Acabo de participar, em Sintra, Portugal, a convite, de um Congresso Internacional para Bispos, promovido pelo Acton Institute, instituição universitária voltada para estudos de economia e sociologia à luz da doutrina social da Igreja. O congresso deste ano intitulou-se “Igreja, sociedade e economia em um mundo fragmentado”.
Este congresso contou com Arcebispos
e Bispos de 31 países: Austrália, Brasil, Gana, Nigéria, Haiti, Quênia, Chile,
Djibouti, Uruguai, Venezuela, Zâmbia, Angola, Suriname. Bangladesh, Guatemala,
Etiópia, Uganda, Colômbia, México, Lituânia, Nigéria, Reino Unido, Botswana,
Equador, Bahamas, Moçambique, Lesoto, Argentina, Zimbábue, Paquistão e Letônia.
Esteve presente e palestrou
o Cardeal George Pell, da Austrália, que, além de nos contar sobre a sua prisão
de 14 meses, por ter sido caluniado, falou sobre “O futuro do catolicismo
mundial”, analisando o pontificado de S. João Paulo II e do Papa Francisco.
Fizemos, como de praxe, uma
peregrinação ao Santuário de Fátima, rezando pelas nossas dioceses e países,
especialmente pela Rússia e a Ucrânia, pedindo a Nossa Senhora pela paz no
mundo. A mensagem de Fátima é sempre atual.
Dentro do tema principal do
congresso, analisou-se a situação da China, como desafio e enigma, foi
apresentado um interessante filme sobre Hong Kong, tratou-se do impacto
econômico do COVID-19 e suas consequências, discutiu-se sobre os desafios
sociais na Era Digital e discorreu-se sobre como a corrupção influi na
elaboração de leis e na política.
É muito interessante o
encontro e a troca de ideias com Bispos representantes desses mais diversos
países. Com os Bispos do Leste europeu, conversei sobre a atual guerra da
Rússia e Ucrânia. Com os Bispos da África, tomei conhecimento sobre as
dificuldades nesses países. É instrutivo conhecer, através deles, como está a
situação da Etiópia, por exemplo, e como estão os nossos vizinhos Venezuela,
Chile e Argentina. O olhar dos Bispos é altamente esclarecedor.
Falando de política,
recordou-se o ensinamento católico sobre o Estado de Direito, citando São João
Paulo II, que relembra Leão XIII: “... uma sã teoria do Estado é necessária
para assegurar o desenvolvimento normal das atividades humanas... (Leão XIII)
apresenta a organização da sociedade segundo três poderes – legislativo,
executivo e judiciário, o que constituía, naquele tempo, uma novidade no
ensinamento da Igreja. Tal ordenamento reflete uma visão realista da natureza
social do homem, a qual exige uma legislação adequada para proteger a liberdade
de todos. Para tal fim é preferível que cada poder seja equilibrado
por outros poderes e outras esferas de competência que o mantenham no seu justo
limite. Este é o princípio do ‘Estado de direito’, no qual é soberana a lei, e
não a vontade arbitrária dos homens... A Igreja encara com simpatia o sistema
da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções
políticas e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar
os próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se
torne oportuno” (C.A. 44-46).