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IDEOLOGIAS

 Embora tenha muitos significados, ideologia pode-se definir como um conjunto de ideias, doutrinas ou visões do mundo, no fundo falsas ou ilusórias, formando uma consciência errônea, que se reflete num modo errado de viver e agir.

            Há ideias e ações corretas no começo ou em parte, que podem infelizmente se tornar ideologias. Há muitos “ismos” que podem ser bons; mas há muitos que são ideologias. Cristianismo, catolicismo, civismo, catecismo, etc. são ideias boas. Já outros “ismos” nem tanto. Dou alguns exemplos

            Somos a favor da doutrina da criação do mundo, feita por Deus; mas não aderimos ao criacionismo, ideologia que defende erroneamente a interpretação literal da Bíblia como parâmetro da ciência.

            Podemos reconhecer algum valor em certas análises feitas por Friedrich Engels, recolhidas por Karl Marx; mas não podemos adotar o Marxismo, ideologia baseada no materialismo e na luta de classes, bases da ideologia comunista.

            Podemos aceitar certos postulados da teoria da evolução; mas não o evolucionismo, ideologia materialista que ensina a evolução total com a ausência do Criador. Engels e Marx utilizaram a teoria da evolução para propagar a ideologia materialista ateia do comunismo.

            Reconhecemos que a liberdade, o livre arbítrio, é um dos mais importantes dons de Deus a nós concedido, junto com a inteligência e a vontade. Mas o liberalismo, a exaltação exagerada da liberdade, é uma ideologia malsã.

            O capitalismo, quando significa a economia de mercado, ou seja, o sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada, da livre criatividade humana no setor da economia, submetido a parâmetros legais e morais, é aceitável; mas não o capitalismo, sinônimo de ganância e busca do lucro a qualquer preço, “avidez para o mero lucro econômico” (Papa Francisco), significando um sistema onde a liberdade no setor da economia se considera acima das leis morais e do respeito pela pessoa humana (cf. S. J. Paulo II, Cent. Annus, 42).

            No campo religioso, aceitamos com reservas os valores do mundo moderno; mas não adotamos o modernismo, ideologia condenada por São Pio X, como negadora das verdades da Fé.

O tradicionalismo, entendido como o apego sadio à Tradição, aos valores perenes a nós transmitidos, na fidelidade ao Magistério perene da Igreja, é bom e louvável. Por exemplo, a correta conservação, em comunhão com a Igreja, do antigo rito romano da Santa Missa, um tesouro litúrgico da Igreja, que santificou muitas gerações, usado pelos santos, e onde se preserva de modo especial a dignidade do sagrado. Os que procedem assim, e são muitíssimos no mundo inteiro, merecem o nosso louvor.

Mas o tradicionalismo que que não é fiel ao Magistério da Igreja e assim  não reconhece o Concílio Vaticano II como um dos Concílios Ecumênicos da Igreja Católica, nem aceita a sua doutrina “compreendida à luz da santa Tradição e referida ao perene Magistério da própria Igreja” (S. João Paulo II, 5/11/1979), levando em conta a qualificação teológica de cada documento, como foi estatuída pelo próprio Concílio (CDF 23/12/1982); que não aceita a validade do rito romano na forma atual quando celebrado corretamente; e que se considera exclusivamente como a verdadeira Igreja, transforma-se em uma ideologia perniciosa, heterodoxa e inaceitável.  

 

                                                                                 *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

                                                              São João Maria Vianney

                                                                         http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

ENFIM, A PAZ

       Após o período tumultuado das eleições, esperamos que reine agora a paz entre todos, para o bem comum da nação. Um dia, todos nós, descansaremos em paz, após a morte. Mas não essa a paz que almejamos agora: desejamos a paz da convivência e harmonia entre as pessoas, nas famílias, na sociedade, com respeito à consciência de cada um. 
          Na próxima sexta-feira, dia 2, faremos a comemoração de todos os fiéis defuntos, dos nossos falecidos, daqueles que estiveram conosco e hoje estão na eternidade, os “finados”, aqueles que chegaram ao fim da vida terrena e já começaram a vida eterna.  
         É tempo de reflexão sobre a humildade que devemos ter, sabendo que a morte nos igualará a todos. Todos compareceremos diante de Deus, para dar contas da nossa vida. Ali não haverá distinção entre ricos e pobres, entre reis e súditos, entre presidentes, parlamentares e magistrados e os cidadãos comuns, entre Papa, Bispo, Padres e simples fiéis. A distinção só será entre bons e maus, e isso não na fama, mas diante de Deus, que tudo sabe. 
        Olhemos a morte com os olhos da fé e da esperança cristã, não com desespero. Confiemos na misericórdia de Deus, que é nosso Pai, que nos enviou seu Filho, Jesus, que morreu por nós, para que não nos condenássemos, mas que tivéssemos a vida eterna.  
        “Deus não criou a morte e a destruição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou todas as coisas para existirem... e a morte não reina sobre a terra, porque a justiça é imortal” (Sb 1, 13-15). O pecado é que fez entrar a morte no mundo. Mas a esperança da ressurreição nos consola.
         Os santos encaravam a morte com esse espírito de fé e esperança. Assim São Francisco de Assis, no cântico do Sol: “Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem pode fugir. Ai daqueles que morrem em pecado mortal! Felizes dos que a morte encontra conformes à vossa santíssima vontade! A estes não fará mal a segunda morte”. “É morrendo que se vive para a vida eterna!”. Santo Agostinho nos advertia, perguntando: “Fazes o impossível para morrer um pouco mais tarde, e nada fazes para não morrer para sempre?”
        Quantas boas lições nos dá a morte. Assim nos aconselha São Paulo: “Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos” (Gl 6, 10). “Para mim o viver é Cristo e o morrer é um lucro... Tenho o desejo de ser desatado e estar com Cristo” (Fl 1, 21.23). “Eis, pois, o que vos digo, irmãos: o tempo é breve; resta que os que têm mulheres, sejam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; os que usam deste mundo, como se dele não usassem, porque a figura deste mundo passa” (1 Cor 7, 29-31). Diz A Imitação de Cristo que bem depressa se esquecem dos falecidos. O dia de Finados foi estabelecido pela Igreja para não deixarmos nossos falecidos no esquecimento.
          Três coisas pedimos com a Igreja para os nossos falecidos: o descanso, a luz e a paz. Descanso é o prêmio para quem trabalhou. O reino da luz é o Céu. E a paz é a recompensa para quem lutou. Que nossos falecidos descansem em paz e a luz perpétua brilhe para eles. Amém. 

CONSCIÊNCIA E RESPEITO


         Neste domingo, segundo turno das eleições, cumpriremos o dever cívico de votar. Não indico ninguém, mas faço algumas observações para ajudar a votar com consciência. Não estaremos elegendo um chefe de família ou um presidente de associação religiosa;para esses encargos, seriam exigidas outras qualidades, morais e espirituais.  E não julguemos que, para termos uma nação melhor, tudo será resolvido  pelo presidente, mas sim com a melhora de nós mesmos, de todos.

         Especialmente no caso da eleição do presidente, a escolha não sendo totalmente livre, pois só há dois candidatos, não sejamos fanáticos nem apaixonados: ambos têm graves defeitos e nenhum será o “salvador da pátria”. Também não sejamos cegos na escolha: muito mais do que a sua vida pessoal, observemos o seu passado político, suas companhias e os seus programas, há que se escolher no seu conjunto entre o que seria menos ruim e prejudicial ao país. 

            Quanto ao estado democrático de direito, a liberdade de imprensa, a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade, os candidatos já assinaram, a pedido da ABI, um termo de compromisso de que respeitarão esses direitos e garantias fundamentais, previstos na Constituição. Isso nos tranquiliza, mas só um pouco e temporariamente. Esperemos que cumpram esses compromissos e que os seus partidos os deixem cumprir, pois eles devem obediência aos seus programas e ideologias.

        Para um voto consciente, especialmente cristão, não se deve deixar impressionar pelas visitas demagógicas a Igrejas e entidades religiosas, por palavras de efeito, por elogios protocolares recebidos daqui e dali. É preciso examinar o programa de cada partido deles (candidatos a presidente e vice), pois eles seguirão esse plano, nas propostas claras sobre: aborto, educação, ideologia de gênero, família segundo o modelo criado por Deus, direito de propriedade, segurança, direitos humanos, defesa do cidadão honesto, apoio ao socialismo e comunismo, cuidado efetivo com os pobres através de um programa de estabilidade econômica com empregos e não apenas com assistencialismo, que deve existir apenas excepcional e temporariamente, como ajuda aos mais carentes, etc.
               Que o novo presidente traga segurança à sociedade. Sejamos contra a violência. Por isso, devemos excluir candidatos cujos partidos propõem a violência institucionalizada e ideológica como solução para os problemas sociais através da luta de classes em busca da ditatura do proletariado, no modelo socialista e comunista, conforme já nos advertiram os Papas; os que incentivam a invasão de terras alheias, contra o direito de propriedade; os que pretendem promover a erotização da infância e a dissolução da família; os que apoiam a prática de pecados contrários à lei natural. Não adianta se dizer contrário à violência, se se comete a pior delas, a corrupção, que prejudica violentamente toda a população, especialmente a mais carente, e, sobretudo, se se apoia a violência do aborto, chamado pelo nosso Papa Francisco de “nazismo de luvas brancas”.

               Sejamos a favor da democracia e contra a ditadura. Por isso não podemos sufragar candidatos, cujos partidos apoiam e ajudam as piores ditaduras totalitárias atuais, opressoras do povo, antidemocráticas e violadoras dos direitos humanos. 

               E um critério do senso comum: “Dize-me com quem andas e eu te direi quem és”. Observe os apoiadores do candidato, os candidatos a vice, possíveis substitutos dos titulares, suas ideologias e programas. 

            Mas, mesmo havendo diferenças entre nós, sempre, mas sobretudo nesse período conturbado das eleições, devemos cuidar para não ofender o nosso próximo nem prejudicar nossas relações fraternas e amigas, por causa de divergências políticas. Observemos em nosso proceder as normas que a consciência deve seguir, conforme nos ensina o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (375), especialmente a norma número 3: 1) jamais é permitido fazer o mal para que dele provenha um bem; 2) a chamada Regra de ouro: ‘Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós mesmos a eles’ (Mt 7, 12); 3) A caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da sua consciência, ainda que isso não signifique aceitar como um bem o que é objetivamente um mal”.

         Cada um siga, na hora de votar, a sua consciência bem formada, respeitando os que não pensam como nós, sem que isso implique em um juízo de valor sobre o seu voto ou posição.O respeito, a compreensão e a caridade são a base da boa convivência social.
         Lembramos que a salvação não vem da política e que o voto tem consequências, que envolverão a nossa responsabilidade.

UM POLÍTICO COERENTE

           A coerência é uma virtude cristã que deve penetrar todas as nossas ações e atitudes. Pensar, viver e agir conforme a nossa fé e nossas convicções cristãs. Caso contrário, seremos hipócritas e daremos um grande contra-testemunho do nosso cristianismo. A consciência é única e unitária, e não dúplice. Não se age como cristão na Igreja e como pagão fora dela.
Mas será já existiu um político cristão verdadeiramente coerente? Sim, ele existiu, e a Igreja o proclamou padroeiro dos Governantes e dos Políticos, exatamente porque soube ser coerente com os princípios morais e cristãos até ao martírio. O belo filme da sua vida, em português, intitula-se “O homem que não vendeu sua alma!”. Trata-se do mártir São Tomás More. Lorde Chanceler do Reino da Inglaterra, por não ter aceitado o divórcio e o cisma do rei Henrique VIII, foi condenado à morte por traição e decapitado em 1535. Preferiu perder o cargo e a vida a trair sua consciência.
 “O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de ambas as cidades [terrena e celeste], a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um. Mas não menos erram os que, pelo contrário, opinam poder entregar-se às ocupações terrenas, como se estas fossem inteiramente alheias à vida religiosa, a qual pensam consistir apenas no cumprimento dos atos de culto e de certos deveres morais. Este divórcio entre a fé que professam e o comportamento quotidiano de muitos deve ser contado entre os mais graves erros do nosso tempo” (Gaudium et Spes, 43).
O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo do País, mas traz um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência. “Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida ‘espiritual’, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura” (São João Paulo II, Christif. Laici, 59). 
 “Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, deverão se esforçar os cristãos solicitados a entrarem na ação política por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho” (Paulo VI, Octogésima Adveniens, 46). “Também para o cristão é válido que, se ele quiser viver a sua fé numa ação política, concebida como um serviço, não pode, sem se contradizer a si mesmo, aderir a sistemas ideológicos ou políticos que se oponham radicalmente, ou então nos pontos essenciais, à sua mesma fé e à sua concepção do homem...” (idem, 26).
Possa o exemplo de Santo Tomás More ensinar aos governantes e políticos, atuais e futuros, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida. 

O MAL DA CORRUPÇÃO

           A corrupção é considerada pela ONU o crime mais dispendioso de todos, causa de muitos outros. A corrupção propicia a ocupação de cargos por pessoas indignas, manobras políticas, compra de votos, licitações desonestas, o desvio, a malversação e o desperdício do dinheiro público, a impunidade, o tráfico de drogas, a sua veiculação nos presídios etc.
Certa vez, um rei perguntou aos seus ministros a causa de o dinheiro público não chegar ao seu destino como quando saiu da sua fonte. Um ministro mais velho, sentado na outra cabeceira da mesa, tomou uma grande pedra de gelo e pediu que a passassem de mão em mão até o Rei. Quando a pedra lá chegou estava bem menor. O ministro então disse: é essa a explicação: “passa por muitas mãos e sempre deixa alguma coisa”.  
         “Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado; aquele que busca a corrupção será por ela cumulado. O ouro abateu a muitos... Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula... Quem é esse homem para que o felicitemos? Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito está reservada uma glória eterna:... ele podia fazer o mal e não o fez” (Eclo 31, 5-10). São palavras de Deus para todos nós.
Ao ler o título desse artigo, pensa-se logo nos políticos. Mas há muita gente, fora da política, que se enquadra nesse título: quantos exploradores da coisa pública, quantos sugadores do Estado, que não são políticos! Aí se enquadram todos os profissionais ou amadores que se corrompem pelo dinheiro.  Quem vota por dinheiro é corrupto. Quem vota apenas por emprego próprio é corrupto. Quem corre atrás dos políticos para conseguir benesses espúrias é corrupto. 
O Papa Francisco tem insistido sobre a diferença entre pecado e corrupção, entre o pecador e o corrupto. Segundo ele, pecadores somos todos nós, mas o corrupto é aquele que deu um passo a mais: perdeu a noção do bem e do mal. Já não tem mais o senso do pecado. Os corruptos fazem de si mesmos o único bem, o único sentido; negando-se a reconhecer a Deus, o sumo Bem, fazem para si um Deus especial: são Deus eles mesmos. O Papa lembrou que São Pedro foi pecador, mas não corrupto, ao passo que Judas, de pecador avarento, acabou na corrupção. “Que o Senhor nos livre de escorregar neste caminho da corrupção. Pecadores sim, corruptos, não.” (Homilia, 4/6/2013).
A Igreja proclamou padroeiro dos Governantes e dos Políticos São Tomás More, “o homem que não vendeu sua alma”, exatamente porque soube ser coerente com os princípios morais e cristãos até ao martírio. Advogado, Lorde Chanceler do Reino da Inglaterra, preferiu perder o cargo com todas as suas regalias e a própria vida a trair sua consciência.
No atual clima de corrupção e venalidade que invadiu o sistema social, político, eleitoral e governamental, possa o exemplo de Santo Tomás More ensinar aos políticos, atuais e futuros, e a todos nós, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida. 

COERÊNCIA NA POLÍTICA

            A coerência é uma virtude cristã que deve penetrar todas as nossas ações e atitudes. Pensar, viver e agir conforme a nossa fé e nossas convicções cristãs. Caso contrário, seremos hipócritas e daremos um grande contra-testemunho do nosso cristianismo. A consciência é única e unitária, e não dúplice. Não se age como católico na Igreja e como pagão fora dela.
“O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de ambas as cidades [terrena e celeste], a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um. Mas não menos erram os que, pelo contrário, opinam poder entregar-se às ocupações terrenas, como se estas fossem inteiramente alheias à vida religiosa, a qual pensam consistir apenas no cumprimento dos atos de culto e de certos deveres morais. Este divórcio entre a fé que professam e o comportamento quotidiano de muitos deve ser contado entre os mais graves erros do nosso tempo” (Gaudium et Spes, 43).
O ensinamento social da Igreja não é uma intromissão no governo de cada País. Não há dúvida, porém, que põe um dever moral de coerência aos fiéis leigos, no interior da sua consciência, que é única e unitária. “Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida ‘espiritual’, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura” (João Paulo II, Christif. Laici). 
 “Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, deverão se esforçar os cristãos solicitados a entrarem na ação política por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho” (Paulo VI, Octogésima Adveniens, 46).
 “Também para o cristão é válido que, se ele quiser viver a sua fé numa ação política, concebida como um serviço, não pode, sem se contradizer a si mesmo, aderir a sistemas ideológicos ou políticos que se oponham radicalmente, ou então nos pontos essenciais, à sua mesma fé e à sua concepção do homem...” (cf. Paulo VI, Octogésima Adveniens, 26).
A Igreja proclamou São Tomás Moro padroeiro dos Governantes e dos Políticos, exatamente porque soube ser coerente com sua posição católica até ao martírio.
       Nesse clima de corrupção e venalidade que invadiu o nosso sistema político, eleitoral e governamental, possa o exemplo de Santo Tomás More ensinar aos nossos governantes e políticos, atuais e futuros, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida. Isso se aplica aos políticos, aos candidatos e a nós eleitores: voto não se vende nem se compra: mas tem grandes consequências. Use o critério moral e cristão na hora de votar.