O ministério da misericórdia de Jesus, que
recebia e perdoava os pecadores, continuará até o final dos séculos, através da
Igreja. Ele perdoou até a mulher flagrada em adultério. Mas lhe disse uma importante
palavrinha no final: “Vai, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8, 11). Ao
paralítico curado Jesus admoestou: “Não peques mais, para que não te aconteça
coisa pior” (Jo 5, 14). O perdão é condicionado ao arrependimento e ao
propósito de não mais pecar.
Muito se tem falado das minorias. Mas há aqueles que o
Cardeal Timothy Dolan, de Nova Iorque, chamou de “novas minorias”: “A Igreja
precisa acolher uma ‘nova minoria’: os fiéis que vivem em santidade... Poderia eu sugerir que há
uma nova minoria no mundo, e até mesmo na Igreja? Estou pensando naqueles que,
confiando na Graça e Misericórdia de Deus, se esforçam para viver na virtude e
na fidelidade, - dado o fato de que, apenas na América do Norte, apenas metade
dos casais que se casam procuram a Igreja para contrair o Sacramento do
Matrimônio; casais que, inspirados pelo ensinamento da Igreja, afirmam que o
casamento é para sempre, e perseveram nas provações; casais que
recebem o Dom divino de ter vários filhos; homem e mulher jovens que optam por
não viver juntos antes do Matrimônio; um homem 'gay' ou uma lésbica que querem
viver em castidade; um casal que decidiu que ela vai desistir de uma carreira
promissora para ficar em casa e criar seus filhos. – Essas maravilhosas pessoas
muitas vezes se sentem como uma minoria em seu ambiente cultural, sim, – e às
vezes até mesmo dentro da Igreja! Eu acho que há muito mais pessoas do que
pensamos nestas situações, mas, dada a enorme pressão dos nossos tempos, eles
muitas vezes se sentem excluídos. Onde podem buscar apoio e incentivo? Na TV? Nas revistas
ou jornais? Em quais filmes? Nos espetáculos como os da Broadway? Nos colegas?
Não! Eles olham para a Igreja e para nós, procurando por apoio e incentivo, pela
sensação calorosa de serem parte de uma comunidade. E nós [Igreja] não podemos
decepcioná-los!”.
Eles merecem toda a nossa atenção, incentivo, oração e apoio.
E não seria para eles um desalento, uma tentação até, se os equiparássemos, ou
mesmo os preteríssemos àqueles que, por fraqueza e falta desse heroísmo não
levaram até o fim o seu casamento, àqueles que aderem à cultura do descartável,
àqueles que querem consolar sua consciência com a aprovação da Igreja, mas sem
abandonarem o seu estado pecaminoso? Não seria um desestímulo para essa “nova
minoria” a concessão de benefícios ilícitos a esses que não querem deixar o
pecado?
O
Papa S. João Paulo II, na Familiaris Consortio (n. 84), falando sobre a
não admissão dos divorciados recasados à mesa eucarística, além do motivo de
seu estado e condições de vida contradizer objetivamente aquela união de amor
entre Cristo e a Igreja, acrescenta outro peculiar motivo pastoral: “se se
admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão
acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”. O Papa
pensava nas novas minorias, os que querem ser fiéis à Igreja, que poderiam
ficar confusos.