Toda a Igreja está em oração pelo bom
sucesso do Conclave que se reúne para eleger o sucessor de São Pedro, o próximo
Papa. Por mais que falem mal dela, os meios de comunicação se veem obrigados a
confessar involuntariamente a importância excepcional que a Igreja tem na
história do mundo e a repercussão que sua vida provoca em toda a humanidade.
Mas, infelizmente, os homens do mundo em
geral só vêm a face humana da Igreja, não tendo capacidade de ver o que nela há
de sobrenatural. “O homem natural (animal) não compreende as coisas do Espírito
de Deus, pois para ele são loucuras, nem as pode compreender, porque é
espiritualmente que se devem ponderar” (I Cor 2, 14). Por isso o candidato a
usar o anel do pescador, ao papado, é em geral analisado nos seus aspectos
humanos e mundanos, sendo as qualidades do futuro Papa assim ressaltadas.
Sob esse prisma e pelos parâmetros
atuais, como me disse certa vez um Cardeal, São Pedro não teria a menor chance
de ser eleito em um Conclave. Com efeito, seu currículo era bem fraco e nada
entusiasmante. Oriundo da Galiléia, região não muito apreciada, pescador do
lago de Genesaré, só falava uma língua, assim mesmo em dialeto, e não tinha
grandes estudos. Era um instável emocional e impulsivo, foi até chamado por
Jesus de “satanás”, quer dizer, adversário, quando, com vistas humanas, quis
impedi-lo de ir a Jerusalém para sofrer sua Paixão. Mesmo com todas as
promessas a ele feitas, acabou fugindo quando Jesus foi preso, e, pior ainda,
negou que o conhecia, para escapar de uma eventual prisão. Era, humanamente
falando, alguém não confiável para exercer qualquer cargo de importância. E, se
houvesse “mídia” naquele tempo, ele seria completamente desmoralizado. Numa
banca de apostas, qual chance teria Pedro de ser eleito em um Conclave? Você
apostaria nele e, se fosse Cardeal, votaria nele?
“Meus pensamentos não são os vossos, e
vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor, mas tanto quanto o céu está acima
da terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos
ultrapassam os vossos” (Is 55, 8-9).
Assim, “onde abundou o pecado,
superabundou a graça” (Rm 5, 20). Pedro foi a “pedra” escolhida por Jesus para
ser o fundamento de sua Igreja, o primeiro Papa, o seu “vigário” aqui na terra.
Assim como Jesus, “a pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra
angular” (Mt 21, 42). Pedro caracteriza bem a Igreja, em seu aspecto humano e
divino. Fraca e forte, desprezível e imbatível, sacudida, mas indefectível,
cheia de pecadores, mas santa em sua doutrina e na sua graça. E isso por causa
da garantia que lhe dá o próprio Jesus Cristo. A vinda do Espírito Santo
transformou aquele pescador em um sábio poliglota, em um valente defensor de
Cristo, até com a própria vida. Por isso, apesar de todas as fraquezas da sua
parte humana, ele recebeu o carisma de confirmar os seus irmãos na Fé e de
apascentar as ovelhas e os cordeiros do Senhor. E os poderes do Inferno jamais
prevalecerão contra a Igreja, edificada sobre essa pedra: “Non praevalebunt!
(Mt 16, 18)”.
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