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RACISMO, NÃO!

 

O famoso ator Morgan Freeman, negro, entrevistado pelo âncora da CNN sobre o racismo, disse: “Se você fala sobre isso, isso existe. Não é que isto exista e nós nos recusamos a falar sobre isso. O problema aqui é fazer disso um problema maior do que ele precisa ser”. Há, de fato, exageros. Mas o problema do racismo, infelizmente, ainda persiste e o dia nacional da consciência negra, comemorado no próximo dia 20, é ocasião para falarmos do preconceito racial. É um erro antropológico, anticristão e anti-humanitário, fruto do orgulho e da injustiça.

Talvez o racismo procure se justificar com as ideologias dos séculos XVIII e XIX (Nietzsche), nas quais também se baseou o partido totalitário nacional-socialista (Nazi), com a doutrina da superioridade da raça ariana sobre as demais. Por isso, o Papa Pio XI escreveu a encíclica Mit Brennender Sorge (1937), condenando o nacional-socialismo e sua ideologia racista e racialista.

A Igreja já se pronunciara diversas vezes contra o preconceito baseado na cor da pele ou na etnia, proclamando, firmada na divina Revelação, a dignidade de toda a pessoa criada à imagem de Deus, a unidade do gênero humano no plano do Criador e a reconciliação com Deus de toda a humanidade pela Redenção de Cristo, que destruiu o muro de ódio que separava os mundos contrapostos. A Igreja prega o respeito recíproco dos grupos étnicos e das chamadas “raças” e a sua convivência fraterna. A mensagem de Cristo foi para todos os povos e nações, sem distinção nem preferências. “Não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor...” (Rm 10,12); “já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre..., pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 28).

Infelizmente, com a descoberta e colonização do Novo Mundo, no século XVI, começaram a surgir abusos e ideologias racistas. Os Papas não tardaram a reagir. Assim, em 1537, na Bula Sublimis Deus, o Papa Paulo II denunciava os que consideravam os indígenas como seres inferiores e solenemente afirmava: “No desejo de remediar o mal que foi causado, nós decidimos e declaramos que os chamados Indígenas, bem como todas as populações com que no futuro a cristandade entrará em relação, não deverão ser privados da sua liberdade e dos seus bens – não obstante as alegações contrárias – ainda que eles não sejam cristãos, e que, ao contrário, deverão ser deixados em pleno gozo da sua liberdade e dos seus bens”. Infelizmente, nem sempre essas normas da Igreja foram obedecidas, mesmo pelos cristãos.

Quando começou o tráfico de negros, vendidos também pelos africanos como escravos e trazidos para as novas terras, os Papas e os teólogos pronunciaram-se contra essa prática abominável. O Papa Leão XIII condenou-a com vigor na sua encíclica In Plurimis, de maio de 1888, ao felicitar o Brasil por ter abolido a escravidão. E o Papa São João Paulo II não hesitou, no seu discurso aos intelectuais africanos, em Yaoundé, em 13 de agosto de 1985, em deplorar que pessoas pertencentes a nações cristãs tenham contribuído para esse tráfico de negros.

 


CONVERSÃO E FRATERNIDADE

         A Quaresma é um tempo de conversão, penitência, oração e esmolas, para nos prepararmos para a Páscoa. A Igreja no Brasil, incentivando-nos a esses exercícios espirituais, convida-nos também a um gesto concreto na área social, através da Campanha da Fraternidade. É claro que essa ação social não pode ocupar o lugar das obras espirituais e caritativas, nem se suplanta a elas, mas é o seu complemento. Assim, a Campanha da Fraternidade tem como finalidade unir as exigências da conversão e da oração com algum projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda.  
        A carta a Diogneto, joia da literatura cristã primitiva (ano 120 D.C.), descreve como era a vida dos primeiros discípulos: “Os cristãos não se distinguem dos demais homens, ... participam de tudo, como cidadãos...”. Assim, além dos deveres religiosos, nós, cristãos, temos os deveres de cidadãos, deveres civis e humanitários, para nós decorrentes do amor a Deus e à sua obra. O católico deve ser um excelente cidadão, educado e cumpridor dos seus deveres. Assim, católico não joga lixo na rua, não prejudica a natureza com um desmatamento desregrado, não suja os rios nem desperdiça a água, cuida da limpeza da sua cidade, fazendo a sua parte, não polui o ar com seu escapamento desregulado, nem com um som que incomoda os vizinhos, não atrapalha o trânsito nem causa tumulto e confusão por onde passa etc.  
       A Campanha da Fraternidade desse ano tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas, com o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27). O Papa Francisco, em sua mensagem para a Campanha da Fraternidade (CF) desse ano, explica: “Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam ‘o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição’ (Gaudium et spes, 74)”.
         “Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, deverão se esforçar os cristãos solicitados a entrarem na ação política por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho” (Paulo VI, Octogesima Adveniens, 46). Esse é um trabalho sobretudo dos leigos.
         “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política... não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça... não poderá firmar-se nem prosperar” (Papa Bento XVI, Deus caritas est, n. 28).
       “A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação... A fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente... Aberta à verdade, qualquer que seja o saber donde provenha, a doutrina social da Igreja acolhe-a, compõe numa unidade os fragmentos em que frequentemente a encontra, e serve-lhe de medianeira na vida sempre nova da sociedade dos homens e dos povos” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 9). 
  Mas, infelizmente, como pode acontecer e acontece, os temas da CF são às vezes manipulados e direcionados para a política, de tendência socialista e revolucionário, e favorecer ideologias heterodoxas, o que pode levar alguns a pensar equivocadamente que a Igreja é assim. “Abusus non tollit usum”, o abuso não impede o uso: pode-se usar de uma coisa boa em si, mesmo quando outros usam dela abusivamente. 
        Entre as manipulações possíveis do tema, está a de querer ressuscitar o viés marxista da Teologia da Libertação. Essa ideologia teológica surgiu como reação às escravidões sociais e econômicas, que todos lamentamos, mas muitas vezes enfatizou demasiadamente a linha social em detrimento da espiritual, tentando reduzir o Evangelho da salvação a um evangelho terrestre e, pior, dentro de uma análise marxista, com rejeição da doutrina social da Igreja. 
       Ao receber Bispos do Brasil em visita ad limina, em dezembro de 2009, o Papa Bento XVI recordou a “Instrução Libertatis nuntius da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, que sublinha o perigo que comportava a aceitação acrítica, realizada por alguns teólogos, de tese e metodologias provenientes do marxismo”. Bento XVI advertiu que as sequelas da teologia marxista da libertação “mais ou menos visíveis de rebelião, divisão, desacordo, ofensa, anarquia, ainda se fazem sentir, criando em suas comunidades diocesanas um grande sofrimento e grave perda de forças vivas”. Por essa razão, o Santo Padre exortou “aos que de algum modo se sintam atraídos, envolvidos e afetados no íntimo por certos princípios enganosos da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece com mão estendida”.
       O “trabalho político não é competência imediata da Igreja. O respeito de uma sã laicidade – até mesmo com a pluralidade das posições políticas – é essencial na tradição cristã autêntica. Se a Igreja começasse a se transformar diretamente em sujeito político, não faria mais pelos pobres e pela justiça, mas faria menos, porque perderia sua independência e sua autoridade moral, identificando-se com uma única via política e com posições parciais opináveis. A Igreja é advogada da justiça e dos pobres, precisamente ao não se identificar com os políticos nem com os interesses de partido. Só sendo independente pode ensinar os grandes critérios e os valores irrevogáveis, orientar as consciências e oferecer uma opção de vida que vai além do âmbito político” (Bento XVI, Aparecida, 13-5-2007, Disc. Inaug. do CELAM).

1º DIA DOS POBRES

              No próximo domingo, dia 19, por instituição do Papa Francisco, se celebrará o primeiro Dia Mundial dos Pobres, com o lema “Não amemos com palavras, mas com obras”, extraído, da frase da 1ª Carta de São João: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade” (1 Jo 3, 18). E o Papa Francisco explica: “Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo ‘discípulo amado’ até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos”.
         “Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens ‘cheios do Espírito e de sabedoria’ (6, 3), que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados e herdeiros do Reino dos céus”.
        “... ‘De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: ‘Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome’, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta’ (Tg 2,14-17)”.
        “Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!... Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia”.
        “Não esqueçamos que, para os discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de mais, uma vocação a seguir Jesus pobre. Pobreza significa um coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser imortal...”.
        “Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. O convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.
“Senhor, dai pão a quem tem fome/ e fome de justiça a quem tem pão!


FELIZ ANO NOVO DE PAZ!

        Em sua mensagem para a celebração do 48º Dia Mundial da Paz, amanhã, o Papa Francisco, dirigindo-se ao mundo todo, com o lema “Já não escravos, mas irmãos”, formula os seus ardentes votos de paz e apela a todos para que, respondendo à vocação comum de colaborar com Deus e todas as pessoas de boa vontade, promovam a concórdia e paz no mundo.
            Este tema, escolhido pelo Santo Padre, foi tirado da Carta de São Paulo a Filêmon, cuja leitura recomendo, onde o Apóstolo pede ao seu amigo Filêmon para acolher Onésimo, seu escravo, que tornou-se cristão, merecendo, por isso mesmo, ser considerado como um irmão. “Deste modo, a conversão a Cristo, o início duma vida de discipulado em Cristo constitui um novo nascimento (cf. 2 Cor 5, 17; 1 Ped 1, 3), que regenera a fraternidade como vínculo fundante da vida familiar e alicerce da vida social”.
Sendo filhos do mesmo Pai, “como irmãos e irmãs, todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as outras, cada qual com a própria especificidade e todas partilhando a mesma origem, natureza e dignidade. Em virtude disso, a fraternidade constitui a rede de relações fundamentais para a construção da família humana criada por Deus”.
O Papa lamenta: “Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade”, pois o pecado veio perturbar essa ordem criada por Deus: “Infelizmente, entre a primeira criação narrada no livro do Gênesis e o novo nascimento em Cristo – que torna, os crentes, irmãos e irmãs do ‘primogênito de muitos irmãos’ (Rom 8, 29) –, existe a realidade negativa do pecado, que interrompe tantas vezes a nossa fraternidade de criaturas e deforma continuamente a beleza e nobreza de sermos irmãos e irmãs da mesma família humana. Caim não só não suporta o seu irmão Abel, mas mata-o por inveja, cometendo o primeiro fratricídio”. Sendo assim, “os seres humanos não se tornam cristãos, filhos do Pai e irmãos em Cristo por imposição divina, isto é, sem o exercício da liberdade pessoal, sem se converterem livremente a Cristo. Ser filho de Deus requer que primeiro se abrace o imperativo da conversão”.
“Hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objeto. Quando o pecado corrompe o coração do homem e o afasta do seu Criador e dos seus semelhantes, estes deixam de ser sentidos como seres de igual dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser vistos como objetos. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim”.

       Só assim, teremos um Ano Novo de paz, vivendo a nossa filiação com Deus e nossa fraternidade com os irmãos. Feliz Ano Novo de Paz, como irmãos, filhos do mesmo Pai!

QUARESMA E FRATERNIDADE

              Hoje, quarta-feira de Cinzas, começa o importante tempo litúrgico da Quaresma, no qual a Igreja almeja que nos unamos mais intimamente ao Mistério Pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo, mistério que inclui sua Paixão, sua morte e sua gloriosa Ressurreição. A Campanha da Fraternidade, que acontece na Quaresma, tem como finalidade unir as exigências da conversão, da oração e da penitência com algum projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda.
            O tema da Campanha da Fraternidade desse ano é “Fraternidade e tráfico humano”, com o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1).
            A razão é que o tráfico humano está presente em todo o mundo e os cristãos não podem ficar insensíveis a essa triste realidade. Tráfico humano é toda comercialização de pessoas, ou seja, o uso de pessoas como se fossem coisas vendáveis, negociáveis. É uma forma de escravidão, um desrespeito grave à dignidade da pessoa humana. Pessoas são compradas e vendidas por dinheiro, para o prazer, para extração de órgãos ou como instrumento de corrupção. Segundo as Nações Unidas, de 800 mil a 2, 4 milhões de pessoas vivem traficadas hoje no mundo. E o Brasil não fica isento dessas escravidões. Pensemos especialmente nas crianças aliciadas e escravizadas como soldados mirins a serviço do tráfico de drogas.
            “O comércio de pessoas humanas constitui uma chocante ofensa contra a dignidade humana e uma grave violação dos direitos humanos fundamentais. Já o Concílio Vaticano II apontou ‘a prostituição, o mercado de mulheres e jovens e também as condições degradantes de trabalho, que reduzem os operários a meros instrumentos de lucros, sem respeitar-lhes a personalidade livre e responsável’ como ‘infâmias’ que ‘envenenam os que as cometem e constituem ‘uma suprema desonra ao Criador’ (GS 27)” (B. João Paulo II).
            “Insisto que o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades, que se dizem civilizadas! Exploradores e clientes de todos os níveis deveriam fazer um exame sério de consciência diante de si mesmo e perante Deus! Hoje a Igreja renova o seu apelo vigoroso a fim de que sejam sempre salvaguardadas a dignidade e a centralidade de cada pessoa, no respeito pelos seus direitos fundamentais, como ressalta a sua doutrina social... Num mundo em que se fala muito de direitos, quantas vezes é verdadeiramente espezinhada a dignidade humana! Num mundo onde se fala tanto de direitos, parece que o único que os tem é o dinheiro...” (Papa Francisco).

            Lutemos contra o trabalho escravo, contra a exploração de mulheres e crianças e contra o tráfico de órgãos, oferecendo nesta Quaresma nossas orações e sacrifícios por uma sociedade mais cristã e, consequentemente, mais humana e fraterna. 

AÇÃO DA IGREJA DO BRASIL


                Vez por outra se pergunta: “Afinal, o que faz a Igreja do Brasil, na sua ação evangelizadora, em prol da educação e da civilização?”
           Em carta apresentando a Campanha de Evangelização 2013, Dom Raymundo Damasceno Assis, Cardeal Arcebispo de Aparecida e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), explana a ação da Igreja católica no Brasil e no mundo, em sua missão e propagação do Evangelho, lembrando que no Brasil, a estrutura da Igreja Católica forma uma das maiores bases sociais para a população:
“Assim como o Apóstolo Paulo que evangelizou com amor e dedicação, somos chamados a evangelizar com esta grandiosa ação em nossas dioceses, paróquias e comunidades que promovem a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa Igreja é formada por homens e mulheres; jovens e idosos; religiosos e religiosas; leigos e leigas. Juntos, somos a maior instituição benfeitora e promotora de caridade do Brasil. Alimentamos quem tem fome e tratamos quem procura por nossos hospitais. Ninguém distribui mais alimentos do que nossa gente, o povo de Deus!”
 “Educamos mais alunos que qualquer outra instituição de ensino desse país, como as crianças em nossas creches e os idosos em nossos lares de convivência. Ninguém distribui mais bolsas para a educação do que nossos colégios e faculdades com mais de 2 milhões de alunos. Por isso, estamos presentes em todos os municípios do Brasil levando amor, unidade e esperança para todas as pessoas de fé, de todas as raças, guiados pela Boa Nova da verdade e da paz, sempre na defesa do bem e da dignidade da pessoa humana e firmes no propósito de evangelizar, como nos ordenou o Mestre”.
“Acolhemos milhões de pessoas em nossas casas, trazidas pela fé que anima a nossa Igreja. Nossos carismas são inspirados pelo Espírito Santo e estão presentes em mais de duzentas mil comunidades pregando o Evangelho, sob a intercessão e proteção de Maria, nossa Mãe e Mãe de todos os povos. Por isso, como batizados, somos convidados a favorecer cada vez mais o bem comum e colaborar com a nossa Igreja. Precisamos da sua ajuda. Venha dividir um pouco do que é só seu para multiplicar o que podemos fazer por todos”.

 “Lembre-se que há mais de 500 anos evangelizamos o Brasil, guiados pela nossa profissão de fé em Cristo Jesus. Nossas missões estão nos quatro cantos do país e do mundo. Enquanto todos já se esqueceram do Haiti, nossos missionários e nossas missionárias permanecem por lá ajudando quem necessita, sob o Evangelho de Jesus Cristo. Somos mais de 130 milhões unidos em uma só família: a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil. Este é o sinal que nos faz criar laços de comunhão fraterna, favorecendo uma Igreja presente e atuante em nossos tempos. E todos devem conhecer e colaborar com isso. É um compromisso de solidariedade e fraternidade com os nossos irmão e irmãs em Cristo!”  

FELIZ ANO NOVO DE PAZ!

            Em sua mensagem para a celebração do 47º Dia Mundial da Paz, hoje, o Papa Francisco toma como tema “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”.  Ele lembra que devemos ver nos outros não  “inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. E a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças, sobretudo, às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor”.
            Francisco lamenta a situação do mundo atual, “caracterizado pela globalização da indiferença, que lentamente nos faz habituar ao sofrimento alheio, fechando-nos a nós mesmos. Em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião. Exemplo preocupante disso mesmo é o dramático fenômeno do tráfico de seres humanos, sobre cuja vida e desespero especulam pessoas sem escrúpulos. Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos econômico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas.”
“A globalização, como afirmou Bento XVI, torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. As inúmeras situações de desigualdade, pobreza e injustiça indicam não só uma profunda carência de fraternidade, mas também a ausência duma cultura de solidariedade. As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do «descartável» que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados inúteis”.
“Surge espontaneamente a pergunta: poderão um dia os homens e as mulheres deste mundo corresponder plenamente ao anseio de fraternidade, gravado neles por Deus Pai? Conseguirão, meramente com as suas forças, vencer a indiferença, o egoísmo e o ódio, aceitar as legítimas diferenças que caracterizam os irmãos e as irmãs? Parafraseando as palavras do Senhor Jesus, poderemos sintetizar assim a resposta que Ele nos dá: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos (Mt 23, 8-9). A raiz da fraternidade está na paternidade de Deus”.
“A fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição. A cruz é o «lugar» definitivo de fundação da fraternidade que os homens, por si sós, não são capazes de gerar. Jesus Cristo, que assumiu a natureza humana para a redimir, amando o Pai até à morte e morte de cruz (cf. Fl 2, 8), por meio da sua ressurreição constitui-nos como humanidade nova, em plena comunhão com a vontade de Deus, com o seu projeto, que inclui a realização plena da vocação à fraternidade”.