Em
sua mensagem para o 50º dia mundial da Paz, que se celebra no próximo dia 1º de
janeiro, sob o título “A não-violência: estilo de uma política para a paz”, o
Santo Padre, o Papa Francisco, formula seus votos de paz aos povos e nações do
mundo inteiro, aos chefes de Estado e de governo, aos responsáveis das
Comunidades Religiosas e das várias expressões da sociedade civil, rezando para
que “a imagem e semelhança de Deus em cada pessoa nos permitam reconhecer-nos
mutuamente como dons sagrados com uma dignidade imensa”, insistindo que
“sobretudo nas situações de conflito, respeitemos esta dignidade mais profunda
e façamos da não violência ativa o nosso estilo de vida”.
“Desejo deter-me na não-violência como
estilo duma política de paz, e peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a
inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores
pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos
uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. Quando
sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os
protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz.
Desde o nível local e diário até ao nível da ordem mundial, possa a
não-violência tornar-se o estilo caraterístico das nossas decisões, dos nossos
relacionamentos, das nossas ações, da política em todas as suas formas”.
A guerra e a vingança
não são a solução: “A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado.
Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a
migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de
recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do
dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da
grande maioria dos habitantes da terra. No pior dos casos, pode levar à morte
física e espiritual de muitos, se não mesmo de todos”.
“O próprio Jesus
viveu em tempos de violência. Ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde
se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: ‘Porque é do interior do
coração dos homens que saem os maus pensamentos’ (Mc 7, 21). Mas,
perante esta realidade, a resposta que oferece a mensagem de Cristo é
radicalmente positiva: Ele pregou incansavelmente o amor incondicional de Deus,
que acolhe e perdoa, e ensinou os seus discípulos a amar os inimigos (cf. Mt 5,
44) e a oferecer a outra face (cf. Mt 5, 39). Quando impediu,
aqueles que acusavam a adúltera, de a lapidar (cf. Jo 8, 1-11)
e na noite antes de morrer, quando disse a Pedro para repor a espada na bainha
(cf. Mt 26, 52), Jesus traçou o caminho da não-violência que
Ele percorreu até ao fim, até à cruz, tendo assim estabelecido a paz e
destruído a hostilidade (cf. Ef 2, 14-16). Por isso, quem
acolhe a Boa Nova de Jesus, sabe reconhecer a violência que carrega dentro de
si e deixa-se curar pela misericórdia de Deus, tornando-se assim, por sua vez,
instrumento de reconciliação, como exortava São Francisco de Assis: A paz que
anunciais com os lábios, conservai-a ainda mais abundante nos vossos corações”.