O BEBÊ E A ÁGUA DO BANHO

          Tem havido ultimamente insultos à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que me atingem também, pois dela faço parte por ser Bispo católico, pela graça de Deus, em plena comunhão com a Santa Igreja. A CNBB é o conjunto dos Bispos do Brasil que, exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território (CIC cân. 447).  Conforme explicou São João Paulo II na Carta Apostólica Apostolos suos, é “muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”. “O Espírito Santo vos constituiu Bispos para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue” (At 20, 28).       
            Quero deixar bem claro que, por ser Bispo da Santa Igreja Católica, dou minha adesão a tudo o que ensina o seu Magistério, nas suas diferentes formas e na proporção da exigência de suas expressões doutrinárias, sem restrições mentais ou subterfúgios.
Em matéria de política ou questões sociais, minha posição é a da Doutrina Social da Igreja. Por isso, defendo a subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus, a dignidade da pessoa humana, a busca do bem comum, a atenção especial aos pobres, a rejeição do socialismo e do marxismo, nas suas diferentes formas, o direito de propriedade, o princípio da subsidiariedade e os legítimos direitos humanos, principalmente a defesa da vida desde a concepção até o seu término natural.
Ademais, ainda na questão agrária, compartilho com a posição de São João Paulo II quando ensinou: “É necessário recordar a doutrina tradicional de que a posse da terra ‘é ilegítima quando não é valorizada ou quando serve para impedir o trabalho dos outros, visando somente obter um ganho que não provém da expansão global do trabalho humano e da riqueza social, mas antes de sua repressão, da exploração ilícita, da especulação e da ruptura da solidariedade no mundo do trabalho’ (Centesimus Annus 43). Mas recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que ‘nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 30). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas” (Discurso aos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, na sua visita ad limina, 21março de 1995).
            Assim, quem quer que defenda partidos ou grupos que pregam a revolução social, a luta de classes, o igualitarismo total, a negação do direito de propriedade e a ideologia de gênero, não me representa nem pode falar em meu nome nem em nome da Igreja.
Ademais, conforme ensina a Igreja, como Bispo, quero ter sempre uma “prudente solicitude pelo bem comum” (Laborem exercens, 20), “não estou ligado a qualquer sistema político determinado” (Gaudium et Spes, 76), não me intrometo no trabalho político, “por este não ser competência imediata da Igreja”, “nem me identifico com os interesses de partido algum”, ensinando, porém, os grandes critérios e os valores irrevogáveis, orientando as consciências e oferecendo uma opção de vida que vai além do âmbito político” (Bento XVI, Aparecida, 13-5-2007, Disc. Inaug. do CELAM).
Defendo a mesma posição do Catecismo da Igreja Católica quando diz: “Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos” (n. 2442).
Compartilho também com a posição do Papa Bento XVI, hoje emérito, quando ensinou que “a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo...” (Caritas in Veritate, 9).
É claro que, na crise atual, há quem não siga nessa matéria o critério do Magistério da Igreja. Mas são vozes fora do caminho, mesmo que muitas. Não se pode apoiá-las.
            Se há pessoas na Igreja que não seguem seus ensinamentos, temos a obrigação de não segui-las e, se tivermos ciência e competência para tal, de respeitosamente manifestar isso aos Pastores da Igreja (CIC cânon 212, §3), ressalvando a reverência que lhes é devida.  
            É nesse último ponto que pecam gravemente alguns que se intitulam católicos. Na ânsia de defender coisas corretas, perdem o respeito devido às autoridades da Igreja e as desprestigiam, para alegria dos inimigos dela.
Junto com o combate ao erro, até querendo fazer o bem, acabam destruindo a autoridade, com ofensas, exageros, meias verdades e até mentiras, caindo assim em outro erro. A meia verdade pode ser pior do que a mentira deslavada.
Não quero dizer que não existam os erros que combatem. O que é preciso é evitar as generalizações, ampliações e atribuições indevidas e injustas, onde acontecem faltas ou excessos. A justiça e a caridade, mesmo no combate, são imprescindíveis. Qualquer pessoa não católica que lesse certos sites e postagens de alguns católicos críticos, injuriando os Bispos e autoridades da Igreja, certamente iria raciocinar: “é impossível que tais pessoas sejam católicas, pois não se fala assim da própria família!”.

Como diz o provérbio: “Não se pode jogar fora o bebê, junto com a água suja do banho!”.

29 comentários:

  1. A bênção, D Rifan!
    O questionamento do Revmo Arcebispo tem total fundamentação: não se pode generalizar as críticas aos Revmos bispos da CNBB, pois alguns como os Revmos D Fernando Rifan, D Henrique Soares, D Rossi Keller, D Aldo Pagotto, D Murilo Krieger, D José Cardoso Sobrinho, esse saneador da Arquidiocese de Olinda e Recife, D Manuel Pestana que censurava a direção da CNBB, em cartas a D Luciano Mendes, dentre mais, tidos como conservadores, são otimamente cotados nas redes, idem os falecidos D Oppermann e D Luiz Bergonzini etc., muito bem relembrados na net, apenas recebem elogios, enquanto outros, mais da direção da CNBB são duramente criticados; seriam progressistas, suspeitos de se associarem ao socialismo.
    Há alguns sacerdotes conservadores que também fazem parte das reprimendas, de forma melhor detalhada, respeitando as atribuições proporcionais a cada um, apesar de algumas generalizadas, por infelizmente a CNBB passar para o público a ideia de representar a Igreja no Brasil e, ao que parece não o é; os Revmos Bispos são autônomos e nem todos concordam com certas atuações de sua direção, como no caso da "Reforma Politica", tal como está, apoiada pelo PT e mais como:
    PT/ TL/FORO DE S PAULO.
    OAB – Defensora dos Black Blocs
    CUT e sindicatos, todos ligados ao PT.
    LBL – Liga Brasileira das Lésbicas
    GGB, GLBT e mais Grupos gays
    MST/MTST – invasores de propriedades.
    UNE – dos estudantes invasores de reitorias e das drogas.
    VC – Via Campesina, similar ao MST
    MMC – Movimento de mulheres Camponesas. idem ao acima
    MEP – Movimentos Evangélicos Progressistas(Comunistas), tipo Marina Silva.
    RNFSDR – Grupos Feministas e pró aborto etc., sendo cerca de 100 grupos, todos de viés esquerdista.
    É bom frisar que no relativismo protestante a situação é muito pior: há seitas que apoiam frontalmente o PT, como a TMI, ABB, IURD-PRB, do "evangélico" pentecostalista pró aborto Edir Macedo, e há diversas acusações mutuas de renomados pastores até de pertença à maçonaria, sem contarem os ataques por outros motivos de inserção em "heresias"; além de o sectarismo protestante das 30 001 seitas é também um balaio-de-gato doutrinário devido ao livre arbítrio!
    O estranho da direção da CNBB é nunca se indispor contra um governo marxista do PT, perseguidor da Igreja, nunca o interpela quanto à relativização promovida de permitir a perversão da sociedade via novelas carregadas de mensagens anticatólicas, os BBBs da vida etc.; a recente PJ rendeu-lhe muitas censuras ao apresentar um grupo com foto de Che Guevara em meio a 2 bispos, e os seus dirigentes laicos serem ostensivos defensores do comunismo, como sua secretaria Aline Ogliari, e daí para frente.
    A meu ver, há diversos blogs que são especialistas em increpar a CNBB de forma inadequada e bastante contundente, considerada por eles como berço e pilar do social-comunismo no Brasil desde sua fundação, via D Hélder e sucessores .

    ResponderExcluir
  2. Concordo com Dom Rifan quando fala de alguns sites católicos totalmente críticos a CNBB e ao papa Francisco. É preciso ter cuidado, no entanto, devemos pedir ao Espírito Santo que ilumine a sua igreja.

    ResponderExcluir
  3. Dom Rifan, sua benção!

    Fico contente do Sr. de pronunciar inequivocamente contra o marxismo e contra o socialismo, mas o Sr., como a maioria dos conservadores no Brasil, confunde DOUTRINA e ESTRATÉGIA.

    Os marxistas que nos dominam há 50 anos, e os esquerdistas que controlam a CNBB desde sua fundação, usam a estratégia da GUERRA ASSIMÉTRICA: um dos lados tem o direito absoluto de usar qualquer coisa, por mais vil e criminosa que seja, sem nenhum compromisso moral ou legal, ao mesmo tempo que AMARRA as mãos do adversário com os mesmos compromissos morais e legais que ignora. É a estratégia de Collot d'Herbois, em 1792, na França: "tudo é permitido a quem age a favor da revolução".

    Estamos onde estamos porque mesmo bons bispos aceitaram -- muitas vezes sem saber -- as regras dessa guerra assimétrica imposta pelo adversário. E assim os católicos aprenderam a "respeitar" hereges. Mas isso é respeito humano, e é o primeiro passo para irmos para o inferno.

    Não podemos aceitar essa estratégia. Temos que tratá-los como pagãos, e expulsá-los dos cargos que ocupam. Do contrário, levarão incontáveis almas à perdição eterna.

    ResponderExcluir
  4. Dom Fernando Rifan . \fico feliz de sabar o que o sr pensa mas como pode deixar que dentro da CNBB de pregue a Reforma Politica que o PT quer? O sr viu o vídeo onde o frei David ( Daniel Seidel) prega a revolução armada na PUC de Goiás em 24.04.15?
    ( Ver blog de Felipe Moura Brasil). Nenhum brasileiro católico quer isto. Então, como a Igreja está colhendo assinaturas para esta Reforma Bolivariana no Brasil? Como isto aconteceu na CNBB ? Ela não me representa mais. Infelizmente.

    ResponderExcluir
  5. Prezado e amado Bispo sua benção!
    Fico muito feliz e me sinto fortalecido por vossas palavras, pois compartilho da mesma opinião. Que Deus possa iluminar cada dia mais o coração do povo Brasileiro, da Terra de Santa Cruz.

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  7. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

      Excluir
  8. As posições da CNBB são deveras preocupante aponto de alertar todas as grandes comunidades católicas. Um protocolo de intenções repleto de apoio de instituições político partidário e grupos radicais e muito pouco debatido e pouco discutido dentro da Igreja. CNBB estaremos bem atentos !!!

    ResponderExcluir
  9. A bênção, D Rifan!
    O fratresinunum republicou o excelente artigo do Revmo D Rifan, achando eu que dos 51 comentários, diversos foram incondizentes, imerecida e gravemente insultuosos ao Revmo Bispo, avessos às posições pessoais apresentadas sempre em pessoa e em diversos anteriores posters e, se estivesse na direção da vermelha CNBB - nem todos os bispos compartilham dela - e ainda protetora do PT-PSDB - irmão siameses - não compartilharia das decisões pró ideologistas, nem ao menos deixaria de os denunciar, ou mesmo renunciar ao cargo, pois para altos hierárquicos católicos pactuar com comunistas é sinônimo de anuência às suas ideologias, além de lançar o rebanho às feras.
    O mesmo se dá com, quem sabe, na rede, 98% dos católicos excomungarem o Vaticano II - gravíssimo erro - pois foi válido quanto todos os outros; apenas foi infiltrado de maçons, Bugnini & Ass., comunistas e protestantes e, com a mídia globalista favorável, fraudam documentos, decisões e criaram até um tal de "espírito do Concilio" para discriminá-lo, como se a Igreja antes dele fosse uma maravilha e após ele, na sua essência, deteriorasse-se; esses mesmos grupos montaram a TL e seguida pelos sucessores e apoiadores de D Hélder, sempre na direção da CNBB: socialismo incutido sob forma de doutrina católica imanentizada, tipo eco-humanismo etc..

    ResponderExcluir
  10. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  11. Uma instituição que se diz Católica: mas que permite o uso de publicações da campanha da fraternidade com apologias ao aborto (Católicas pelo direito de decidir); que promove, também em campanha da fraternidade o panteísmo, enquanto os evangélicos estavam nas ruas protestando contra a pregação a favor da prostituição nos livros escolares, então não posso aceitar que seja uma instituição Católica. Chegamos ao ponto, ou se é Católico ou cnbbista.

    ResponderExcluir
  12. Continuando o anterior

    A seguir o e-mail que enviei a amigos abordando alguns pontos da sua carta

    Eu estou com o que diz o Dom Rifan. Comungo com ele em género, número e pessoa !.

    Mas, daí a "comungar" com a CNBB vai um passo gigantesco, um abismo quase intransponível.

    O que diz a CNBB? Ninguém sabe. O que se passa lá dentro é secreto. É como se os bispos fossem os donos da Igreja e nós, os leigos, fossemos os escravos, sem direito a manifestar a nossa opinião. Ou então, eles que são "todo" Vaticano II, ainda não compreenderam o que é a Igreja.

    Diz o Dom Rifan que há erros lá dentro, que há pessoas (bispos) que seguem um caminho errado. Isto é um mal, mas não é aqui que está o Mal. O Mal é que estes que estão errados acabam por ser aqueles que mandam. O que transparece para fora é o erro, como por exemplo, este desejo de propor uma reforma política que, de tão esdrúxula e de matiz tão comunizante, nem sequer pôde ser discutida na Assembleia Geral. A reforma não é da CNBB: é de meia dúzia de Bispos que os outros aceitam como que hipnotizados.

    Lembram-se de que a CNBB tomou a iniciativa, por proposta do PT, de fazer campanha contra a dívida do Brasil que devia ser anulada? A CNBB abriu os templos para lá se recolherem as assinaturas (o que o Bispo do Rio de Janeiro, o Cardeal Dom Eugénio Salles, proibiu, sem conseguir impedir). A CNBB nem fazia ideia do "veneno" que estava a propor! Pouco tempo depois o PT ganhou o poder. O PT anulou a dívida que antes estava a propor, quase exigir? Isso é para os tolos, leia-se católicos, se "queimarem"

    O Mal é que os Bispos, talvez por espírito corporativo, deixam que os lobos revestidos de bispos, comandem.

    O Mal está, por exemplo, que a CNBB faça um acordo com Marta Suplicy para que a famigerada proposta de Lei 122 seja aprovada. Quando ela faz isso, o que espera? Que nós digamos "ainda bem" ou que nós ataquemos a CNBB por todos os modos e feitios? Atacando a CNBB atacamos também os Bispos bons? Nós não sabemos quais os bispos que apoiaram esse acordo ou deixaram de apoiar. Se eles se sentem injustamente atacados que digam qual foi a posição que tomaram.

    Enfim, parece-me que Dom Rifan tem uma parte de razão. Porém, parte dos ataques que sofrem é de sua culpa, dele e de outros bispos que se deviam impor para tomar o caminho que, de modo exemplar, o Dom Rifan indica no início da sua carta. Enquanto eles não tomam esta posição, ainda bem que a CNBB é atacada pelos leigos. Isso mostra que a Igreja no Brasil ainda sabe a doutrina e está viva.

    Gostava de ter tido mais tempo para responder mais cabalmente a Dom Rifan. Os erros são tantos! Graças a Deus, eles chocam-me, acabrunham-me, mas passam; esqueço-os. Antes, manifestava o meu desacordo, mas hoje não, porque a CNBB é um “casulo” impenetrável: nada lá entra, nada sai de lá ! Eles pensam que os leigos não existem. Não são reais, são virtuais.

    ResponderExcluir
  13. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  14. São removidos os comentários que jogam fora o bebê junto com a água suja do banho.

    ResponderExcluir
  15. Alguns questionam a diferença entre o que diz Dom Fernando Rifan e o que dizia antes o Padre Rifan.
    Isso já foi muitas vezes explicado por Dom Fernando. O que Dom Fernando ensina hoje está de acordo com o Magistério da Igreja, critério de verdade para todo o católico. No passado, na situação irregular em que estava, muitas afirmações foram feitas que não estavam de acordo com a doutrina do Magistério da Igreja e necessitavam ser corrigidas ou melhoradas, o que tem feito Dom Fernando. Querer jogar o Padre Rifan contra Dom Rifan seria o mesmo que querer jogar São Paulo, quando foi contra a circuncisão, contra o mesmo São Paulo que depois circuncidou Timóteo.
    Aliás, em postagem anterior (A conservação hoje da Missa na forma tradicional), Dom Fernando Rifan já explicou muito bem isso.

    ResponderExcluir
  16. Aliás, em postagem anterior (A conservação hoje da Missa na forma tradicional), Dom Fernando Rifan já explicou muito bem isso. Vejam alguns trechos:
    Mas, há que se reconhecer e lamentar que, às vezes, em sua adesão e resistência, fizeram-se críticas ilegítimas à reforma litúrgica e se foi além dos limites permitidos pela doutrina católica.
    Muitas vezes, na ânsia de defender coisas corretas e sob pressão dos ataques dos opositores, mesmo com reta intenção podem-se cometer erros e exageros que, após um período de maior reflexão, devem ser retificados e corrigidos. São Pio X comentava que no calor da batalha é difícil medir a precisão e o alcance dos golpes. Daí acontecerem faltas ou excessos, compreensíveis, mas incorretos. Erros podem ser compreendidos e explicados, mas não justificados. Santo Tomás de Aquino nos ensina: “Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção”.
    Por essa razão, em carta ao Papa de 15/8/2001, os sacerdotes da antiga União Sacerdotal São João Maria Vianney, agora constituída pelo Papa em Administração Apostólica, escreveram: "E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da verdade católica, cometemos algum erro ou causamos algum desgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção tenha sido sempre a de servir à Santa Igreja, humildemente suplicamos o seu paternal perdão".
    É preciso sempre ajustar a prática com os princípios que defendemos. Se reconhecemos as autoridades da Igreja é preciso respeitá-las como tais, sem jamais, ao atacar os erros, desprestigiá-las. Se houve algum erro ou exagero no passado quanto a isso, não há nada de mais em se corrigir o erro. Os princípios, a adesão às verdades da nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igreja continuam os mesmos. O que é preciso é evitar as generalizações, ampliações e atribuições indevidas e injustas. A justiça e a caridade, mesmo no combate, são imprescindíveis. Se houve alguma falha também nesse ponto, corrigir-se não é nenhum desdouro. Afinal, errar é humano, perdoar é divino, corrigir-se é cristão e perseverar no erro é diabólico.

    ResponderExcluir
  17. Continuando:
    Naquela difícil situação na qual sofremos perseguições e injúrias, houve também da nossa parte comportamentos e afirmações dissonantes das normas e ensino da Igreja, das quais já nos penitenciamos e que corrigimos. Tais exageros e atitudes erradas com relação ao Magistério e à hierarquia da Igreja infelizmente serviram para aumentar a separação entre nós e a autoridade diocesana, provocando suas penas canônicas e destituições. Essas afirmações e atitudes, - estávamos em outras circunstâncias e em outro contexto diferente do atual -, devemos examina-las e retifica-las à luz do Magistério perene e vivo da Igreja, que é o critério de verdade, ortodoxia e comportamento para o católico. Se hoje, comparada com as anteriores, mudamos alguma atitude nossa, foi para nos adequarmos às orientações do Magistério. Alguns podem erroneamente pensar que o que foi feito, dito ou vivido num período de exceção e irregularidade seja o ideal e o normal para um católico. Não! O normal para todo católico é viver de acordo com o Magistério vivo da Igreja, unido e submisso à sua hierarquia. Não se pode apelar para aqueles antigos comportamentos ou afirmações dissonantes do Magistério, como argumento de terem sido adotados antes, como se tais atitudes ou afirmações fossem os únicos critérios de verdade, infalíveis e nunca passíveis de correção e melhor expressão. Quantos santos, mesmo doutores da Igreja, não erraram em doutrina e em comportamento! Por isso, nos ensina Santo Tomás de Aquino que “devemos nos apoiar, antes, na autoridade da Igreja do que na de Agostinho, de Jerônimo ou de qualquer outro doutor” (Summa Theologica, II-II, q. 10, a. 12).
    A maioria desses erros era cometida não pela falta de reta intenção, mas pela má direção nos ataques, porque hoje continuamos a combater esses erros, agora, porém, na direção correta. É preciso sempre ajustar a prática aos princípios que defendemos. Se reconhecemos as autoridades da Igreja, é necessário respeitá-las como tais, sem jamais, ao atacar os erros, desprestigiá-las. Os princípios, a adesão às verdades da nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igreja continuam os mesmos. O que se deve evitar são as generalizações, ampliações e atribuições indevidas e injustas. Muitas vezes, na ânsia de defender coisas corretas e sob pressão dos ataques dos opositores, mesmo com reta intenção podem-se cometer erros e exageros que, após um período de maior reflexão, devem ser retificados e corrigidos. Erros podem ser compreendidos e explicados, mas não justificados.

    ResponderExcluir
  18. Para os que têm bom espírito e boa fé, poucas explicações são necessárias.
    Para os que não têm, nenhuma explicação é possível nem será jamais suficiente.

    ResponderExcluir
  19. D. Fernando. Sua bênção. Participo da comunidade de N Sra do Perpétuo Socorro de Volta Redonda, embora more em Barra Mansa. Infelizmente não consigo comentar em seu Facebook. O faço aqui. Compartilhei em meu perfil este seu artigo pedindo-lhe perdão caso tenha cometido algum excesso. O sr tem total razão. Peço que Deus, infinito em misericórdia e em justiça, lhe guarde, proteja e lhe conceda no futuro a morada eterna.

    ResponderExcluir
  20. Dom Fernando,minha reverencia. Conte com todo meu apoio e minhas orações!
    Sua Benção!

    ResponderExcluir
  21. Dom Fernando, o senhor é um homem valoroso. Dom Roberto é um comunista que já usou a homilia para fazer propaganda ideológica socialista. Sem falar de outros bispos. O senhor poderia comentar sobre estes assuntos específicos.

    ResponderExcluir
  22. PARTE 1: A CNBB, em notas oficiais, institucionalmente falando, em temas como: 1) impeachment; 2) reforma previdenciária; 3) greve geral; 4) reforma agrária, não atentou contra a fé e a moral. Atenção, não estou dizendo sobre posicionamentos pessoais em entrevistas com bispos isolados, pois alguns possuem sim um viés pela esquerda, e estão em pecado grave). Vejamos os pontos ditos: 1) Impeachment: em nota oficial a CNBB não fechou os olhos para a corrupção do PT, veja o que disse: “Neste momento, mais uma vez, o Brasil se defronta com uma conjuntura desafiadora. Vêm à tona escândalos de corrupção sem precedentes na história do país. É verdade que escândalos dessa natureza não tiveram início agora; entretanto, o que se revela no quadro atual tem conotações próprias e impacto devastador. São cifras que fogem à compreensão da maioria da população. Empresários, políticos, agentes públicos estão envolvidos num esquema que, além de imoral e criminoso, cobra seu preço”. E a CNBB disse que o processo do crime de responsabilidade deveria seguir os trâmites legais, não disse que não era para não ter o processo de impeachment e nem que foi golpe: “Uma das manifestações mais evidentes da crise atual é o processo de impeachment da Presidente da República. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”.
    2) Reforma previdenciária: a CNBB é contra a reforma previdenciária por entender que os direitos previdenciários são direitos sociais e assim estão protegidos pela cláusula pétrea e pelo princípio da vedação ao retrocesso (efeito non cliquet): “O Art. 6º. da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que a Previdência seja um Direito Social dos brasileiros e brasileiras. Não é uma concessão governamental ou um privilégio. Os Direitos Sociais no Brasil foram conquistados com intensa participação democrática; qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”.
    Com efeito, esta é uma manifestação válida, ninguém se torna comunista por defender o princípio da vedação ao retrocesso dos direitos sociais, particularmente, a única reforma previdenciária que acredito ser necessária é a exigência da idade na aposentadoria por tempo de contribuição, pois o Brasil está atrás do resto do mundo nisso, está mais benéfico em comparação aos outros países. Poder-se-ia dizer que a CNBB não quer defender os direitos do povo, mas sim em atrapalhar o novo governo, mas não foi isso que ela disse: “O debate sobre a Previdência não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária, sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses.”

    ResponderExcluir
  23. PARTE 2: 3) Greve geral: não é correto dizer que a CNBB aprova a quebradeira causada pela greve, em nota ela diz que: “Na afirmação dos bispos está a orientação de que esses momentos sejam marcados pelo respeito à vida, ao patrimônio público e privado, fortalecendo a democracia”. A finalidade da greve, na visão da CNBB, é para que haja um maior estudo e debate, pois acredita que muitas reformas estão sendo tomadas sem o estudo necessário: “O movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer participar, quer dar sua contribuição. Reformas de tamanha importância não podem ser conduzidas sem esse amplo debate”.
    4) Reforma agrária: Paulo VI disse na carta encíclica carta encíclica populorum progressio que: “Uma reforma agrária improvisada pode falhar o seu objetivo”. Veja que a crítica foi feita à reforma agrária improvisada, então nem toda reforma agrária é erro. Bento XVI, na caritas in veritatis nos alerta que não se deve esquecer a reforma agrária: “Ao mesmo tempo não deveria ser transcurada a questão de uma equitativa reforma agrária nos países em vias de desenvolvimento”. E vejamos a nota técnica da Santa Sé sobre: De facto, ao considerar as numerosas questões relacionadas com a reforma agrária e com o desenvolvimento rural, é oportuno recordar o princípio imutável de que "Deus destinou a terra e tudo o que ela contém para o uso de todos os h
    omens e de todos os povos", como critério inspirador e partilhado de uma ordem social e económica capaz de envolver e motivar cada membro da família humana”.

    ResponderExcluir
  24. PARTE 3: Por fim, importa sabermos se é lícito que um católico lute com um partido de viés comunista, pelas reformas sociais, irei citar a interpretação de alguns teólogos – estes são de antes do CVII – sobre o decreto contra o comunismo de 1949. Primeiramente, impende salientar que a excomunhão só se destina a quem profere a doutrina materialista e anticristã do comunismo, podendo incorrer em pecado grave, mas não em excomunhão quem favorece o comunismo, mas sem ser um ateu, nessa linha está Pe. Del Greco: “Aqueles que somente se inscrevem e apoiam o comunismo ou suas organizações...pecam, mas não serão, por isto, considerados apóstatas, nem incorrem nesta censura. Aertnys e Damen na mesma inha: “não caem sob excomunhão os simples filiados aos partidos comunistas; estes, de fato, não constituem seita apostática, ou herética, ou ateísta, mas política.” Pe. Heriberto Jone aduz quando haverá a excomunhão: “os liberais, os socialistas e os comunistas são hereges quando perfilham as doutrinas errôneas dos partidos. No L´Osservatore saiu uma nota bem didática: “Incorrem ipso facto na excomunhão reservada à Santa Sé os fiéis que professam a doutrina materialista e anticristã dos comunistas ou a propagam”.

    ResponderExcluir
  25. Parte 4: Passado o ponto anterior é necessário adentrarmos no apoio do católico aos partidos comunistas, visando as reformas sociais: a nota acima do L´Osservatore complementa dizendo que: “não poucos católicos sustentam o comunismo com o seu sufrágio nas eleições, com seu dinheiro dado à imprensa comunista, com seu apoio nas discussões sociais ou políticas, sem querer com isso aderir à doutrina materialista e anticristã do comunismo. Por isso, estes não caem sob a excomunhão”. Jean Villain aduz sobre como o católico pode apoia um partido comunista: “mas, precisamente para não favorecê-lo, precisamos guardar-nos de tomar sistematicamente o partido oposto à sua ação quando ele tiver adotado objetivos concordes com as exigências cristãs, tais como a paz ou certas reformas sociais, neste caso será conveniente realizar, por vias paralelas, campanhas com os mesmo fins”. Emmanuel Mounier elenca até os requisitos dessa participação nas lutas sociais com os comunistas, elencarei o requisito da possível participação: “Na ação prática, são possíveis convergências, quanto a objetivos precisos e limitados, com o partido comunista, mas sob a condição de não enfeudar-se a seu sistema, de fato ou em consentimento.” Jean-Yves Calvez também está nessa linha: A proibição de favorecer os partidos comunistas não exclui, evidentemente, a possibilidade de colaborar com eles no plano de programas políticos, econômicos ou sociais...” Charbonneau nos lembra uma regra de ouro, que por coincidência, citou sobre a América do Sul: "Na América do Sul, onde a necessidade e urgência das reformas é tão grande que a Igreja não pode omitir-se, sendo assim levada a apoiar certas teses defendidas pelos comunistas locais, como aplicar o princípio da não-colaboração? Esquecer-se-ia aqui a regra fundamental de S. Ambrósio: Tudo o que é verdade, por quem quer que seja dito, vem do Espírito Santo".

    ResponderExcluir
  26. PARTE 5: Não é demais lembrar que o Cân. 447 do código de direito canônico diz que: A Conferência episcopal, instituição permanente, é o agrupamento dos Bispos de uma nação ou determinado território, que exercem em conjunto certas funções pastorais a favor dos fiéis do seu território, a fim de promoverem o maior bem que a Igreja oferece aos homens, sobretudo por formas e métodos de apostolado convenientemente ajustados às circunstâncias do tempo e do lugar, nos termos do direito.
    Com isso, não se está dizendo que a CNBB sempre irá proferir a perene doutrina católica, pois não são os bispos que gozam da infalibilidade, como nos diz Tihammer Toth: " Qual será então essa autoridade infalível ? O conjunto dos bispos ? Também não : porque, si individualmente eles não são infalíveis, tomados em conjunto também não o são". Mas também bem seu que é impossível haver um obscurecimento da fé católica, conforme a bula Auctorem Fidei. Apesar disso, também não há fundamento em descartarmos uma conferência episcopal, conferência esta que, por sinal, foi criada em 1959. O que se propõe é que se analise detidamente se o posicionamento da CNBB, oficial, está em consonância com a doutrina católica, pois, muitas das vezes, há equívocos, ora tomam uma entrevista com um bispo isoladamente, como o posicionamento da CNBB, ora imaginam que a CNBB está apoiando o comunismo quando apoia reformas sociais.

    ResponderExcluir
  27. PARTE 6: Em resumo: Os comunistas pegaram as bandeiras da doutrina social da Igreja e alguns confundem dizendo ser bandeira comunista, como é o caso da terra, moradia e trabalho. Até mesmo Bento XVI, por exemplo, foi favorável à reforma agrária, e Bento, quando prefeito da congregação da doutrina da fé, era apelidado de Rottweiler de Deus, dada a sua rigidez doutrinária, sendo q qnd cardeal exigiu silêncio de Boff. A questão é só uma: defender a doutrina social da Igreja n é ser comunista, se os comunistas pegaram a bandeira católica, desconsiderem isso, a questão é q n se pode parar de lutar pelas causas sociais só pq o comunismo está usando este artifício, isso seria pueril. E o Santo Padre já nos alertou: "É estranho, mas se falo disto para alguns o Papa é comunista. Não se compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, casa e trabalho, aquilo pelo que lutais, são direitos sagrados. Exigi-lo não é estranho, é a doutrina social da Igreja. Medito sobre cada um deles, porque os escolhestes como palavra de ordem para este encontro".

    Um adendo: há católicos que dizem que a condenação da excomunhão para quem profere a doutrina materialista e anticristã do comunismo acabou, malgrado, o comunismo é uma apostasia, assim, suponho que permanece vigente a condenação, haja vista que no CDC a heresia, apostasia e o cisma são punidos com excomunhão latae setentiae.

    Dom Fernando Rifan, se eu escrevi algo contrário à fé católica, por favor, corrija!

    ResponderExcluir

Seu comentário é muito bem vindo. Que Deus o abençõe.