Em sua mensagem
para a celebração do 48º Dia Mundial da Paz, amanhã, o Papa Francisco, dirigindo-se
ao mundo todo, com o lema “Já não escravos, mas irmãos”, formula os seus ardentes
votos de paz e apela a todos para que, respondendo à vocação comum de colaborar
com Deus e todas as pessoas de boa vontade, promovam a concórdia e paz no mundo.
Este
tema, escolhido pelo Santo Padre, foi tirado da Carta de São Paulo a Filêmon,
cuja leitura recomendo, onde o Apóstolo pede ao seu amigo Filêmon para acolher
Onésimo, seu escravo, que tornou-se cristão, merecendo, por isso mesmo, ser
considerado como um irmão. “Deste modo, a conversão a Cristo, o início duma
vida de discipulado em Cristo constitui um novo
nascimento (cf. 2 Cor 5, 17; 1 Ped 1,
3), que regenera a fraternidade como vínculo fundante da vida
familiar e alicerce da vida social”.
Sendo filhos do mesmo
Pai, “como irmãos e irmãs, todas as pessoas estão, por natureza,
relacionadas umas com as outras, cada qual com a própria especificidade e todas
partilhando a mesma origem, natureza e dignidade. Em virtude disso, a fraternidade constitui
a rede de relações fundamentais para a construção da família humana criada por
Deus”.
O Papa lamenta: “Infelizmente,
o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida
de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a
justiça e a caridade”, pois o pecado veio perturbar essa ordem criada por Deus:
“Infelizmente, entre a primeira criação narrada no livro do Gênesis e o novo
nascimento em Cristo – que torna, os crentes, irmãos e irmãs do ‘primogênito
de muitos irmãos’ (Rom 8, 29) –, existe a realidade negativa do
pecado, que interrompe tantas vezes a nossa fraternidade de criaturas e deforma
continuamente a beleza e nobreza de sermos irmãos e irmãs da
mesma família humana. Caim não só não suporta o seu irmão Abel, mas mata-o por
inveja, cometendo o primeiro fratricídio”. Sendo assim, “os seres humanos não
se tornam cristãos, filhos do Pai e irmãos em Cristo por imposição divina, isto
é, sem o exercício da liberdade pessoal, sem se converterem livremente a
Cristo. Ser filho de Deus requer que primeiro se abrace o imperativo da
conversão”.
“Hoje como ontem, na
raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade
de a tratar como um objeto. Quando o pecado corrompe o coração do homem e o
afasta do seu Criador e dos seus semelhantes, estes deixam de ser sentidos como
seres de igual dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser
vistos como objetos. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a
pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade,
mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não
como fim”.
Só
assim, teremos um Ano Novo de paz, vivendo a nossa filiação com Deus e nossa
fraternidade com os irmãos. Feliz Ano Novo de Paz, como irmãos, filhos do mesmo
Pai!