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LIÇÕES DE UMA PANDEMIA

             O grande mal provocado pelo novo Corona Vírus e a enfermidade por ele provocada, a COVID-19, deve nos trazer algumas reflexões sensatas.

            Deus não é autor do mal. O mal é proveniente da nossa finitude, pois só Deus é o sumo bem e a suma perfeição.  É consequência às vezes do mau uso da nossa liberdade e, muitas vezes, dos nossos pecados. Mas Deus só permite um mal para dele tirarmos algum bem. E podemos tirar sim.
            Iniciamos a Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, com a reflexão que a Igreja nos propôs: “Lembra-te, homem, que és pó e em pó te hás de tornar”. Essa doença vem nos lembrar a nossa pequenez. O homem, orgulhoso de sua ciência e de suas conquistas tecnológicas em todos os campos, prostra-se de joelhos diante de um ser ultramicroscópico, que põe toda a humanidade temerosa. Realmente nós não somos onipotentes e tão poderosos: só Deus o é. Portanto, a primeira lição é de humildade.
            Por isso, recorramos a Deus onipotente, pedindo-lhe que afaste de nós esta calamidade: “ela não é enviada por Ele, mas permitida, para que nos convertamos de nossa soberba e desmando na organização dos recursos da criação...” (Dom Pedro Cipollini). A oração é necessária. É o reconhecimento da nossa impotência diante de Deus todo-poderoso e de nossos pecados, muitas vezes causa da desordem e dos males. Segunda lição: oração.
            “Nas tempestades da vida, nos momentos de desorientação, o homem não pode contar apenas com as próprias forças. É preciso ter fé e recordar que Deus pode nos salvar de todas as tempestades”. Palavras do Cardeal Angelo Comastri, arcipreste da Basílica de São Pedro, lembrando da tempestade no Mar da Galiléia, com os apóstolos temerosos acordando Jesus. “Temos que recordar sempre que Deus pode nos tirar de todas as tempestades, desde que tenhamos fé e abramos o nosso coração a Ele”. Oração com fé e humildade.
            Se de um lado devemos recorrer à oração, com confiança em Deus, por outro lado devemos usar todos os recursos, prevenções e assepsias que os médicos e os profissionais da saúde nos recomendam. “Honra o médico, porque ele é necessário; foi o Altíssimo quem o criou” (Eclo 38, 1). “Peca na presença daquele que o criou quem não se submete ao tratamento do médico” (Eclo 38, 15). Jesus disse: “Os doentes precisam de médico” (Mt 9, 12).
            E não devemos “tentar a Deus”, ou seja, fazer coisas imprudentes e perigosas para a nossa saúde, confiando erradamente que Deus nos protegerá (Mt 4, 7). Prevenção e cuidados.
            Essa calamidade nos ensina ainda que todos somos iguais em natureza, sem distinção de classes, cor, nacionalidade, sexo, etc, fracos e débeis, precisando sempre e dependentes uns dos outros. Isso nos obriga a cuidarmos uns dos outros, à solidariedade e à caridade.
            Que Maria Santíssima, saúde dos enfermos, nos proteja, e São José, cuja festa celebraremos amanhã, nos defenda de todo mal.

                                                                 

O DOENTE E A SAÚDE


No próximo fim de semana, em São Paulo, participarei como palestrante do 1º Encontro Nacional dos Agentes da Pastoral da Saúde (CNBB). Na minha palestra enfocarei os aspectos teológicos, morais e sociais da doutrina da Igreja sobre a saúde e a doença.
Na economia da salvação, a doença e o sofrimento estiveram sempre entre os problemas mais graves que afligem a vida humana. Na doença, o homem experimenta a sua incapacidade, os seus limites, a sua finitude. Qualquer enfermidade pode fazer-nos entrever a morte. Mas a doença pode levar à angústia, ao fechar-se em si mesmo e até, por vezes, ao desespero e à revolta contra Deus. Mas também pode tornar uma pessoa mais amadurecida, ajudá-la a discernir, na sua vida, o que não é essencial para se voltar para o que o é. Muitas vezes, a doença leva à busca de Deus, a um regresso a Ele.
Comovido por tanto sofrimento, Cristo não só Se deixa tocar pelos doentes, como também faz suas as misérias deles: «Tomou sobre Si as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças» (Mt 8, 17). Pela sua paixão e morte na cruz. Cristo deu novo sentido ao sofrimento, que pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora.
“Os doentes são a figura de Jesus Cristo. Muitos comprovadamente delinquentes, blasfemos, chegam inesperadamente ao hospital por disposição última da misericórdia de Deus, que os quer salvos. Nos hospitais, a missão das irmãs, dos médicos, dos enfermeiros, consiste em colaborar com esta infinita misericórdia, ajudando, perdoando, sacrificando-se... Bem-aventurados nós, médicos, tantas vezes incapazes de remover uma enfermidade, felizes de nós, se levarmos em conta que, além de corpos, estamos em face de almas imortais, para as quais urge o preceito evangélico de amá-las como a nós mesmos” (São José Moscatti, médico).
 “Doentes precisam de médico”, disse Jesus (Lucas 5,31). Não estão de acordo com o Evangelho, os que, pensando confiar em Deus, dispensam o recurso aos médicos. Ele mesmo não curou todos os doentes. Por isso, nem as orações mais fervorosas obtêm sempre a cura de todas as doenças. A vida e a saúde física são bens preciosos, confiados por Deus. Temos a obrigação de cuidar razoavelmente desses dons, tendo em conta as necessidades alheias e o bem comum. O cuidado da saúde dos cidadãos requer a ajuda da sociedade para se conseguirem condições de vida que permitam crescer e atingir a maturidade: alimentação, vestuário, casa, cuidados de saúde, ensino básico, emprego e assistência social.
No enfoque ético, “a moral natural e cristã mantém em toda a parte os seus direitos imprescritíveis; é deles, e não de considerações de sentimentalismo, de filantropia materialista, naturalista, que derivam os princípios essenciais da deontologia médica; a dignidade do corpo humano, a superioridade da alma sobre o corpo, a fraternidade de todos os homens, o domínio soberano de Deus sobre a vida e sobre o destino” (Pio XII; radiomensagem ao VII Congresso Internacional de Médicos Católicos, sobre a moral e o direito dos médicos, 11/8/1956).

 *Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

A SAÚDE E A DOENÇA

     
        Hoje, dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, se comemora também o Dia Mundial do Enfermo, ocasião propícia para refletirmos sobre a saúde e a doença.
Jesus, durante a sua vida pública, como apoio para a sua evangelização e demonstração da sua divindade, curou alguns doentes, cegos, aleijados, surdos, epiléticos, leprosos. Mas não curou todos os doentes do seu tempo. Porque para alguns Deus quer que se salvem e façam o bem com a saúde; outros, com a sua doença. A doença pode ser uma graça de Deus. O que não dispensa, quando estivermos doentes, de procurarmos os cuidados médicos. “Doentes precisam de médico”, disse Jesus no Evangelho (Lucas 5,31). Não estão de acordo com o Evangelho, os que, pensando confiar em Deus, dispensam o recurso aos médicos.
Belíssima foi a mensagem legada pelo médico santo Dr. José Moscati: “Os doentes são a figura de Jesus Cristo. Muitos comprovadamente delinquentes, blasfemos, chegam inesperadamente ao hospital por disposição última da misericórdia de Deus, que os quer salvos. Nos hospitais, a missão das irmãs, dos médicos, dos enfermeiros, consiste em colaborar com esta infinita misericórdia, ajudando, perdoando, sacrificando-se... Bem-aventurados nós, médicos, tantas vezes incapazes de remover uma enfermidade, felizes de nós, se levarmos em conta que, além de corpos, estamos em face de almas imortais, para as quais urge o preceito evangélico de amá-las como a nós mesmos”.
Ele também nos deixou consoladoras reflexões sobre a vida e a morte: “A vida é um piscar de olhos: honras, triunfos, riquezas e ciências tombam... Mas a vida não acaba com a morte, continua de um jeito melhor. Para todos é prometido, após a redenção do mundo, o dia que nos reunirá a nossos entes queridos falecidos, e que nos reconduzirá ao supremo Amor... A vida foi definida como um relâmpago no eterno. E nossa humanidade, por mérito da dor que a recheia, e da qual se saciou Aquele que vestiu a nossa carne, transcende a matéria e nos leva a desejar uma felicidade além do mundo. Bem-aventurados aqueles que seguem essa tendência da consciência e olham para o além, onde os afetos terrenos, que pareciam precocemente quebrados, serão reunidos”.

Em sua mensagem deste ano para o XXII Dia Mundial do Doente, com o tema “Fé e Caridade: também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos” (1 Jo 3, 16), diz o Papa Francisco: “A Igreja reconhece em vós, queridos doentes, uma presença especial de Cristo sofredor. É assim: ao lado, aliás, dentro do nosso sofrimento está o de Jesus, que carrega conosco o seu peso e revela o seu sentido. Quando o Filho de Deus subiu à cruz, destruiu a solidão do sofrimento e iluminou a sua escuridão. Desta forma somos postos diante do mistério do amor de Deus por nós, que nos infunde esperança e coragem: esperança, porque no desígnio de amor de Deus também a noite do sofrimento se abre à luz pascal; e coragem, para enfrentar qualquer adversidade em sua companhia, unidos a Ele”.