“O Espírito
Santo instituiu os Bispos para governar a
Igreja de Deus”
(São
Paulo,
em Atos 20,28)
A respeito da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil
(CNBB), têm surgido ultimamente entre os católicos muitos
questionamentos, alguns,
justificados pela retidão e merecedores de explicação, outros,
agressivos,
carentes de espírito católico e respeito, que perdem assim
toda a credibilidade.
Reunida recentemente em sua 56ª Assembleia Geral (56ª AG), a
própria CNBB fez
diversos pronunciamentos, que cito entre aspas, procurando
elucidar algumas
dúvidas, às quais acrescento algumas elucidações, dirigidas
aos católicos de
boa vontade.
O QUE NÃO É A CNBB:
Uma Conferência Episcopal, como a CNBB, não faz
parte da hierarquia da Igreja como tal, que é formada pelo
Papa e pelos Bispos
em comunhão com ele. A Conferência, instituição eclesiástica, não existe
para
anular o poder dos Bispos, instituição divina. Não confundir
Conferência Episcopal
com o Episcopado ou Colégio dos Bispos, sucessor do Colégio
Apostólico, de
instituição divina.
A
Conferência Episcopal não tem poder hierárquico sobre os
Bispos. Quem tem poder
sobre eles é o Papa, que se comunica com eles através da
Nunciatura
Apostólica.
O
Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos
“efeitos paradoxais
do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio) do papel
do Bispo, na
realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o risco
de ser sufocada
pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre
mais organizadas,
com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No
entanto, não devemos
esquecer que as conferências episcopais... não fazem parte da
estrutura indispensável
da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente uma
função prática,
concreta”. É, aliás, continua, o que confirma o Direito
Canônico, que fixa os
âmbitos de autoridade das Conferências, que “não podem agir
validamente em nome
de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos bispos
tenham dado o seu
consentimento”, e quando não se trate de “matérias sobre as
quais haja disposto
o direito universal ou o estabeleça um especial mandato da Sé
Apostólica”. E
recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o autêntico doutor e
mestre da Fé
para os fiéis confiados aos seus cuidados”. “Nenhuma
Conferência Episcopal tem,
enquanto tal, uma missão de ensino: seus documentos não têm
valor específico,
mas o valor do consenso que lhes é atribuído pelos bispos
individualmente”.
“O
grupo dos bispos unidos nas Conferências depende, na prática,
para as decisões,
de outros grupos, de comissões específicas, que elaboram
roteiros
preparatórios. Acontece, além disso, que a busca de um ponto
comum entre as
várias tendências e o esforço de mediação dão lugar, muitas
vezes, a documentos
nivelados por baixo, em que as posições precisas são
atenuadas”. E ele recorda
que, em seu país, existia uma Conferência Episcopal já nos
anos 30: “Pois bem,
os textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que
vieram
individualmente de prelados corajosos. Os da Conferência, no
entanto, pareciam
um tanto abrandados, fracos demais com relação ao que a
tragédia exigia” (Ratzinger,
A Fé em crise, IV).
Portanto,
não se pode nem se deve atribuir à CNBB responsabilidade e
poderes que ela não
tem.
ENTÃO,
O QUE É A CNBB? QUE IDEIA
DEVEMOS FAZER DELA?
“A Conferência dos Bispos, organismo
permanente, é a reunião
dos Bispos de uma nação..., que exercem conjuntamente certas
funções pastorais
em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o
maior bem que a
Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e
modalidades de
apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e
lugar, de acordo
com o Direito” (C.D.C. cânon 447). Por isso, por
ser uma
obra da Igreja, merece o nosso especial respeito e
consideração.
“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) é a
instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja
Católica no País...;
nela, conjuntamente, eles exercem funções pastorais e
dinamizam a missão
evangelizadora... . Respeitadas a competência e
responsabilidade de cada
membro, quanto à Igreja universal e à própria Igreja
particular, cabe à CNBB,
como expressão peculiar do afeto colegial, fomentar a comunhão
entre os membros...,
ajudar os Bispos no seu ministério para o benefício de todo o
povo de Deus,
concretizar o afeto colegial e facilitar o relacionamento de
seus membros,
sendo espaço de diálogo, ajuda fraterna e de encorajamento
recíproco....,
estudar assuntos de interesse comum, promover a ação
evangelizadora, exercer o
magistério doutrinal e a atividade legislativa, segundo as
normas do
direito..., representar o Episcopado brasileiro junto a outras
instâncias,
inclusive a civil” (Estatutos art. 1º e 2º).
A
natureza das conferências episcopais foi exposta na Carta
Apostólica Apostolos
suos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus
Dominus do
Concílio Vaticano II, que considera “muito conveniente que, em
todo o mundo, os
Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em
assembleia, para
que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de
opiniões,
resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das
Igrejas”. Ensina
ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a natureza
da Igreja... Assim
como a Igreja é una e universal, assim também o Episcopado é
uno e indiviso,
sendo tão extenso como a comunidade visível da Igreja e
constituindo a
expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento
visível dessa unidade é
o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.
“Nós,
Bispos da Igreja Católica, sucessores
dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma fraternidade
sacramental e em
comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos constitui um
colégio a serviço da
Igreja (cf. Christus
Dominus, 3). O
nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências
Episcopais,
expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio
Vaticano II, na Lumen
Gentium, 23, atribui o surgimento
das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam
estabelecidas em todos os
países em que está presente a Igreja” (56ª AG - Mensagem ao
Povo de Deus).
O respeito devido aos
Bispos, sucessores dos Apóstolos, se estende também, de certa
maneira, à
Conferência dos Bispos.
No
dia da ordenação dos Bispos, foi dirigida ao povo de Deus essa
exortação: “Deveis
honrá-lo como ministro de Cristo e dispensador dos mistérios
de Deus...
Lembrai-vos das palavras de Cristo aos Apóstolos: “quem vos
ouve, a mim ouve;
quem vos despreza, a mim despreza, e quem me despreza,
despreza aquele que me
enviou”.
A CNBB É UM
GRUPO
IDEOLÓGICO, UMA ONG, FAVORÁVEL A ALGUM PARTIDO POLÍTICO?
Não. “A CNBB não se
identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As
ideologias levam a
dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo
numa espécie de
ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo;
por outro, viver
entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos
outros e
considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete
et Exsultate, n. 100-101)”
“A Igreja fundada por Cristo
é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do
Filho e do
Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela
(cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por
isso, não é
possível compreender a Igreja simplesmente a partir de
categorias sociológicas,
políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de
Deus, o corpo de
Cristo, e o templo do Espírito Santo” (56ª AG - Mensagem ao
Povo de Deus).
POR QUE A CNBB TEM
MENSAGENS POLÍTICAS E SOCIAIS?
“A Igreja não pode nem deve
tomar nas suas próprias mãos a batalha política... não pode
nem deve se colocar
no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à
margem na luta pela
justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação
racional e deve
despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça... não
poderá firmar-se
nem prosperar” (Papa Bento XVI, Deus caritas est, n.
28).
“Em sua missão
evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira,
pautando sua
atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente pela
Doutrina
Social da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl 5,6); por
isso, a Igreja, a
partir de Jesus Cristo, que revela o mistério do homem,
promove o humanismo
integral e solidário em defesa da vida, desde a concepção
até o fim natural.
Igualmente, a opção preferencial pelos pobres é uma marca
distintiva da história
desta Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção
preferencial pelos
pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se
fez pobre por nós,
para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus
Cristo que a Igreja
se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles ela toca a
própria carne
sofredora de Cristo, como exorta o Papa Francisco”.
“Ao assumir posicionamentos pastorais em
questões
sociais, econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do
Evangelho. A
Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para
pronunciar o seu
juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os
direitos fundamentais
da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf.
Gaudium et Spes,
76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar
quando a vida é
ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a
violência
instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos, nos
configuraremos a Jesus
Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt 5,11)”
(56ª AG - Mensagem
ao Povo de Deus).
MAS BISPOS DA CNBB TOMAM
ÀS VEZES POSIÇÕES E ATITUDES NÃO CONDIZENTES COM A DOUTRINA
SOCIAL DA IGREJA!
“A Conferência Episcopal,
como instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por
palavras ou ações
isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua
liturgia e
doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos”
(56ª AG - Mensagem
ao Povo de Deus).
O mesmo se diga dos
organismos ou instituições não episcopais, vinculadas à CNBB
para lhe prestar
colaboração específica: essas instituições “podem
pronunciar-se ou agir tão
somente em nome próprio, não em nome da CNBB, sempre em
consonância com
eventuais pronunciamentos da CNBB” (Estatutos art. 12 §2º).
E O QUE DIZ A CNBB SOBRE OS ABUSOS
LITÚRGICOS QUE
ACONTECEM EM VÁRIAS IGREJAS DO BRASIL?
Dom Armando Bucciol,
presidente da Comissão Episcopal Pastoral de Liturgia da CNBB,
falando em nome
da Conferência, explicou: “Antes
de tudo, o que
mais precisa a respeito da liturgia é entender seu sentido
teológico e
espiritual para torna-la momento forte, marcante e
transformador na vida do
cristão”, reforçando que quem viver a liturgia iluminado
pela presença e força
do Espírito Santo não precisa procurar expressões do que ele
chamou de “criatividade
selvagem”. “Ninguém é dono da liturgia, mas seu
servidor”. “Bastar
viver com intensidade e autenticidade a nobre beleza do rito
liturgia latina
que nós celebramos”.
No
pronunciamento oficial da
Comissão para a Liturgia - “Reflexões e orientações sobre
Liturgia e
Evangelização, com o objetivo de tornar as nossas celebrações
litúrgicas
‘simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da
Igreja e a fonte de
onde promana toda a sua força’ (SC 10) e verdadeiros momentos
de evangelização
e autênticas experiências de encontro com Jesus Cristo” -
declarou:
“A
Evangelização consiste em propor caminhos para que as pessoas
se encontrem com
Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e participem do evento da
Páscoa do Senhor.
Ser Igreja e estar na Igreja é possível somente por ele e para
ele... A
expressão consagrada na SC 9, ‘liturgia ápice e fonte da vida
cristã’, não é
retórica nem modismo, mas afirmação basilar que não permite
que a liturgia seja
instrumentalizada ou banalizada. Liturgia não é ‘mídia’, não
está a serviço de
outra realidade que não seja o Mistério Pascal que fundamenta
a nossa fé... A
sagrada liturgia não esgota toda a ação da Igreja, porque os
homens, antes de
poderem participar na liturgia, precisam ouvir o apelo à fé e
à conversão” (SC
9).
“Um dos sinais mais eloquentes da
manifestação do sagrado serão as comunidades reunidas em
oração, para celebrar
a Liturgia e para louvar e agradecer ao Senhor. O Papa Bento
XVI reconheceu que
‘a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia
bem celebrada.
Por sua natureza, a liturgia possui uma eficácia pedagógica
própria para
introduzir os fiéis no conhecimento do mistério celebrado’ (Sacramentum Caritatis,
64)”.
“Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora
da Igreja no Brasil, escreve-se que vivemos envolvidos num
‘mundanismo sob
vestes espirituais e pastorais’, com ‘celebrações litúrgicas
que tentem mais à
exaltação da subjetividade do que à comunhão com o Mistério...
Por isso, nós
pastores... devemos avaliar, com
sabedoria e competência, e discernir se os ritos que se
celebram em nossas
comunidades – e o modo como são celebrados – facilitam ou
dificultam a
Evangelização... Não podemos supor que o povo seja ainda
profundamente cristão
(se é que tenha sido no passado). Porém, recusamos acreditar
que o ‘remédio’
consista em enfeitar – para não dizer mascarar - as celebrações litúrgicas
para torna-las mais
charmosas e chamativas...”
“O caminho mais seguro é ... tornar as
nossas celebrações dignas, bonitas, coerentes e fiéis ao
espírito da liturgia”
(Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
- pronunciamento na 56ª AG 2018).
E A ACUSAÇÃO DE QUE A
CNBB ESTARIA FAVORECENDO O ABORTO?
A
posição da CNBB quanto ao
aborto é claríssima, a mesma do Magistério da Igreja, já
manifestada em
diversas e numerosas ocasiões. Por exemplo:
NOTA DA CNBB PELA VIDA
CONTRA O ABORTO - “Não matarás, mediante o aborto, o fruto do
seu seio” (Didaquê,
século I). “A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua
Presidência,
reitera sua posição em defesa da integralidade,
inviolabilidade e dignidade da
vida humana, desde a sua concepção até a morte natural.
Condena, assim, todas e
quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no
Brasil”.
“O direito à vida é
incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer
etapa ou condição
em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida
permanece, na sua
totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase
terminal, para a
pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e
também para aquela
que ainda não nasceu....”
“A defesa incondicional da
vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana,
encontra o seu
sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé...”
“Neste tempo de grave crise
política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos
mais vulneráveis da
sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do
nascituro está entre as
mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto
e compromisso
ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que,
atropelando o
Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma
função que não
lhe cabe, que é legislar”.
“O direito à vida é o mais
fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer
outro, deve ser
protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não
uma concessão do
Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e
defendê-lo. O
Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do Nascituro”, em
tramitação no Congresso
Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve
ser urgentemente
apreciado, aprovado e aplicado. Não compete a nenhuma
autoridade pública
reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a
alguns e negando-o a
outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; ‘causa
horror só o pensar que
haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do
aborto’. São imorais
leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de
agir contra a sua
consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática
do aborto” (11 de
abril de 2017).
Não cabe, pois,
a menor dúvida sobre
a posição doutrinária da CNBB com relação ao aborto.
E A ACUSAÇÃO DE QUE, COM
A CAMPANHA DA FRATERNIDADE, A CNBB TERIA AJUDADO UMA ONG
ABORTISTA?
A Campanha da
Fraternidade, que acontece
na Quaresma, tem como finalidade unir as exigências da
conversão, da oração e
da penitência com algum projeto social, na intenção de
renovar a vida da Igreja
e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas
específicos, tratados
sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior
participação nos
sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo,
especialmente dos mais
necessitados da nossa ajuda.
Da coleta para a Campanha da
Fraternidade,
feita no Domingo de Ramos, 60% fica nas Dioceses, para as suas
próprias obras
sociais (Fundo Diocesano de Solidariedade).
40% desta coleta ajuda a formar o Fundo
Nacional de Solidariedade, criado para prestar um serviço à
caridade, financiando
projetos beneficentes, que lhe são apresentados, com a
recomendação de um
Bispo, e examinados pelo Conselho Gestor.
“O Fundo Nacional de Solidariedade é
fruto
da Campanha da Fraternidade, iniciativa da Conferência
Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) que, desde 1964, convida os católicos, no
período quaresmal, a
refletir e agir sobre a situação dos mais pobres e
vulneráveis, à luz da
Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja... O gesto de
colaborar com a
Coleta no Domingo de Ramos foi uma expressão de sua
espiritualidade quaresmal.
Assim, sua vivência dos valores do Evangelho se materializou
em recursos para o
financiamento de projetos sociais em nosso país. Queremos,
pois, em nome de
todos os que serão beneficiados por essa coleta,
expressar-lhes nossa gratidão,
ao mesmo tempo em que nos dispomos a lhes prestar alguns
esclarecimentos” (Conselho
Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração
feita na 56ª AG da
CNBB).
“Anualmente, é publicado um edital, com
as
exigências que devem ser observadas por aqueles que apresentam
projetos. O
edital dos anos anteriores está disponível no site.
(fns.cnbb.org.br). Os
projetos para o FNS podem ser apresentados por Regionais da
CNBB, por Dioceses,
Paróquias, Grupos organizados, Associações, Pastorais,
Entidades Sociais sem
fins lucrativos etc” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de
Solidariedade (FNS) Declaração
feita na 56ª AG da CNBB).
Neste ano, por exemplo, a 56ª Assembleia
Geral da CNBB aprovou a proposta de destinar a Diocese de
Roraima 40% dos
recursos do FNS, para os trabalhos que envolvem a acolhida dos
refugiados
venezuelanos.
Sobre o
projeto aprovado para a
ABONG: “Dentre
os 237 projetos
aprovados com os recursos da Campanha da Fraternidade de 2017,
um deles
foi apresentado pela Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais –
ABONG. Essa entidade reúne organizações da Sociedade Civil,
sem fins
lucrativos, para o fortalecimento da base associativa. Em nome
de cerca de cem
organizações – dentre as quais, várias ligadas à Igreja -, a
ABONG pediu
recursos para a realização do V Encontro dessas entidades,
em São
Paulo. Esse Encontro tinha como
finalidade única e
exclusiva discutir o Marco Regulatório das Organizações da
Sociedade Civil, que
é uma agenda política ampla, que tem o objetivo de
aperfeiçoar o ambiente
jurídico e institucional relacionado às Organizações da
Sociedade Civil e suas
relações de parceria com o Estado. Assim, a ajuda dada não se destinou a
apoiar projetos movidos
por ideais divergentes dos valores da fé cristã
católica, como por exemplo o
aborto. Temos no arquivo do
FNS a prestação de
contas do evento em questão, bem como todas as notas fiscais,
fotografias e a
lista de presença do evento” (Conselho Gestor do Fundo
Nacional de
Solidariedade (FNS) (Declaração feita na 56ª AG da CNBB).
Como qualquer um pode ser enganado ao
dar
esmolas, o FNS reconhece que realmente pode não ter sido boa
coisa ajudar essa
associação, que congrega entidades que, fora da nossa
intenção, podem usar essa
ajuda para coisas más, como, no caso, o aborto. Mas a ajuda
não foi dada para
isso, mas apenas para o Encontro que visou discutir a situação
jurídica das
entidades afiliadas. Por isso o FNS declara: “Comprometemo-nos
a analisar mais
atentamente os projetos que forem apresentados, bem como a
prestar maior
atenção aos objetivos das entidades proponentes. O Regulamento
do FNS está
sendo revisto e aprimorado para ser apresentado ao Conselho
Permanente da CNBB.
Reafirmamos nosso compromisso com Jesus Cristo e sua Igreja.
Daí nossa
disposição de continuar trabalhando de acordo com a Moral
Católica e a
Doutrina Social da Igreja, para que ‘todos os povos
tenham vida’ (Jo 10,10).
Renovamos nossos agradecimentos a todos os que colaboraram com
a CF-2018.
Cresça, cada vez mais, nosso compromisso com os mais
necessitados, segundo o
critério apontado por Jesus. A Virgem Maria, Mãe da Caridade,
nos ensine a
seguir os passos de Jesus no serviço ao próximo” (Conselho
Gestor do Fundo
Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª AG da
CNBB).
E SOBRE A IDEOLOGIA DE GÊNERO?
A CNBB protesta sempre seguir a doutrina
católica e o
ensinamento pontifício a esse respeito. Além dos dados
da ciência e da
lei natural, a doutrina católica ensina sobre o nosso dever em
relação à
própria identidade sexual: “Deus criou o ser humano, homem e
mulher, com
igual dignidade pessoal e inscreveu nele a vocação do amor
e da comunhão.
Cabe a cada um aceitar a própria identidade sexual,
reconhecendo sua
importância para a pessoa toda, a especificidade e a
complementaridade”
(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 487). Com a
ideologia de gênero, “deixou de
ser válido aquilo que se lê na narração da
criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1, 27)... O homem contesta a sua própria
natureza... E torna-se
evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a
dignidade do homem”
(Bento XVI, discurso à Cúria Romana, 21/12/2012). O
Papa Francisco tem
falado da “beleza do matrimônio”, com a “complementaridade
homem-mulher,
coroação da criação de Deus que é desafiada pela ideologia do
gênero” (Disc.
aos Bispos porto-riquenhos, 8/6/2015).
Quaisquer
expressões que possam soar ambíguas sobre esse ponto devem ser
interpretadas
segundo a doutrina católica acima mencionada.
QUAL A MENSAGEM DA CNBB
AOS FIÉIS LEIGOS, SOBRE A ATITUDE QUE DEVEM TOMAR?
“Neste Ano Nacional do
Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade
da fé, na
comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos
valores do Reino de
Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo
responsável são
indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade,
fortaleza, prudência,
reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu
cargo, representam a
pessoa de Cristo (LG 37). Para discernir a verdade, é preciso
examinar aquilo
que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao
invés, tende a isolar,
dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia
Mundial das
Comunicações de 2018)”
“Vivemos um tempo de politização e
polarizações que geram
polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos
promover o diálogo
respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na
fé, pois, só
permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria
de ser discípulos
missionários” (56ª AG - Mensagem ao Povo de Deus).
CONCLUSÃO:
“Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o
pecado, e veio
expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em
seu seio os
pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de
purificação,
sem descanso dedica-se à penitência e à renovação. A Igreja
continua o seu
peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de
Deus, anunciando
a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No poder do
Senhor
ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na
caridade, as
próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e
para revelar ao
mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de
Cristo, até que no
fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen
Gentium,
8).