Em nosso último artigo falamos sobre a Igreja dos
pobres. Agora falemos da sua riqueza. A riqueza dos pobres é a Igreja, sua rica
doutrina e sua liturgia. As igrejas, os templos sagrados, são a casa dos
pobres. Lá eles podem entrar sem serem impedidos. Lá eles podem se sentir bem,
contemplar belas pinturas e arquiteturas, vasos sagrados, esplêndidas imagens,
como não poderiam fazer em nenhuma outra casa ou palácio. Ali eles podem, pois
é a casa deles.
A pobreza pessoal,
que devemos cultivar, não significa que devemos empobrecer a liturgia. Pelo
contrário, a beleza exterior da liturgia deve refletir a glória de Deus, como
nos ensina o Papa Francisco: “As vestes
sagradas do Sumo Sacerdote são ricas de simbolismos; um deles é o dos nomes dos
filhos de Israel gravados nas pedras de ónix que adornavam as ombreiras do efod,
do qual provém a nossa casula atual...” “beleza de tudo o que é litúrgico, que
não se reduz ao adorno e bom gosto dos paramentos, mas é presença da glória do
nosso Deus que resplandece no seu povo vivo e consolado”. (Hom. Missa Crismal,
28/3/2013).
O
Santo Cura d’Ars, São João Maria Vianney, exemplo para todos os padres, amava a
pobreza pessoal e os pobres. “Uma batina velha fica muito bem debaixo duma casula
bonita”, dizia ele. Ao lado da sua pobreza individual, não media esforços em
adquirir o que havia de mais rico e suntuoso para a casa de Deus e as
cerimônias litúrgicas. Ele dizia que se os palácios dos reis são embelezados
pela magnificência, com maior razão as Igrejas.
Quando Cardeal, o Papa Bento XVI, lamentando a atual
crise litúrgica, comentava: “Depois do Concílio, muitos padres deliberadamente
erigiram a dessacralização como um programa de ação, argumentando que o novo
testamento aboliu o culto do templo; o véu do templo, que se rasgou de alto a
baixo no momento da morte de Cristo sobre a cruz, seria, para alguns, o sinal
do fim do sagrado... Animados por tais ideias, eles rejeitaram as vestes
sagradas; tanto quanto puderam, eles despojaram as igrejas dos seus
resplendores que lembram o sagrado; e eles reduziram a liturgia à linguagem e
aos gestos da vida de todos os dias, por meio de saudações, de sinais de
amizade e outros elementos” (Conferência aos Bispos chilenos, Santiago,
13/7/1988).
Falando
sobre essa beleza da liturgia e respondendo às “acusações de ‘triunfalismo’, em
nome das quais se jogou fora, com excessiva facilidade, muito da antiga
solenidade litúrgica”, o então Cardeal Ratzinger explicava: “Não é
triunfalismo, de forma alguma, a solenidade do culto com que a Igreja exprime a
beleza de Deus, a alegria da fé, a vitória da verdade e da luz sobre o erro e
as trevas. A riqueza litúrgica não é riqueza de uma casta sacerdotal; é riqueza
de todos, também dos pobres, que, com efeito, a desejam e não se
escandalizam absolutamente com ela. Toda a história da piedade popular
mostra que mesmo os mais desprovidos sempre estiveram dispostos instintiva e
espontaneamente a privar-se até mesmo do necessário, a fim de honrar, com a
beleza, sem nenhuma avareza, ao seu Senhor e Deus” (Rapporto sulla Fede,
1985).
"A riqueza dos pobres é a Igreja..." Sim, lembrei-me daquela música "Cidadão", que tem um trecho assim:"Tá vendo aquela igreja moço?Onde o padre diz amém.Pus o sino e o badalo, Enchi minha mão de calo,Lá eu trabalhei também.Lá sim valeu a pena,Tem quermesse, tem novena,E o padre me deixa entrar.Foi lá que cristo me disse:Rapaz deixe de tolice,Não se deixe amedrontar.Fui eu quem criou a terra,Enchi o rio fiz a serra,Não deixei nada faltar.Hoje o homem criou asas,E na maioria das casas,Eu também não posso entrar."
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirBom noite!
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