A SOBRIEDADE


 “Sede sóbrios e vigiai!” nos aconselha São Pedro (1 Pd 5, 8). A sobriedade, sinônimo de temperança, é a virtude cristã que nos ensina o equilíbrio no uso das coisas deste mundo, a moderação sobre a atração pelos prazeres e o domínio da vontade sobre os nossos instintos, mantendo os nossos desejos dentro dos limites da honestidade.
Daí a necessária vigilância. A pessoa sóbria ou temperante orienta para o bem seus apetites sensíveis, guarda uma santa discrição e “não se deixa levar a seguir as paixões do coração” (Eclo 5,2). “Não te deixes levar por tuas paixões e refreia os teus desejos” (Eclo 18,30), nos fala a Sagrada Escritura. Ademais, o combate contra o nosso “eu” possessivo e dominador é a vigilância, a sobriedade do coração (cf. CIC 1809, 2730).
Mas, muitas vezes, é difícil vencer sozinho nossas más tendências, principalmente quando já criaram raízes. Precisamos da ajuda dos outros. Foi por isso que a Igreja criou a Pastoral da Sobriedade, um organismo da CNBB, iniciativa de Dom Irineu Danelon, como uma ação concreta da Igreja na prevenção e recuperação das dependências, sobretudo a química. É a resposta prática da Igreja a esse terrível problema pessoal, familiar e social.
            Conforme as estatísticas, 25% da população brasileira está, direta ou indiretamente, ligado ao fenômeno das drogas. Os adolescentes e jovens acabam cada vez mais cedo entrando em contato com as drogas, levando consigo seus familiares e amigos, os chamados co-dependentes. A Pastoral da Sobriedade procura formar os Agentes da Sobriedade para atuar na prevenção e recuperação deles, ajudando os seus familiares e amigos.Estamos agora diante de um fenômeno de grandes proporções e terrível, não só pelo elevado número de vidas interrompidas, mas também pelo aumento alarmante do contágio moral, que já há muito tempo chegou até mesmo aos muito jovens, como é o caso – não raro, infelizmente - de crianças forçadas a se tornarem traficantes de drogas e tornarem-se, com os seus pares, eles próprios consumidores... Por isso, às famílias tocadas pela provação, quero dizer: ‘Não se desesperem! Ao contrário, rezem comigo, para que se multipliquem esses bons samaritanos que atuam na estrutura pública. Bem como os grupos de voluntariado, entre os cidadãos comuns e os responsáveis pelo povo, e que se forme assim uma frente compacta que se empenhe sempre mais não só na Prevenção e na Recuperação dos toxicodependentes, como também em denunciar e perseguir legalmente os traficantes da morte e em desbaratar as redes de desagregação moral e social’” (João Paulo II, na VI Conferência Internacional do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, 25/11/1991).
            E, graças a Deus, anualmente milhares de jovens e adultos se recuperam de suas dependências através da Pastoral da Sobriedade. Você também é convidado a dela participar e a oferecer sua ajuda. Você também vai se beneficiar com essa terapia natural e sobrenatural. Todos precisamos de sobriedade!

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