A Igreja aqui na terra chama-se
militante, quer dizer, continuamente em guerra, contra inimigos internos e
externos, ou seja, “em crise”. Mas isso já há dois mil anos! A paz completa só
será na Igreja triunfante do Céu, quando a “Barca de Pedro”, após passar pelas
ondas do mar bravio desse mundo, chegar ao porto da salvação eterna.
“Para
levantar a Igreja do estado de relaxamento e de confusão em que se encontram universalmente
todos os níveis, nem toda a ciência e prudência humana conseguem remediar, mas
é preciso o braço onipotente de Deus. Entre os bispos, poucos são os que têm
verdadeiro zelo pelas almas. As comunidades religiosas, quase todas e mesmo sem
o quase, estão relaxadas, porque nas congregações, na presente confusão das
coisas, falta a observância e a obediência se perdeu. No clero secular as
coisas estão piores e, por isso, faz-se necessária aí uma reforma geral para
todos os eclesiásticos, de maneira a reparar a grande corrupção dos costumes,
que existe entre os seculares”.
“Por isso é preciso rezar a Jesus Cristo
que nos dê um Chefe da Igreja que, mais do que de doutrina e de prudência
humana, seja dotado de espírito e de zelo pela honra de Deus, e seja totalmente
alheio a qualquer partido e respeito humano, porque se, por nossa desgraça,
acontecesse um Papa que não tem apenas a glória de Deus diante dos olhos, o
Senhor pouco o assistirá e as coisas, como estão nas presentes circunstâncias,
irão de mal a pior”.
“As orações podem trazer remédio a tanto
mal, ao obter de Deus que ele mesmo ponha a sua mão e conserte... eu desejaria ver
reformados tantos desarranjos presentes... Em primeiro lugar, gostaria que o
próximo Papa escolhesse, entre aqueles que lhe serão propostos, os mais doutos
e zelosos pelo bem da Igreja... Que se usasse diligência ao escolher os bispos
(dos quais, principalmente, depende o culto divino e a salvação das almas),
solicitando informações a mais pessoas sobre a sua vida digna e doutrina
necessária para governar as dioceses. E que, também para aqueles que já estão
em suas igrejas, se exigisse dos metropolitanos e de outros, secretamente, a
informação sobre aqueles bispos que pouco atendem o bem de suas ovelhas... Sobretudo,
desejaria que o Papa reconduzisse universalmente todos os religiosos à
observância do seu primeiro Instituto, pelo menos nas coisas principais... Nada
podemos fazer, a não ser rezar ao Senhor, que nos dê um Pastor pleno do seu
espírito, que saiba estabelecer estas coisas que acenei brevemente, conforme
for mais conveniente à glória de Jesus Cristo”.
Essas considerações acima foram feitas
em 24 de outubro de 1774 e são trecho de uma carta de Santo Afonso Maria de
Ligório ao Cardeal Castelli, que lhe havia solicitado observações sobre a
eleição do novo Papa e os principais abusos que deveriam ser extirpados da
Igreja, pretendendo o Cardeal levar a carta ao Conclave próximo. Essa descrição
de Santo Afonso nos mostra que as crises na Igreja não são de agora. A “barca
de Pedro” já venceu outras tempestades.
“Peçamos com insistência ao Senhor que nos ofereça um pastor segundo o
seu Coração, um pastor que nos guie ao conhecimento de Cristo, ao seu amor, à
verdadeira alegria” (Cardeal Joseph Ratzinger, na preparação para o Conclave de
2005).
0 comentários:
Postar um comentário
Seu comentário é muito bem vindo. Que Deus o abençõe.