Domingo passado celebramos
Nossa Senhora das Dores ou Nossa Senhora da Piedade, padroeira da Pastoral da
Sobriedade, como mãe que chora e sofre por tantos filhos extraviados pelas
drogas e outras dependências. Quantas famílias destruídas e atingidas por esse
sofrimento!
Considerando que 25% da população brasileira está, direta
ou indiretamente, ligada ao fenômeno das drogas, e que cada vez mais cedo os
adolescentes entram em contato com elas, carregando consigo, em média, quatro
outras pessoas, chamadas de codependentes, membros da família e amigos, a
Pastoral da Sobriedade, instituição da Igreja do Brasil, como uma atuação
especial diante desse problema, vem prestando nesse setor imenso benefício à
sociedade, como ação concreta na prevenção e recuperação da dependência
química.
Trata-se de uma ação
pastoral conjunta que busca a integração entre todas as Pastorais, Movimentos,
Comunidades Terapêuticas, Casas de Recuperação para, através da pedagogia da fé
e da ciência, usando a terapia de grupo, resgatar e reinserir os excluídos, conduzindo
a uma mudança de vida através da conversão. A Pastoral da Sobriedade nos propõe
a libertação da dependência das drogas, do álcool, dos vícios, das manias, das
compulsões e pecados, ajudando a resgatar valores, numa transformação de vida e
valorização da pessoa humana. Como Bispo referencial dessa Pastoral no Estado
do Rio de Janeiro, desejo que se institua em todas as paróquias essa benéfica
instituição da Igreja.
Aqui, na região de Campos, em
Cajueiro, distrito de São João da Barra, temos um excelente apoio à Pastoral da
Sobriedade: a Comunidade Refúgio, um centro de tratamento terapêutico para a
recuperação dos dependentes químicos. Precisamos da ajuda de todos para que essa
comunidade se mantenha e possa continuar a fazer o bem a essas pessoas.
Nas reuniões semanais da
Pastoral da Sobriedade, instituída em quase todas as Paróquias brasileiras,
incutem-se, através do convencimento, as virtudes humanas e cristãs, base da
serenidade e da sobriedade. Virtude é a disposição habitual e firme para fazer
o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si:
tender ao bem, procura-lo e escolhe-lo na prática. As virtudes humanas são atitudes
firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade
que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão
e a fé. Facilitam, assim, e nos ajudam a ter domínio e alegria para levar uma
vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem. As
virtudes morais são adquiridas humanamente. São os frutos e os germes de atos
moralmente bons; dispõem todas as forças do ser humano para entrar em comunhão
com Deus.
Entre as
virtudes humanas está a temperança, ou sobriedade, virtude
moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos
bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os
desejos nos limites da honestidade, gerando a paz.
A PASTORAL DA SOBRIEDADE vem
nos propor a libertação das dependências das drogas, ou o correto uso da
liberdade que Deus nos deu: “Comportai-vos como homens livres, e não à maneira
dos que tomam a liberdade como véu para encobrir a malícia” (S. Pedro - 1Pd 2,
16). “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da
liberdade como pretexto para prazeres carnais” (São Paulo - Gl 5, 13).
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