Estamos na
semana da Páscoa, maior festa do calendário cristão, celebração da gloriosa
Ressurreição de Jesus Cristo, a sua vitória sobre o pecado, sobre a morte e
sobre a aparente derrota da Cruz. Cristo ressuscitou glorioso e triunfante para
nunca mais morrer, dando-nos o penhor da nossa vitória e da nossa ressurreição.
Choramos a sua Paixão e nos alegramos com a vitória da sua Ressurreição. Para
se chegar a ela, para vencer com ele, aprendemos que é preciso sofrer com ele:
“Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt
16,24). A morte não é o fim. O Calvário não foi o fim. Foi o começo de uma
redenção, de uma nova vida. A Páscoa é, portanto, a festa da alegria e a da
esperança na vitória futura.
E hoje é dia
de São Fidélis, grande mártir capuchinho, em cuja honra foi construída a cidade
de São Fidélis, minha terra natal. Nascido em Sigmaringa, Alemanha, doutorou-se
em Filosofia e Direito na Universidade de Friburgo, exerceu com distinção e
integridade a advocacia, mas, sentindo-se chamado por Deus, doou os seus bens
ao seminário e entrou na Ordem dos Franciscanos Capuchinhos. Grande pregador e
missionário, foi enviado a combater os erros do calvinismo, na Suíça. Lá sofreu
o martírio pela fé, assassinado por um grupo de calvinistas, em 24 de abril de
1622, aos 45 anos de idade. Foi canonizado em 1745.
Em 1781, os
índios Coroados, que habitavam as margens do Rio Paraíba, no aldeamento chamado
Gamboa, que já conheciam o cristianismo, pois haviam se desmembrado da tribo
dos Goytacazes, pediram missionários para catequizá-los. Foram-lhes enviados
Frei Ângelo de Lucca e Frei Vitório de Cambiasca que, com os índios, edificaram
a aldeia e a belíssima Igreja em honra do seu confrade recém-canonizado, São
Fidélis, mártir da fé.
“Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus”
(Mt 5,10). Esta é a oitava bem-aventurança, com as quais Jesus começou o seu
“sermão da montanha”, resumo do seu Evangelho. Assim, a perseguição e o martírio
se tornaram uma característica dos seus discípulos e sempre estiveram presentes
na Igreja, desde os primórdios.
O escritor Andrea Riccardi, professor de
história contemporânea na Universidade de Roma, teve acesso aos arquivos do
Vaticano sobre a perseguição aos cristãos no século XX e lançou o livro “Eles
foram mortos por causa de sua Fé”, de 455 páginas impressionantes sobre o
martírio recente e atual dos católicos em todo o mundo. Impressiona a descrição
do “holocausto” cristão no Nazismo, no Comunismo, nas terras de missões, no
México, na Espanha, na África, etc. Além dos mártires da Fé, temos os mártires
da caridade, da pureza e da justiça. Entre os 12.818 mártires, temos 4
cardeais, 122 bispos, 5.173 padres diocesanos, 4.872 religiosos, 159
seminaristas, além de centenas de leigos. É realmente a visão do 3o
segredo de Fátima: o Papa caminhando sobre os cadáveres dos cristãos mártires
que tombaram, vitoriosamente, pela sua Fé.
Feliz e Santa
Páscoa para todos, alegres na esperança de Jesus Cristo vitorioso!