A CONQUISTA DA JUVENTUDE


No século XIX, um menino pobre, órfão de pai aos dois anos, que recebeu uma forte educação humana e cristã de sua mãe, Margarida, mulher simples, sem estudos, mas de muita fé, tornou-se o maior educador daquele século e modelo de todos os educadores. Estamos falando do grande São João Bosco, cuja festa celebraremos dia 31, com os seus filhos salesianos.
            Estamos em Turim, Itália, na época do começo da industrialização, com o problema decorrente da imigração juvenil. Inundada de jovens procurando emprego, que nem sempre conseguiam, essa cidade oferecia ocasião para muitas desordens e perigos para essa juventude. É nesse contexto que entra em ação o Padre João Bosco, Dom Bosco, como se chamam os padres na Itália, como hábil organizador de iniciativas, implantando um fantástico sistema educacional que mais tarde se chamaria “sistema preventivo”, fundado na razão, na religião e na amabilidade. E assim ele conquistou a juventude.
            Seu sistema de educação consistia em prevenir as quedas, em tirar os jovens das ocasiões de pecado. Vigilância, palavrinha de conselho ao ouvido de cada um, compreensão, amabilidade e amor no trato com os jovens, vida pessoal de oração e uso dos sacramentos da Igreja, eram os seus instrumentos didáticos e pedagógicos. E todos o amavam e procuravam imitar. Não seria esse o melhor método para educar a nossa juventude tão desnorteada hoje?!
            Enfrentando ataques violentos dos anticlericais, ele implantou o oratório festivo de Valdocco, enriqueceu-o de laboratórios artesanais e profissionais, com escolas de artes e ofícios para jovens trabalhadores e com escolas humanísticas para os jovens encaminhados ao sacerdócio. Em pouco tempo, já havia oitocentos jovens, provenientes das camadas populares da Itália. E sua obra se espalhou por todo o mundo.
            Para assegurar o futuro de sua obra, fundou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e, com a ajuda da Irmã Maria Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, das quais temos ilustres representantes em nossa cidade, dedicados à educação dos jovens. A eles e a elas a nossa homenagem e imensa gratidão.
            São João Bosco foi considerado o novo São Vicente de Paulo, pela sua dedicação aos mais carentes. Foi grande escritor de livros populares, sobretudo para os jovens.
            Esse grande apóstolo da juventude, exemplo para todos os educadores, faleceu santamente em 31 de janeiro de 1888. Foi proclamado pelo Papa João Paulo II “pai e mestre dos jovens”. Que São João Bosco proteja a nossa juventude!

UMA SOCIEDADE JUSTA



Estou em Portugal, Sintra, onde vim participar, a convite, como todos os anos, de um Congresso internacional para Bispos, este ano com a presença de 134 Bispos, incluídos 5 Cardeais, de 50 países, promovido pelo Acton Institute, instituição universitária americana voltada para estudos de economia e sociologia à luz da Doutrina social da Igreja. O congresso deste ano versa sobre: “Fé, Razão e a Sociedade Justa”.  
Faz parte também do Congresso uma peregrinação dos Bispos ao Santuário de Nossa Senhora em Fátima, onde rezarei por todas as nossas intenções diante dos graves problemas políticos, religiosos e morais da nossa sociedade brasileira e mundial.
            A Doutrina Social da Igreja, tratada nesse congresso, abarca todos os problemas da chamada “Justiça Social”. Eis o que nos ensina o seu Magistério, expresso no Catecismo da Igreja Católica:
            Sociedade Justa é aquela na qual se pratica a justiça social, ou seja, quando realiza as condições que permitem a todos, associações e cada membro seu, obter o que lhes é devido conforme sua natureza e sua vocação. A justiça social está ligada ao bem comum e ao exercício da autoridade (CIC 1928). Só se pode conseguir a justiça social no respeito à dignidade transcendente do homem. A pessoa representa o fim último da sociedade, que por sua vez lhe está ordenada. Nisso todos são responsáveis. E o respeito à pessoa humana implica que se respeitem os direitos que decorrem da sua dignidade de criatura de Deus. Esses direitos são anteriores à sociedade e se lhe impõem. São eles que fundam a legitimidade moral de toda autoridade. Sem esse respeito, uma autoridade só pode apoiar-se na força ou na violência para obter a obediência de seus súditos.
            O respeito pela pessoa humana passa pelo respeito deste princípio: “Que cada um respeite o próximo, sem exceção, como ‘outro eu’, levando em consideração antes de tudo sua vida e os meios necessários para mantê-la dignamente. Nenhuma lei seria capaz, por si só, de fazer desaparecer os temores, os preconceitos, as atitudes de orgulho e egoísmo que constituem obstáculos para o estabelecimento de sociedades verdadeiramente fraternas. Esses comportamentos só podem cessar com a caridade, que vê em cada homem um “próximo”, um irmão. O dever de tornar-se próximo do outro e servi-lo ativamente se torna ainda mais urgente quando este se acha mais carente, em qualquer setor que seja. “Todas as vezes que fizestes a um destes meus irmãos menores, a mim o fizestes”, disse Jesus (Mt 25, 40).
            Este mesmo dever se estende àqueles que pensam ou agem diferentemente de nós. A doutrina de Cristo vai até o ponto de exigir o perdão das ofensas. Estende o mandamento do amor, que é o da nova lei, a todos os inimigos. A libertação no espírito do Evangelho é incompatível com o ódio ao inimigo, como pessoa, mas não com o ódio ao mal que este pratica, como inimigo (cf. CIC 1928-1933).

                                                              

NOSSOS PADROEIROS


            Neste mês de janeiro, celebramos vários santos padroeiros, que, ao mesmo tempo que nossos intercessores junto de Deus, são exemplo de vida cristã e heroicidade nas virtudes.
Diia 15, celebramos Santo Amaro, cuja devoção é muito cultivada aqui em nossa região, explicada pela presença dos monges beneditinos que foram os valorosos missionários da zona rural de Campos dos Goytacazes, em cujo município se situa o célebre Mosteiro de São Bento, em Mussurepe.
Santo Amaro, ou São Mauro, foi monge e abade beneditino, ou seja, da Ordem de São Bento. Nascido em Roma, de família senatorial, Amaro, quando tinha apenas doze anos, foi entregue no mosteiro por seu pai, Egrico, homem ilustre pela virtude e pela nobreza do nascimento, confiando-o aos cuidados de São Bento, em 522.
Correspondeu tão bem à afeição e à solicitude do mestre, que foi em breve proposto como modelo aos outros religiosos. São Gregório exaltou-o por se ter distinguido no amor da oração e do silêncio. Sempre se lhe notou profunda humildade e admirável simplicidade de coração. Mas nele sobressaía a virtude da obediência, sendo por isso recompensado por Deus, com um milagre, quando, para obedecer, foi salvar um irmão que estava se afogando e caminhou sobre as águas.
Possa o exemplo de Santo Amaro levar os filhos a serem mais obedientes aos seus pais, os alunos aos seus mestres, os cidadãos às leis e superiores civis, os católicos aos seus superiores hierárquicos. “Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5, 21).
Dia 20, festejaremos São Sebastião, padroeiro da Cidade maravilhosa e, por ser o patrono da capital, é também protetor do nosso Estado do Rio de Janeiro.
Foi soldado do exército imperial, chegando a ocupar o posto de Comandante do Primeiro Tribunal da Guarda Pretoriana durante o reinado de Diocleciano, um dos mais severos imperadores romanos, perseguidor dos cristãos.
Mesmo sendo bom soldado romano, suas atitudes demonstravam sua fé cristã, e, sendo interrogado, confessou bravamente sua convicção. Por não aceitar renunciar a Cristo, São Sebastião foi condenado à morte, sendo amarrado a um tronco de árvore e flechado. Porém, não morreu ali. Foi encontrado vivo por uma mulher cristã piedosa que tinha vindo buscar o seu corpo. Recuperada a saúde, apresentou-se diante do Imperador e reafirmou sua convicção cristã. E nova sentença de morte veio sobre ele: foi condenado ao martírio no Circo. Sebastião foi executado, então, com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte e jogado nos esgotos perto do Arco de Constantino. Era 20 de janeiro.
            E dia 25, celebraremos a conversão de São Paulo, que, de perseguidor ferrenho dos cristãos, tornou-se o grande Apóstolo, que trabalhou na conversão dos pagãos, tornando-se, como São Pedro, uma das colunas da Igreja. É o padroeiro da cidade e do Estado de São Paulo.