Dia 24 de junho, celebramos São João
Batista. Assim cognominado pelo batismo que administrava, foi o precursor de
Jesus, que fez o seu elogio, dizendo: “Entre todos os nascidos de mulher
não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11,11).
Foi
ele que apresentou Jesus ao povo de Israel. Anunciado ao seu pai, Zacarias, foi
santificado ainda no seio materno quando da visita de Nossa Senhora, já grávida
do Menino Jesus, à sua prima Isabel. Por isso a Igreja festeja, no dia 24, o
seu nascimento, ao contrário de todos os outros santos, dos quais ela só
comemora a morte, ou seja, seu nascimento para o Céu.
Desde
criança, retirou-se para o deserto para fazer penitência e se preparar para sua
futura missão. Ministrava ao povo o batismo de penitência, ao qual Jesus também
acorreu, por humildade. Sua pregação era: “Arrependei-vos, pois o Reino dos
Céus está próximo... Produzi fruto digno de vosso arrependimento... Eu vos
batizo com água, como sinal de arrependimento, mas o que vem depois de mim é
mais forte do que eu. Eu nem sou digno nem de carregar suas sandálias. Ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3, 2, 8, 11).
Jesus,
no começo do seu ministério público, quis também, por humildade, misturando-se
aos pecadores, ser batizado por João. João quis recusar, dizendo: “Eu é que
preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?... Depois de ser batizado, Jesus
saiu logo da água e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como
uma pomba e vir sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho
amado; no qual eu me agrado’” (Mt 3, 14, 16-17).
Jesus
fez dele também um outro elogio importante: “Que fostes a ver no deserto? Uma
cana agitada pelo vento?” (Mt 11, 7). Por que não era uma cana
agitada pelo vento? São João Batista era o homem da verdade, sem acepção de
pessoas. Por isso admoestava o Rei Herodes contra o seu pecado de infidelidade
conjugal e incesto, o que atraiu a ira da amante do rei, Herodíades, que
instigou o rei a metê-lo no cárcere. No dia do aniversário de Herodes, a filha
de Herodíades, Salomé, dançou na frente dos convivas, o que levou o rei, meio
embriagado, a prometer-lhe como prêmio qualquer coisa que pedisse. A filha
perguntou à mãe, que não perdeu a oportunidade de vingar-se daquele que
invectivava seu pecado. Fez a filha pedir ao rei a cabeça de João Batista. João
foi decapitado na prisão, merecendo o elogio de Jesus, por ser um homem firme e
não uma cana agitada pelo vento.
Assim,
a virtude que mais sobressai em João Batista, além da sua humildade e
penitência, é a firmeza de caráter, tão rara hoje em dia, quando muitos pensam
ser virtude o saber “dançar conforme a música”, ser uma cana que pende de
acordo com o vento das opiniões, o pautar a vida pelo que dizem ou acham e não
pela consciência reta, voz de Deus em nosso coração. João Batista foi fiel
imitador de Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, que, como disse o poeta João
de Deus, “morreu para mostrar que a gente pela verdade se deve deixar matar”.
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
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