O mês de junho, em que
festejamos vários santos padroeiros, Santo Antônio, São Pedro e São Paulo, São
João Batista, os santos juninos, é dedicado especialmente ao Sagrado Coração de
Jesus, cuja solenidade celebraremos na próxima sexta-feira.
Deus não tem coração,
porque, sendo um espírito perfeitíssimo, não tem corpo. Tem muito mais do que
um simples coração, tem todas as perfeições divinas de que são cópia imperfeita
o coração humano: o sentimento, o amor, a piedade, a compaixão, etc. Mas Jesus Cristo, Deus feito homem, esse sim
tem um coração como nós, o coração do homem-Deus, com todas as perfeições
divinas e humanas, num coração perfeito.
Jesus nos ama com todos os
atributos divinos, com sua onisciência, onipotência e misericórdia infinitas, e
todos as qualidades de um coração humano perfeito, o amor, a compreensão, a
compaixão, porque, sendo homem como nós, em tudo semelhante a nós, exceto no
pecado, ele conhece por experiência os sentimentos do coração humano.
Por isso, ele quis sentir
tristeza, depressão, medo, pavor do sofrimento, tristeza pelas ofensas dos
inimigos, decepção pelo abandono dos amigos; chorou quando morreu seu amigo
Lázaro, reclamou da ingratidão dos leprosos curados por ele. Mas, sobretudo,
mostrou o que há de mais perfeito no coração humano: o amor aos inimigos e o
perdão para eles: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!”. Recebia as
crianças, sem excluir ninguém, tinha preferência pelos pobres e desprezados da
sociedade. Fez milagres em favor dos pagãos, recebeu a pecadora, mesmo
levantando por isso crítica dos seus inimigos. Enfim, um coração perfeito,
digno de ser imitado por nós.
Desde a sua Encarnação e
de Belém, o seu coração batia de amor por nós: o seu primeiro milagre, nas
Bodas de Caná, foi uma delicadeza para com os noivos, para que não passassem
vergonha na sua festa de casamento; a cura do cego, foi atendendo um simples
pedido; o milagre da cura da estrangeira cananeia e a multiplicação dos pães
por pena da multidão que o seguia. Ele é verdadeiramente o Bom Pastor, que dá a
vida pelas suas ovelhas. E amou-nos até o fim, até dar a sua vida por nós, e
ter o seu coração transpassado pela lança no Calvário. Ressuscitado, continua a
nos amar com o seu coração divino-humano.
E, presente na Eucaristia,
como Homem-Deus, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, ele continua nos
amando com esse coração sublime, sempre intercedendo por nós, sua raça, junto
do Pai Eterno.
O Coração de Jesus, sempre
batendo forte por cada um de nós, nos assegura que Deus é bom, que nos ama, que
ninguém deve desesperar da sua salvação, que temos um amigo especial, que,
sendo Deus, pode tudo, e, sendo homem, compreende as nossas fraquezas,
desilusões, tristezas e misérias, pois ele sabe “de que barro somos feitos”.
Amemos, pois, o Coração de Jesus, porque “ele nos amou primeiro” (1 Jo
4,19).