Neste domingo, segundo turno
das eleições, cumpriremos o dever cívico de votar. Não indico ninguém,
mas faço
algumas observações para ajudar a votar com consciência. Não estaremos
elegendo um chefe de família ou um presidente de associação
religiosa;para esses encargos, seriam exigidas outras qualidades,
morais e espirituais. E não julguemos que, para termos uma nação melhor,
tudo será resolvido pelo presidente, mas sim com a melhora de nós
mesmos, de todos.
Especialmente no
caso da eleição do presidente, a escolha não sendo totalmente livre, pois só há
dois candidatos, não sejamos fanáticos nem apaixonados: ambos têm graves
defeitos e nenhum será o “salvador da pátria”. Também não sejamos cegos na
escolha: muito mais do que a sua vida pessoal, observemos o seu passado
político, suas companhias e os seus programas, há que se escolher no seu
conjunto entre o que seria menos ruim e prejudicial ao país.
Quanto
ao estado democrático de direito, a liberdade de imprensa, a inviolabilidade do
direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade, os candidatos já
assinaram, a pedido da ABI, um termo de compromisso de que respeitarão esses
direitos e garantias fundamentais, previstos na Constituição. Isso nos
tranquiliza, mas só um pouco e temporariamente. Esperemos que cumpram esses
compromissos e que os seus partidos os deixem cumprir, pois eles devem
obediência aos seus programas e ideologias.
Para
um voto consciente, especialmente cristão, não se deve deixar
impressionar pelas visitas demagógicas a Igrejas e entidades religiosas,
por palavras de efeito, por elogios protocolares recebidos daqui e
dali. É preciso examinar o programa de cada partido deles
(candidatos a presidente e vice), pois eles seguirão esse plano, nas
propostas claras sobre: aborto, educação, ideologia de gênero, família
segundo o modelo criado por Deus, direito de propriedade, segurança,
direitos humanos, defesa do cidadão honesto, apoio ao socialismo e
comunismo, cuidado efetivo com os pobres através de um programa de
estabilidade econômica com empregos e não apenas com assistencialismo,
que deve existir apenas excepcional e temporariamente, como ajuda aos
mais carentes, etc.
Que
o novo presidente traga segurança à sociedade. Sejamos contra a
violência. Por isso, devemos excluir candidatos cujos partidos propõem a
violência institucionalizada e ideológica como solução para os
problemas sociais através da luta de classes em busca da ditatura do
proletariado, no modelo socialista e comunista, conforme já nos
advertiram os Papas; os que incentivam a invasão de terras alheias,
contra o direito de propriedade; os que pretendem promover a erotização
da infância e a dissolução da família; os que apoiam a prática de
pecados contrários à lei natural. Não adianta se dizer contrário à
violência, se se comete a pior delas, a corrupção, que prejudica
violentamente toda a população, especialmente a mais carente, e,
sobretudo, se se apoia a violência do aborto, chamado pelo nosso Papa Francisco de “nazismo de luvas brancas”.
Sejamos a favor da democracia e contra a ditadura. Por isso não podemos sufragar candidatos, cujos partidos apoiam e ajudam as piores ditaduras totalitárias atuais, opressoras do povo, antidemocráticas e violadoras dos direitos humanos.
E
um critério do senso comum: “Dize-me com quem andas e eu te direi quem
és”. Observe os apoiadores do candidato, os candidatos a vice, possíveis
substitutos dos titulares, suas ideologias e programas.
Mas, mesmo
havendo diferenças entre nós, sempre, mas sobretudo nesse período conturbado
das eleições, devemos cuidar para não ofender o nosso próximo nem prejudicar
nossas relações fraternas e amigas, por causa de divergências políticas. Observemos
em nosso proceder as normas que a consciência deve seguir, conforme nos ensina
o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (375), especialmente a norma número
3: 1) jamais é permitido fazer o mal para que dele provenha um bem; 2) a
chamada Regra de ouro: ‘Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam,
fazei-o vós mesmos a eles’ (Mt 7, 12); 3) A caridade passa sempre pelo respeito
do próximo e da sua consciência, ainda que isso não signifique aceitar como
um bem o que é objetivamente um mal”.
Cada um siga,
na hora de votar, a sua consciência bem formada, respeitando os que não pensam
como nós, sem que isso implique em um juízo de valor sobre o seu voto ou
posição.O respeito, a compreensão e a caridade são a base da boa convivência social.
Lembramos que a salvação não vem da política e que o voto tem consequências, que envolverão a nossa responsabilidade.