Já falamos no assunto. Mas como a corrupção é um dos
piores crimes, disseminada por toda a parte, o Papa Francisco voltou a tratar
do assunto na semana passada.
Ainda quando Cardeal, o Papa falava
de uma corrupção que é “o joio do nosso tempo”. E o pior: “o corrupto não
percebe sua corrupção. Ocorre como com o mau hálito: dificilmente aquele que
tem mau hálito o percebe. Os outros é que o sentem e têm que lhe dizer. Por
isso, também, dificilmente o corrupto pode sair de seu estado por remorso
interno. Seu bom espírito dessa área está anestesiado”. Falando agora, o Papa
diferencia a corrupção do simples pecado. Segundo ele, “aquele que peca e se arrepende,
pede perdão, se sente frágil, se sabe filho de Deus, se humilha e pede a
salvação a Jesus”. Mas quem é corrupto,
“escandaliza”, não pelas suas culpas, mas porque “não se arrepende”, “continua
a pecar e, mesmo assim, finge que é cristão”. É alguém que leva, enfim, uma
“vida dupla”. E isso “faz muito mal” para a Igreja, para a sociedade e para o
próprio homem.
“É inútil que alguém diga ‘Eu sou um
benfeitor da Igreja! Eu coloco a mão no bolso e ajudo a Igreja’, se depois, com
a outra mão, rouba do Estado, rouba dos pobres”. E o Papa recorda a afirmação
de Jesus no Evangelho: “Mais vale a esse que lhe pendurem uma pedra de moinho
ao pescoço e seja lançado ao mar!”. “Aqui não se fala de perdão”, observa o papa, o que
esclarece ainda mais a diferença entre corrupção e pecado. Jesus “não se cansa
de perdoar” e nos exorta a perdoar até sete vezes por dia o irmão que se
arrepende. No mesmo Evangelho, porém, Cristo adverte: “Ai daquele que provoca
escândalos!”. Jesus “não está falando de pecado, mas de escândalo, que é outra
coisa”, ressalta o papa. Quem escandaliza engana, e “onde
há engano não há o Espírito de Deus. Esta é a diferença entre o pecador e o
corrupto”: quem leva “vida dupla é corrupto”; quem “peca, mas gostaria de não
pecar”, é apenas “fraco”: este “recorre ao Senhor” e pede perdão. “Deus o ama,
o acompanha, está com ele”.
Todos nós “devemos nos reconhecer
pecadores. Todos nós”. Mas “o corrupto está amarrado a um estado de suficiência,
não sabe o que é a humildade”. Jesus chamava esses corruptos de “hipócritas”,
ou, pior ainda, de “sepulcros caiados”, que parecem “bonitos por fora, mas por
dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Uma podridão envernizada:
esta é a vida dos corruptos. E um cristão, que se gaba de ser cristão, mas que
não leva vida de cristão, é um desses corruptos”.
“Nós todos conhecemos alguém que
está nesta situação: cristãos corruptos, padres corruptos... Quanto mal eles
causam à Igreja, porque não vivem no espírito do Evangelho, mas no espírito do
mundanismo”. Mundanismo é um perigo a respeito do qual São Paulo já alertava os
cristãos de Roma, escrevendo: “Não se conformem com a mentalidade deste mundo”.
E, comenta o Papa: “Na verdade, o texto original é mais forte, porque nos diz
para não entrarmos nos esquemas deste mundo, nos parâmetros deste mundo, ou no
mundanismo espiritual”.
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