. Por essa razão, o Santo Padre exortou “aos que de algum modo se sintam atraídos, envolvidos e afetados no íntimo por certos princípios enganosos da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece com mão estendida”.  
No Credo do Povo de Deus, Paulo VI exprimiu bem o pensamento equilibrado da Igreja: “Nós professamos que o Reino de Deus iniciado aqui na Terra, na Igreja de Cristo, não é deste mundo, cuja figura passa, e que seu crescimento próprio não se pode confundir com o progresso da civilização..., mas consiste em conhecer cada vez mais profundamente as insondáveis riquezas de Cristo, em esperar cada vez mais corajosamente os bens eternos, em responder cada vez mais ardentemente ao amor de Deus e em difundir cada vez mais amplamente a graça e a santidade entre os homens. Mas é este mesmo amor que leva a Igreja a preocupar-se constantemente com o bem temporal dos homens,... suas necessidades, alegrias e esperanças, seus sofrimentos e seus esforços...”. 

CINZAS PARA UM NOVO TEMPO

             Hoje, quarta-feira de Cinzas, começa o importante tempo litúrgico da Quaresma, no qual a Igreja almeja que nos unamos mais intimamente ao Mistério Pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo, mistério que inclui sua Paixão, sua morte e sua gloriosa Ressurreição.
“Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um ‘tempo favorável’ de graça (cf. 2 Cor 6, 2)”, nos explica o Papa Francisco em sua Mensagem, onde nos ensina a imitar o amor carinhoso e zeloso de Deus para conosco. “Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós, conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa conosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem!”
Para vencer essa nossa indiferença, a Igreja instituiu o tempo da Quaresma, onde ouvimos a voz dos profetas para nos despertar do nosso comodismo. “A Deus não Lhe é indiferente o mundo”, nos lembra o Papa, “mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem”.
“Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação, gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação: 1. ‘Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros (1 Cor 12, 26); 2. ‘Onde está o teu irmão?’ (Gn 4, 9); 3. ‘Fortalecei os vossos corações’ (Tg 5, 8)”.
“Por isso, amados irmãos e irmãs”, finaliza o Papa, “nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: «Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração semelhante ao vosso» (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença”.
No Brasil, a Campanha da Fraternidade, que acontece na Quaresma, tem como finalidade unir as exigências da conversão, da oração e da penitência com algum projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda. A Campanha da Fraternidade desse ano tem como tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e como lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), para recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé na sociedade, como sal da terra e luz do mundo. 

NÓS, OS DOENTES

          Hoje, dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, se comemora também o Dia Mundial do Enfermo, porque, em Lourdes, na França, milhares de enfermos de todos os países e continentes ali vão para pedir a cura e a consolação, pela intercessão de Nossa Senhora, que a muitos tem curado e a todos consolado. Muitos milagres de cura ali acontecem. Mas os maiores milagres em Lourdes são as conversões dos milhares de pecadores.  
Jesus, durante a sua vida pública, curou alguns, mas não curou todos os doentes do seu tempo. Porque para alguns Deus quer que se salvem e façam o bem com a saúde; outros, com a sua doença. A doença pode ser uma graça de Deus. O mais importante é a cura da alma.
Em sua mensagem para o XXIII Dia Mundial do Doente, neste ano, o Papa Francisco se dirige a todos os que carregam o peso da doença e aos profissionais e voluntários da saúde.
“O tema deste ano convida-nos a meditar uma frase do livro de Jó: ‘Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo’ (29, 15). Gostaria de o fazer na perspectiva da ‘sapientia cordis’, da sabedoria do coração”.
“Sabedoria do coração é servir o irmão. No discurso de Jó que contém as palavras ‘eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo’, evidencia-se a dimensão de serviço aos necessitados por parte deste homem justo... Também hoje quantos cristãos dão testemunho – não com as palavras, mas com a sua vida radicada numa fé genuína – de ser ‘os olhos do cego’ e ‘os pés para o coxo’! Pessoas que permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar. Este serviço, especialmente quando se prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e pesado; é relativamente fácil servir alguns dias, mas torna-se difícil cuidar de uma pessoa durante meses ou até anos, inclusive quando ela já não é capaz de agradecer. E, no entanto, que grande caminho de santificação é este! Em tais momentos, pode-se contar de modo particular com a proximidade do Senhor, sendo também de especial apoio à missão da Igreja”.
Sabedoria do coração é estar com o irmão. O tempo gasto junto do doente é um tempo santo. É louvor a Deus, que nos configura à imagem do seu Filho, que ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão’ (Mt 20, 28). Foi o próprio Jesus que o disse: ‘Eu estou no meio de vós como aquele que serve’ (Lc 22, 27)”.
“Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão. Às vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesim do fazer e do produzir, esquece-se a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro”.
“Mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade levam a melhor sobre a nossa vida de doação, a experiência do sofrimento pode tornar-se lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a sapientia cordis”. 

FAMÍLIAS COMO COELHOS

          “É para se deplorar de modo particular a imprensa que, de tempos em tempos, volta sobre a questão (da família numerosa) com a intenção manifesta de lançar a confusão no espírito do povo simples e induzi-lo ao erro por documentações tendenciosas, por pesquisas discutíveis e mesmo por declarações falseadas deste ou aquele eclesiástico”. Assim dizia o Papa Pio XII, no seu discurso aos dirigentes e representantes das Associações de Famílias Numerosas, em 20 de janeiro de 1958.
A imprensa sensacionalista procurou ressaltar negativamente uma afirmação do Papa Francisco, na viagem de volta das Filipinas para Roma, em 18 de janeiro de 2015, pinçada do colóquio informal com os jornalistas no avião, sobre o número de filhos de uma família: “Alguns acham, desculpem-me pela palavra, que para ser bons católicos precisamos ser como coelhos. Não! Paternidade responsável. Isto é claro”.
Uma frase fora do contexto pode ser apenas um pretexto. Não se pode dizer tudo, toda a doutrina, em todos os lugares e em todas as afirmações,ao mesmo tempo. Há que se ver o conjunto. O conjunto  de que falo é toda a doutrina católica. Como na Bíblia. Citando frases fora do contexto e do conjunto, pode-se provar qualquer coisa. Pinçando frases e doutrinas, sem o conjunto, é que se fizeram as heresias.
            Antes da frase dos “coelhos”, o papa Francisco tinha dito: “A presença das famílias numerosas é uma esperança para a sociedade. O fato de termos irmãos e irmãs nos faz bem; os filhos e filhas de uma família numerosa são mais capazes de comunhão fraterna desde a primeira infância. Em um mundo marcado tantas vezes pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de fraternidade, e estas atitudes se orientam depois em benefício de toda a sociedade” (28-XII-2014).
No avião, ele disse aos jornalistas: “A abertura à vida é a condição do sacramento do matrimônio, a ponto de que esse matrimônio é nulo caso se possa provar que ele ou ela se casou com a intenção de não estar aberto à vida. É causa de nulidade matrimonial. Isto não significa que o cristão tem que ter filhos em série. Isto é tentar a Deus. E alguns, talvez, não são prudentes nisto. Falamos de paternidade responsável. Esse é o caminho”.
Depois das interpretações erradas das suas palavras, o papa disse: “Dá consolação e esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem os filhos como um verdadeiro dom de Deus. Eles sabem que cada filho é uma bênção. Escutei que as famílias com muitos filhos e o nascimento de muitos filhos estão entre as causas da pobreza. Acho uma opinião simplista. Eu posso dizer, todos podemos dizer, que a causa principal da pobreza é um sistema econômico que tirou a pessoa do centro e colocou o deus dinheiro, um sistema econômico que exclui, exclui sempre, exclui as crianças, os idosos, os jovens sem trabalho... e que cria a cultura do descarte em que vivemos. Nós nos acostumamos a ver pessoas sendo descartadas. Este é o motivo principal da pobreza, não as famílias numerosas” (21-I-2015) (Cf. ZENIT, 30/1/2015).


SANTOS DO BRASIL

      Visitei recentemente, em Baependi, MG, a Igreja onde se encontra o túmulo da Bem-aventurada Francisca Paula de Jesus Isabel, conhecida como Nhá Chica, a mãe dos pobres, a pérola escondida. Mulher simples, negra, filha de escrava, cheia de fé, devotíssima de Nossa Senhora, imersa na oração e que, apesar de analfabeta, dava sábios conselhos a todos que a procuravam e, não raramente, profetizava o futuro.
O Conselheiro João Pedreira do Couto Ferraz era uma figura das mais eminentes do Império pela sua cultura, virtudes e pelo caráter firme, do qual deu grande prova, pública e corajosa, durante o processo de Dom Vital de Oliveira, Bispo de Olinda. Como diz a História do Brasil, no célebre episódio da questão religiosa, uma das causas da queda da monarquia, Dom Frei Vital de Oliveira, foi levado ao Tribunal pelo crime de defender os direitos da Igreja. Ao entrar o Bispo no Tribunal, acompanhado de mais dois Bispos, o Conselheiro Pedreira que, por dever do seu cargo, estava a contragosto presente, vencendo o respeito humano, foi receber os Bispos e, ajoelhando-se, osculou o anel de Dom Vital, santo Bispo mártir. Houve aplausos e um frêmito de raiva entre os Ministros do Supremo Tribunal. Quando apontaram a Dom Vital o banco dos réus, o Conselheiro Pedreira, secretário do Supremo Tribunal, afastou aquele banco e foi buscar a sua poltrona, convidando o Prelado a assentar-se.
Esse notável Conselheiro do Império, veraneando em Caxambu, MG, acompanhado de sua primeira filha, Zélia, no esplendor dos seus 15 anos, visitou Nhá Chica, na vizinha Baependi, tendo ouvido falar da fama de sua santidade. Ele pediu a Nhá Chica orações pelo futuro da sua filha Zélia, que, constituía, pela sua formosura, inteligência precoce – falava várias línguas -, talento poético e literário e virtudes cristãs, o maior tesouro daquela família. Nhá Chica se retirou a rezar a Nossa Senhora e, após a Missa, disse ao Conselheiro: “Esta moça vai se casar, terá muitos filhos, depois será toda de Deus, Nosso Senhor”.
De fato, Zélia se casou com o Dr. Jerônimo, engenheiro formado em Ciências Humanas na Alemanha e em Engenharia Civil no Rio de Janeiro. Dos seus 9 filhos, 3 se tornaram sacerdotes e 6 se consagraram como religiosas. O casal, dono de grande fazenda de café, se dedicava a obras de caridade e evangelização, tornando-se exemplo de família cristã para o seu tempo e para os dias de hoje.
Jerônimo morreu com fama de santidade em 1909. Zélia, viúva, distribuiu todos os seus bens aos pobres e se consagrou como religiosa na Congregação Sacramentina, vindo a falecer em 1919. Nhá Chica foi beatificada em 4 de maio de 2013, pelo Cardeal Ângelo Amato, delegado do Papa Francisco, em Baependi. Jerônimo e Zélia, como o primeiro casal brasileiro, estão já no processo de beatificação.

A santidade está ao alcance de todos, europeus e brasileiros, ricos e pobres, letrados e analfabetos, brancos e negros. Está ao nosso alcance também.

LIBERDADE E IGUALDADE

          Estou participando pela sétima vez, a convite, de um Congresso internacional para Bispos, de 22 a 25 de janeiro, nos Estados Unidos, promovido pelo Acton Institute, instituição universitária voltada para estudos de economia e sociologia à luz da Doutrina social da Igreja. O congresso deste ano tem como tema “Para uma livre, justa e humana economia global”. A presença de cerca de 70 Bispos, de mais de vinte países, mostra a universalidade do congresso e a múltipla representação da Igreja.
A primeira palestra, do Cardeal Reinhard Marx, Arcebispo de Munique e Frisinga, Alemanha, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da EU, versou sobre “Por que a Economia requer ética – por uma Liberdade Responsável”.  De basilar importância nesses tempos de corrupção generalizada. Vale recordar o Papa Francisco: “A crise financeira que atravessamos nos faz esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Ex 32, 1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. ...Reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo” (Evangelii Gaudium, 55).
Muito interessante foi a palestra de Dr. Samuel Gregg, doutor em Filosofia da Universidade de Oxford e autor de vários livros, que versou sobre “A Desigualdade Econômica: Mitos e Realidades”.
Falou sobre “População, Economia e os novos desafios demográficos”, a Dra. Carrol Rios de Rodríguez e discorrendo sobre “Dignidade Humana e suas falsidades: defendendo a verdadeira Liberdade e a verdadeira Igualdade”, o Dr. Michael Matheson Miller, graduado em várias universidades e pesquisador em países da Europa, Ásia e África, falou sobre diferentes aspectos da igualdade e dignidade humana, sob o ponto de vista cristão.
Dom Dominique Rey, bispo da Diocese de Fréjus-Toulon, França, tratou da “Igreja, Ecologia e Ambiente”. O evento termina com a exposição final do Pe. Robert Sirico, co-fundador e diretor do Acton, sobre  “a Igreja, o Estado e a Justiça Social”, abordando os valores cristãos como solução para todos os problemas atuais, morais, sociais, políticos e econômicos.

Sobre a igualdade, a Igreja nos ensina que “a igualdade fundamental entre todos os homens deve ser cada vez mais reconhecida, uma vez que, dotados de alma racional e criados à imagem de Deus, todos têm a mesma natureza e origem” (Gaudium et Spes, 29). “Cada um deve, pois, ter a sua parte nos bens materiais; e deve procurar-se que a sua repartição seja pautada pelas normas do bem comum e da justiça social. Hoje, porém, à vista do clamoroso contraste entre o pequeno número dos ultra-ricos e a multidão inumerável dos pobres, não há homem prudente que não reconheça os gravíssimos inconvenientes da atual repartição da riqueza” (Pio XI, Quadragesimo Anno, 58).