Amanhã, dia 25 de novembro, celebra-se o
Dia Nacional de Ação de Graças. É uma festa de origem norte-americana (Thanksgiving), regulamentada no calendário
brasileiro em 1949, pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, por sugestão de Joaquim Nabuco, entusiasmado com as
comemorações que vira na Catedral de São Patrício, quando embaixador em
Washington. No Brasil, o Dia Nacional de Ação de Graças vem sendo
ofuscado pelo Black Friday, também de
origem americana, promoção de venda antes das vendas de Natal, festa cristã
também comercializada.
Mas, mesmo sendo de origem não católica,
essa celebração pode ser uma boa ocasião para darmos graças a Deus, por todos
os seus benefícios e graças: nossa existência, a natureza que ele nos deu, a
família, os amigos, as graças espirituais e materiais, com o reconhecimento da
sua suprema soberania e bondade, por tudo de bom que recebemos durante o ano.
Por isso, é um bom costume cristão, herdado de nossos antepassados, dizer
sempre “graças a Deus!”. E é dia de agradecimento também ao nosso próximo,
especialmente aos nossos pais, parentes e amigos.
“São
Paulo inculcava nas suas cartas este contínuo espírito de gratidão: ‘Em todas
as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus
em Jesus Cristo’ (1 Tess. 6, 18); ‘Enchei-vos do Espírito... dando
sempre graças por tudo a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo’
(cf. Ef. 5, 18-20). É uma atitude ‘eucarística’, que vos dá paz e
serenidade nas fadigas, vos liberta de todo o apego egoísta e individualista,
vos torna dóceis à vontade do Altíssimo, também nas exigências morais mais
difíceis, vos abre para a solidariedade e para a caridade universal, vos faz
compreender como é absolutamente necessária a oração, e sobretudo a vida
eucarística mediante a Santa Missa, o ato de Ação de graças por excelência,
para viver e testemunhar coerentemente a própria fé cristã. Agradecer significa
acreditar, amar, dar! E com alegria e generosidade!” (São João Paulo II,
homilia no dia de ação de graças 9/11/1980).
E agradecemos a Deus as alegrias e
até os sofrimentos, pois são para o nosso bem e deles podemos tirar bons
frutos. Celebramos há pouco a memória de Santa Isabel, rainha da Hungria.
Quando no castelo, aproveitou da sua influência para fazer o bem. Sempre
agradecia a Deus. Poder-se-ia dizer que isso é fácil pela vida rica que tinha!
Mas a desgraça lhe bateu à porta: após a morte do marido, foi expulsa da corte
pelos usurpadores do reino, insultada por todos, até pelos mendigos e enfermos
que ela tinha socorrido, e teve que se refugiar, com os filhos pequenos, num
curral de porcos. Dali, de madrugada, ouviu o sino de um convento, que ela
tinha ajudado a construir, e lá foi pedir que rezassem em ação de graças, pela
tribulação que ela estava passando!
Em português, como forma de
agradecer, temos a belíssima palavra “obrigado”. Significa o mais profundo grau
da gratidão, não só um reconhecimento intelectual do favor recebido (thank you), nem apenas uma simples
retribuição com outra mercê (merci,
gracias), mas uma vinculação, um comprometimento a continuar a servir, a
retribuir favores, a quem nos prestou algum benefício. É nesse sentido que
dizemos a Deus e aos irmãos: “muito obrigado!”.
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/