Ontem
começamos a Novena de preparação para o Santo Natal. Nas Vésperas dos dias que
antecedem a grande festa natalina, cantam-se as belíssimas antífonas latinas
que começam com a exclamação de desejo “Ó!”: Ó Sabedoria, Ó Adonai, Ó Raiz de
Jessé, Ó Chave de Davi, Ó Oriente, Ó Rei das Nações, Ó Emanuel, palavras das
antigas profecias bíblicas, referentes ao Salvador cujo nascimento celebraremos
no Natal.
O modelo para nós de expectativa do
Messias é a sua Mãe, Maria Santíssima. Por causa dessas antífonas da
expectação, o povo deu a ela o título de Nossa Senhora do Ó. É uma devoção
muito antiga, surgida na Espanha e em Portugal. Aqui no Brasil, em São Paulo,
temos a “Freguesia (paróquia) do Ó”, bairro, onde se encontra a Igreja Matriz
de Nossa Senhora da Expectação do Ó, cuja construção começou em 1610.
A devoção a Nossa Senhora é inata no povo
católico. Enquanto os teólogos, durante séculos, discutiam a base teológica da
Imaculada Conceição da Virgem Maria – o dogma de fé só foi proclamado por Pio
IX no dia 8 de dezembro de 1864 -, o povo católico já a cultuava por toda a
parte. Desde os primeiros séculos, os cristãos já honravam essa prerrogativa de
Maria. No século VIII, o culto foi autorizado nas igrejas. A partir do século
XII, espalhou-se a celebração dessa festa. Clemente XI, em 1708, a elevou a
festa de preceito. A imagem de Nossa Senhora da
Conceição da Praia, na Basílica do mesmo nome em Salvador BA, foi trazida por
Tomé de Souza e a primeira capela em seu louvor, foi construída a mando do
então governador.
Celebramos dia 12 Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América
Latina. Sob diversos nomes, Maria Santíssima é patrona de muitos países do Novo
Mundo, e sua devoção está no coração de todos. O Documento de Aparecida exalta “o
papel tão nobre e orientador que a religiosidade popular desempenha,
especialmente a devoção mariana, que contribuiu para nos tornar mais
conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus” (37). Mas, reconhece que
“no entanto, devemos admitir que essa preciosa tradição começa a diluir-se...
Nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra...”
(39). “Observamos
que o crescimento percentual da Igreja não segue o mesmo ritmo que o
crescimento populacional... Verificamos, deste modo, uma mentalidade
relativista no ético e no religioso.... Nas últimas décadas vemos com preocupação,
que numerosas pessoas perdem o sentido transcendental de suas vidas e abandonam
as práticas religiosas...”. “Tal como manifestou o Santo Padre no Discurso
Inaugural de nossa Conferência: ‘Percebe-se certo enfraquecimento da vida
cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja Católica’.” (100).
Rezemos mais, pois estamos em “um novo período
da história, caracterizado pela desordem generalizada..., pela difusão de uma
cultura distante e hostil à tradição cristã e pela emergência de variadas
ofertas religiosas que tratam de responder, à sua maneira, muitas vezes
errônea, à sede de Deus que nossos povos manifestam” (DocAp 10).
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