O MURO DE BERLIM

           Domingo passado, dia 9 de novembro, ao menos um milhão de alemães reuniram-se em Berlim para comemorar os 25 anos da derrubada do muro, erguido pelos comunistas, que, durante 28 anos, dividiu a Alemanha. Muitíssimos fugitivos, tentando escapar do regime comunista para o mundo ocidental, - é claro, pois ninguém quis passar de cá para lá - perderam a vida, na tentativa de atravessar a barreira de 154 km de extensão. Nos números oficiais, 137 alemães morreram tentando atravessá-la e outros 5.000 conseguiram furar o seu bloqueio. Na minha coleção de pedras, guardo como “relíquia” um pedaço do destruído muro de Berlim.
     A queda do “muro da vergonha” simbolizou a falência do comunismo, como regime econômico e ideológico. Estavam presentes nas comemorações o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, o ex-presidente polonês Lech Walesa, considerados personagens-chave do processo que levou ao fim do comunismo europeu. Mas, ausentes em corpo, presentes, porém, na memória do mundo, deveriam ser homenageados outros personagens que contribuíram para isso, como Ronald Reagan, Margareth Thatcher e, especialmente, São João Paulo II.
            S. João Paulo II, em 1991, fazia a pergunta: “Após a falência do comunismo, pode-se dizer que o sistema social vencedor é o capitalismo e que para ele se devem encaminhar os esforços dos países que procuram reconstruir as suas economias e a sua sociedade?” E ele mesmo responde: “Se por ‘capitalismo’ se indica um sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da consequente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade humana no setor da economia, a resposta é certamente positiva, embora talvez fosse mais apropriado falar de ‘economia de mercado’, ou simplesmente de ‘economia livre’”.
            Mas então a Igreja aprova simplesmente o chamado “capitalismo liberal e selvagem”? O próprio João Paulo II ensina: “Se por ‘capitalismo’ se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético e religioso, então a resposta é sem dúvida negativa” (Enc. Cent. Annus, 42).

         Se despreza a Deus e sua lei na economia, o capitalismo se equivale na maldade ao comunismo: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes no último século, erro destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como inclusive dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus... O sistema marxista, onde governou, não só deixou uma triste herança de destruições econômicas e ecológicas, mas também uma dolorosa destruição do espírito. E o mesmo vemos também no ocidente, onde cresce constantemente a distância entre pobres e ricos e se produz uma inquietante degradação da dignidade pessoal com a droga, o álcool e as sutis miragens de felicidade” (Bento XVI, Aparecida, Discurso inaugural). 

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