Na minha coleção de pedras, guardo como
“relíquia” um pedaço do destruído muro de Berlim, erguido pelos comunistas,
que, durante 28 anos, dividiu a Alemanha. Dia 9 de novembro último, fez 26 anos
a sua derrubada, em 1990. Muitíssimos fugitivos, tentando escapar do regime
comunista para o mundo ocidental, - é claro, pois ninguém quis passar de cá
para lá - perderam a vida, na tentativa de atravessar a barreira de 154 km de
extensão. Boa ocasião para falarmos do comunismo e do seu suposto opositor, o
chamado “capitalismo”.
A
queda do “muro da vergonha” simbolizou a falência do comunismo, como regime
econômico e ideológico. Para tanto, contribuíram vários personagens
importantes: Mikhail Gorbachev, com a Perestroika, Lech Walesa, com o Solidariedade,
Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, Margareth Thatcher, primeira
ministra da Inglaterra e, especialmente, São João Paulo II, Papa oriundo de um
país atrás da cortina de ferro, que, com sua influência, muito contribuiu para
a queda do regime comunista. O próprio Gorbachev disse que o colapso do
comunismo teria sido impossível sem a influência de João Paulo II.
Esse
Papa, em 1991, fazia a pergunta: “Após a falência do comunismo, pode-se dizer
que o sistema social vencedor é o capitalismo e que para ele se devem
encaminhar os esforços dos países que procuram reconstruir as suas economias e
a sua sociedade?” E ele mesmo responde: “Se por ‘capitalismo’ se indica um
sistema econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do
mercado, da propriedade privada e da consequente responsabilidade pelos meios
de produção, da livre criatividade humana no setor da economia, a resposta é
certamente positiva, embora talvez fosse mais apropriado falar de ‘economia de
mercado’, ou simplesmente de ‘economia livre’”.
Mas então a Igreja aprova simplesmente o chamado “capitalismo liberal e selvagem”? O próprio João Paulo II ensina: “Se por ‘capitalismo’ se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético e religioso, então a resposta é sem dúvida negativa” (Enc. Cent. Annus, 42).
Se despreza a Deus e sua lei
na economia, o capitalismo equivale na maldade ao comunismo: “Aqui está
precisamente o grande erro das tendências dominantes no último século, erro
destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como
inclusive dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação
da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus... O sistema marxista,
onde governou, não só deixou uma triste herança de destruições econômicas e
ecológicas, mas também uma dolorosa destruição do espírito. E o mesmo vemos
também no ocidente, onde cresce constantemente a distância entre pobres e ricos
e se produz uma inquietante degradação da dignidade pessoal com a droga, o
álcool e as sutis miragens de felicidade” (Bento XVI, Aparecida, Discurso
inaugural).
Mas então a Igreja aprova simplesmente o chamado “capitalismo liberal e selvagem”? O próprio João Paulo II ensina: “Se por ‘capitalismo’ se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético e religioso, então a resposta é sem dúvida negativa” (Enc. Cent. Annus, 42).