O que a
Igreja, no seu Catecismo, tem a nos dizer sobre a paz e a guerra?
“O respeito e o crescimento da
vida humana exigem a paz.
A paz não é só ausência da guerra, nem se limita a assegurar
o equilíbrio das forças adversas...Ela é ‘tranquilidade da ordem’ (Santo
Agostinho, em A Cidade de Deus); é ‘obra da justiça’ (Is 32, 17) e
efeito da caridade (Gaudium et Spes,
78) (CIC 2304).
“O quinto mandamento proíbe a
destruição voluntária da vida humana. Por causa dos males e injustiças que toda
a guerra traz consigo, a Igreja exorta instantemente a todos para que orem e
atuem para que a Bondade divina nos livre da antiga escravidão da guerra (Gaudium et Spes, 81). Cada cidadão e
cada governante deve trabalhar no sentido de evitar as guerras. No entanto,
enquanto subsistir o perigo de guerra e não houver uma autoridade internacional
competente, dotada dos convenientes meios, não se pode negar aos governos, uma
vez esgotados todos os recursos de negociações pacíficas, o direito de legítima
defesa (Gaudium et Spes, 79)”.
“Devem ser ponderadas com rigor
as estritas condições duma legítima defesa pela força das armas.
A gravidade duma tal decisão submete-a a condições rigorosas de
legitimidade moral. É necessário, ao mesmo tempo: – que o prejuízo causado pelo
agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo; – que
todos os outros meios de lhe pôr fim se tenham revelado impraticáveis ou
ineficazes; – que estejam reunidas condições sérias de êxito;
– que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do
que o mal a eliminar. O poder dos meios modernos de destruição tem um peso
gravíssimo na apreciação desta condição. Estes são os elementos
tradicionalmente apontados na doutrina da chamada ‘guerra justa’. A apreciação
destas condições de legitimidade moral pertence ao juízo prudencial daqueles
que têm o encargo do bem comum” (CIC 2307-2309).
“A Igreja e a razão humana
declaram a validade permanente da lei moral durante os conflitos
armados. ‘Uma vez lamentavelmente começada a guerra, nem por isso tudo
se torna lícito entre as partes beligerantes’ (Gaudium et Spes, 79). Devem ser respeitados e tratados com humanidade
os não-combatentes, os soldados feridos e os prisioneiros. As ações
deliberadamente contrárias ao direito dos povos e aos seus princípios
universais, bem como as ordens que comandam tais ações, são crimes. Uma
obediência cega não basta para desculpar os que a elas se submetem. Assim, o
extermínio dum povo, duma nação ou duma minoria étnica deve ser condenado como
pecado mortal. É-se moralmente obrigado a resistir às ordens para praticar um
genocídio. ‘Toda a ação bélica, que tende indiscriminadamente à destruição de
cidades inteiras ou vastas regiões com os seus habitantes, é um crime contra
Deus e o próprio homem, que se deve condenar com firmeza, sem hesitação’ (Gaudium et Spes, 80). Um dos perigos da
guerra moderna é o de oferecer aos detentores das armas científicas,
nomeadamente atômicas, biológicas ou químicas, ocasião para cometer tais
crimes” (CIC 2312-2314).
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