É
de São Jerônimo a célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o
próprio Cristo”. Portanto, o conhecimento e o amor às Escrituras decorrem do
conhecimento e do amor que todos devemos a Nosso Senhor.
O
ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O
Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino.
“O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo
Agostinho).
Dizemos
que a Bíblia foi inspirada por Deus, que vem a ser assim o seu autor principal,
embora escrita por homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam.
A
Bíblia não é um livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores
diferentes em épocas, línguas e locais diversos, num espaço de tempo de cerca
de mil e quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles
inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.
É
o livro sagrado por excelência, escrito para o nosso bem. “Toda a Escritura é
inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para
formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para
toda boa obra” (II Tim 3, 16-17).
Mas
a Bíblia não é um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova
a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma
Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus
detalhes, o que não é correto.
Além
disso, a Bíblia não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro,
falando das Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens
difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco
fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as
demais Escrituras” (II Ped 3, 16).
Por isso, o mesmo São Pedro nos adverte: “Sabei que
nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma
profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo
Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2Pd 1, 20-21). Assim, o ofício de interpretar autenticamente
a palavra de Deus escrita (a Bíblia Sagrada) ou transmitida oralmente (a
Sagrada Tradição) foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja
autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, que disse aos Apóstolos e seus
sucessores “até a consumação dos séculos”: “Ide e ensinai a todos os povos tudo
o que vos ensinei... quem vos ouve a mim ouve”.