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PALAVRAS EMBLEMÁTICAS

 

Frases ou palavras emblemáticas, houve muitas famosas, que marcaram a nossa civilização e repercutem até hoje. São símbolos e resumos de uma doutrina, de uma vida, de um acontecimento ou de um ato de heroísmo, frases que ficaram na história e serão sempre lembradas.

            Assim, “Libertas quae sera tamen”, dos Inconfidentes, “Independência ou morte”, de Dom Pedro I, “A Terra é azul”, de Yuri Gagarin, “Um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”, de Neil Armstrong, “O fraco jamais perdoa, o perdão é uma das características do forte”, de Mahatma Gandhi, “Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajuda-lo a levantar-se”, de Gabriel Garcia Marquez, e muitíssimas outras citações icônicas.

            Nas Sagradas Escrituras ou Bíblia Sagrada, também encontramos frases-símbolo, que marcaram a história do mundo e a nossa vida, desde o “Fiat Lux” (Faça-se a Luz) no Gênesis, no início da criação, correspondente ao Big Bang da ciência atual, até às últimas palavras do Apocalipse “Vinde, Senhor Jesus”. O livro do Levítico traz a frase central do culto prestado a Deus: “Santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo” (Lv 11,44). Nos Salmos, temos uma frase magistral, que mostra o equilíbrio que se espera de nós: A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 84 (85),11).  

            No Novo Testamento, temos frases paradigmáticas de Jesus Cristo. No Sermão da Montanha, que é o resumo do Evangelho, encontramos, por exemplo, a frase que é a sinopse do sermão: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6, 33).

            Jesus ensinou a chamada a Regra de ouro das nossas relações interpessoais: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles” (Mt 7,12). E ele acrescenta que nisso está resumida toda a Lei e os Profetas.

            E foi nessa virtude da caridade, o amor, que Jesus corrigiu a lei do Talião e colocou o cerne da sua doutrina: “Ouvistes que foi dito: ‘olho por olho, dente por dente’. Eu, porém, vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, ao que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra!... “Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem!” (Mt 5, 38-44). E ele deu o exemplo desse amor total e desinteressado, ensinando-nos o seu “novo mandamento”: “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 13, 34).

            E a ressurreição de Jesus foi a prova final da sua divindade e a confirmação de toda a sua doutrina, resumida na frase emblemática de São Tomé, duvidoso, quando viu as chagas da Paixão em Jesus vivo e ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20, 28).

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                                         São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

 

 

 

OS SEGREDOS DE FÁTIMA

 No dia 13 de maio, celebramos o 104o aniversário da primeira de uma série de aparições de Nossa Senhora a três simples crianças, pastores de ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e chegou ao Brasil. São sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e seu ensinamento.

O segredo da importância e da difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente todos os problemas da atualidade. Aquelas três simples crianças foram os portadores do “recado” da Mãe de Deus para o Papa, governantes, cristãos e não cristãos do mundo inteiro.

Aos pastorinhos, em Fátima, Nossa Senhora revelou três segredos, mais tarde divulgados. O primeiro segredo diz respeito a cada um de nós, individualmente, e é sobre a nossa salvação eterna. Foi a visão do inferno, que assustou saudavelmente as crianças: “Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores...”. E recomendou-lhes a oração e o sacrifício pelos que estão longe de Deus: “muitas almas se perdem porque ninguém oferece sacrifícios por elas”. “Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

O segundo segredo diz respeito ao mundo, à sociedade em geral: a difusão do comunismo: “A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo”. A Rússia tinha acabado de adotar o comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista.  Nossa Senhora nos alerta contra esse perigo, o esquecimento dos bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo prático, o secularismo.  Se o comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana, adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século... Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas sobrenaturais aos homens de hoje.

O terceiro segredo diz respeito à Igreja: a visão de um homem de branco, na praça de São Pedro, andando sobre os cadáveres de bispos e padres, sendo depois abatido, simbolizando a perseguição à Igreja, a cristofobia (ou cristianofobia), a decadência religiosa, a perda da fé, a perda da influência do cristianismo na civilização atual.

Enfim, Fátima é a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (São João XXIII). Assim, sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.

 

        *Bispo da Administ12ação Apostólica Pessoal

                                                                         São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

UMA NOVA CRIAÇÃO

         “Todos os anos, por meio da Mãe Igreja, Deus ‘concede aos seus fiéis a graça de se prepararem, na alegria do coração purificado, para celebrar as festas pascais, a fim de que, participando nos mistérios da renovação cristã, alcancem a plenitude da filiação divina’. Assim, de Páscoa em Páscoa, podemos caminhar para a realização da salvação que já recebemos, graças ao mistério pascal de Cristo: ‘De fato, foi na esperança que fomos salvos’ (Rm 8, 24). Este mistério de salvação, já operante em nós durante a vida terrena, é um processo dinâmico que abrange também a história e toda a criação. São Paulo chega a dizer: ‘Até a criação se encontra em expetativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus’ (Rm 8, 19). Nesta perspectiva, gostaria de oferecer algumas propostas de reflexão, que acompanhem o nosso caminho de conversão”. Assim começa a mensagem do Papa Francisco para esta Quaresma.
        E o Papa explica: “A Quaresma é sinal sacramental desta conversão. Ela chama os cristãos a encarnarem, de forma mais intensa e concreta, o mistério pascal na sua vida pessoal, familiar e social, particularmente através do jejum, da oração e da esmola. A celebração do Tríduo Pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, ponto culminante do Ano Litúrgico, sempre nos chama a viver um itinerário de preparação, cientes de que tornar-nos semelhantes a Cristo (cf. Rm 8, 29) é um dom inestimável da misericórdia de Deus. Se o homem vive como filho de Deus, se vive como pessoa redimida, que se deixa guiar pelo Espírito Santo (cf. Rm 8, 14), e sabe reconhecer e praticar a lei de Deus, a começar pela lei gravada no seu coração e na natureza, beneficia também a criação, cooperando para a sua redenção...”.
        “Neste mundo, porém, a harmonia gerada pela redenção continua ainda – e sempre estará – ameaçada pela força negativa do pecado e da morte. Com efeito, quando não vivemos como filhos de Deus, muitas vezes adotamos comportamentos destruidores do próximo e das outras criaturas – mas também de nós próprios –considerando, de forma mais ou menos consciente, que podemos usá-los como bem nos apraz. Então sobrepõe-se a intemperança, levando a um estilo de vida que viola os limites que a nossa condição humana e a natureza nos pedem para respeitar, seguindo aqueles desejos incontrolados que, no livro da Sabedoria, se atribuem aos ímpios, ou seja, a quantos não têm Deus como ponto de referência das suas ações, nem uma esperança para o futuro (cf. 2, 1-11)”.
        “Por isso, a criação tem premente necessidade que se revelem os filhos de Deus, aqueles que se tornaram ‘nova criação’: ‘Se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas’ (2 Cor 5, 17). Com efeito, com a sua manifestação, a própria criação pode também «fazer páscoa»: abrir-se para o novo céu e a nova terra (cf. Ap 21, 1). E o caminho rumo à Páscoa chama-nos precisamente a restaurar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos, através do arrependimento, a conversão e o perdão, para podermos viver toda a riqueza da graça do mistério pascal”.

NÃO AO SABOR DO VENTO

          “Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?... Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11, 7.11).
Já comemoramos o nascimento de São João Batista no dia 24 de junho. E no último dia 29, celebramos o seu martírio, sua degolação.
Qual foi a causa da sua morte? São João Batista pregava o arrependimento do pecado e a mudança de vida: “Convertei-vos...” (Mt 3,1). Era o homem da verdade, sem acepção de pessoas. O Rei Herodes havia tomado para si a mulher do seu irmão, Herodíades. João o admoestava contra o seu pecado de infidelidade conjugal e incesto, o que atraiu a ira da amante do rei, que o instigou a meter João no cárcere. “Pois João vivia dizendo a Herodes: ‘Não te é permitido viver com ela’” (Mt 14, 4). No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou na frente dos convivas, o que levou o rei, meio embriagado, a prometer-lhe como prêmio qualquer coisa que pedisse. A filha perguntou à mãe, que não perdeu a oportunidade de vingar-se daquele que invectivava seu pecado. Fez a filha pedir ao rei a cabeça de João Batista. João foi decapitado na prisão, merecendo o elogio de Jesus, por ser um homem firme e não uma cana agitada ao sabor do vento.
Estamos no Ano da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco.  É tempo de perdão. Muita gente pode interpretar mal esse tempo, achando que pode continuar no pecado e receber o perdão. Mas a absolvição supõe o arrependimento e o propósito de deixar o pecado, sem o que o perdão não acontece. O discernimento pastoral prático de uma situação particular, no qual devemos usar toda a misericórdia e compreensão, não anula a regra geral dada por Nosso Senhor: “Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério... E se a mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adultério também” (Mc 10, 11-12).
“Deus em Jesus é um Deus que tem um sumo respeito pela liberdade da pessoa. ‘Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa’ (Ap 2, 20ª). Não arromba a porta, para entrar de qualquer maneira. A ‘abertura da porta’, de que fala a Escritura, é a conversão ou arrependimento. Conversão, arrependimento e misericórdia que perdoa são como o côncavo e o convexo da mesma figura: uma não se dá sem a outra (Cardeal Carlo Carafa, Arcebispo de Bolonha).
O Cardeal Jorge Medina, prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino, no seu livreto “Arrependimento, Porta da Misericórdia”, com apresentação do Cardeal Carafa, acima citado, explica: “O Concílio de Trento define o arrependimento como ‘dor da alma e reprovação do pecado cometido, acompanhados pelo propósito de não pecar mais no futuro’. Este ato de contrição foi sempre necessário para pedir a remissão dos pecados...” E ele continua: “Vivemos em uma sociedade na qual pouco a pouco se está perdendo a sensibilidade em relação ao pecado...”. Esclarece, enfim, que “arrepender-se significa recorrer a Deus, Pai de misericórdia”. 

PELAS NOVAS MINORIAS

          O ministério da misericórdia de Jesus, que recebia e perdoava os pecadores, continuará até o final dos séculos, através da Igreja. Ele perdoou até a mulher flagrada em adultério. Mas lhe disse uma importante palavrinha no final: “Vai, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8, 11). Ao paralítico curado Jesus admoestou: “Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior” (Jo 5, 14). O perdão é condicionado ao arrependimento e ao propósito de não mais pecar.
            Muito se tem falado das minorias. Mas há aqueles que o Cardeal Timothy Dolan, de Nova Iorque, chamou de “novas minorias”: “A Igreja precisa acolher uma ‘nova minoria’: os fiéis que vivem em santidade... Poderia eu sugerir que há uma nova minoria no mundo, e até mesmo na Igreja? Estou pensando naqueles que, confiando na Graça e Misericórdia de Deus, se esforçam para viver na virtude e na fidelidade, - dado o fato de que, apenas na América do Norte, apenas metade dos casais que se casam procuram a Igreja para contrair o Sacramento do Matrimônio; casais que, inspirados pelo ensinamento da Igreja, afirmam que o casamento é para sempre, e perseveram nas provações; casais que recebem o Dom divino de ter vários filhos; homem e mulher jovens que optam por não viver juntos antes do Matrimônio; um homem 'gay' ou uma lésbica que querem viver em castidade; um casal que decidiu que ela vai desistir de uma carreira promissora para ficar em casa e criar seus filhos. – Essas maravilhosas pessoas muitas vezes se sentem como uma minoria em seu ambiente cultural, sim, – e às vezes até mesmo dentro da Igreja! Eu acho que há muito mais pessoas do que pensamos nestas situações, mas, dada a enorme pressão dos nossos tempos, eles muitas vezes se sentem excluídos. Onde podem buscar apoio e incentivo? Na TV? Nas revistas ou jornais? Em quais filmes? Nos espetáculos como os da Broadway? Nos colegas? Não! Eles olham para a Igreja e para nós, procurando por apoio e incentivo, pela sensação calorosa de serem parte de uma comunidade. E nós [Igreja] não podemos decepcioná-los!”.
Eles merecem toda a nossa atenção, incentivo, oração e apoio. E não seria para eles um desalento, uma tentação até, se os equiparássemos, ou mesmo os preteríssemos àqueles que, por fraqueza e falta desse heroísmo não levaram até o fim o seu casamento, àqueles que aderem à cultura do descartável, àqueles que querem consolar sua consciência com a aprovação da Igreja, mas sem abandonarem o seu estado pecaminoso? Não seria um desestímulo para essa “nova minoria” a concessão de benefícios ilícitos a esses que não querem deixar o pecado? 
O Papa S. João Paulo II, na Familiaris Consortio (n. 84), falando sobre a não admissão dos divorciados recasados à mesa eucarística, além do motivo de seu estado e condições de vida contradizer objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, acrescenta outro peculiar motivo pastoral: “se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”. O Papa pensava nas novas minorias, os que querem ser fiéis à Igreja, que poderiam ficar confusos.