Neste ano da Misericórdia,
recordamos uma das personagens mais emblemáticas do perdão que Jesus veio nos
trazer: o Bom Ladrão, São Dimas, aquele que estava no Calvário, na cruz ao lado
de Jesus, que lhe pediu uma lembrança e recebeu dele a promessa do Paraíso.
Na Cruz onde pagava seus crimes, o Bom
Ladrão praticou todas as virtudes: a Fé, reconhecendo em Jesus o Rei Messias, a
humildade, confessando os próprios pecados que lhe fizeram merecer a morte de
cruz, a caridade e o apostolado para com o outro ladrão, dando-lhe bons
conselhos, a paciência, a oração, pedindo a Jesus que se lembrasse dele, etc.
Recordamos trechos do belíssimo sermão
do Pe. Antônio Vieira, pregado na Igreja da Misericórdia de Lisboa, no ano de
1655. Antigo, mas muito atual, nesses tempos de corrupção.
Falando de Jesus, que levou o Bom Ladrão
ao Paraíso, ele exclama: “Levarem os reis consigo ao Paraíso ladrões, não só
não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que
com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que
admitiu na cruz o título de rei. Mas o que vemos praticar em todos os reinos do
mundo, é tanto pelo contrário, que em vez de os reis levarem consigo os ladrões
ao Paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno...”.
E lembra o princípio de Santo Tomás e
Santo Agostinho: “Se o alheio que se tomou ou retém se pode restituir e não se
restitui, a penitência deste e dos outros pecados não é verdadeira penitência,
senão simulada e fingida, porque se não perdoa o pecado sem se restituir o
roubado, quando quem roubou tem possibilidade de o restituir. Esta única
exceção da regra foi a felicidade do bom ladrão, e esta a razão porque ele se
salvou, e também o mau se pudera salvar sem restituírem... Porém se o bom
ladrão tivera bens com que restituir, ou em todo, ou em parte o que roubou,
toda a sua fé e toda a sua penitência tão celebrada dos Santos, não bastara a o
salvar, se não restituísse... Vejam agora, de caminho, os que roubaram na vida
e nem na vida, nem na morte restituíram, antes na morte testaram de muitos
bens, e deixaram grossas heranças a seus sucessores; vejam onde irão, ou terão
ido suas almas, se se podiam salvar”.
Peçamos a Jesus que nos ajude a sermos honestos diuturnamente.
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