Visitei recentemente, em Baependi, MG, a Igreja onde
se encontra o túmulo da Bem-aventurada Francisca Paula de Jesus Isabel,
conhecida como Nhá Chica, a mãe dos pobres, a pérola escondida. Mulher simples,
negra, filha de escrava, cheia de fé, devotíssima de Nossa Senhora, imersa na
oração e que, apesar de analfabeta, dava sábios conselhos a todos que a
procuravam e, não raramente, profetizava o futuro.
O Conselheiro João Pedreira do Couto
Ferraz era uma figura das mais eminentes do Império pela sua cultura, virtudes
e pelo caráter firme, do qual deu grande prova, pública e corajosa, durante o
processo de Dom Vital de Oliveira, Bispo de Olinda. Como diz a História do
Brasil, no célebre episódio da questão religiosa, uma das causas da queda da
monarquia, Dom Frei Vital de Oliveira, foi levado ao Tribunal pelo crime de
defender os direitos da Igreja. Ao entrar o Bispo no Tribunal, acompanhado de
mais dois Bispos, o Conselheiro Pedreira que, por dever do seu cargo, estava a
contragosto presente, vencendo o respeito humano, foi receber os Bispos e,
ajoelhando-se, osculou o anel de Dom Vital, santo Bispo mártir. Houve aplausos
e um frêmito de raiva entre os Ministros do Supremo Tribunal. Quando apontaram
a Dom Vital o banco dos réus, o Conselheiro Pedreira, secretário do Supremo
Tribunal, afastou aquele banco e foi buscar a sua poltrona, convidando o
Prelado a assentar-se.
Esse notável Conselheiro do Império, veraneando
em Caxambu, MG, acompanhado de sua primeira filha, Zélia, no esplendor dos seus
15 anos, visitou Nhá Chica, na vizinha Baependi, tendo ouvido falar da fama de
sua santidade. Ele pediu a Nhá Chica orações pelo futuro da sua filha Zélia,
que, constituía, pela sua formosura, inteligência precoce – falava várias
línguas -, talento poético e literário e virtudes cristãs, o maior tesouro
daquela família. Nhá Chica se retirou a rezar a Nossa Senhora e, após a Missa,
disse ao Conselheiro: “Esta moça vai se casar, terá muitos filhos, depois será
toda de Deus, Nosso Senhor”.
De fato, Zélia se casou com o Dr.
Jerônimo, engenheiro formado em Ciências Humanas na Alemanha e em Engenharia
Civil no Rio de Janeiro. Dos seus 9 filhos, 3 se tornaram sacerdotes e 6 se consagraram
como religiosas. O casal, dono de grande fazenda de café, se dedicava a obras
de caridade e evangelização, tornando-se exemplo de família cristã para o seu
tempo e para os dias de hoje.
Jerônimo morreu com fama de santidade em
1909. Zélia, viúva, distribuiu todos os seus bens aos pobres e se consagrou
como religiosa na Congregação Sacramentina, vindo a falecer em 1919. Nhá Chica
foi beatificada em 4 de maio de 2013, pelo Cardeal Ângelo Amato, delegado do
Papa Francisco, em Baependi. Jerônimo e Zélia, como o primeiro casal
brasileiro, estão já no processo de beatificação.
A santidade está ao alcance de todos,
europeus e brasileiros, ricos e pobres, letrados e analfabetos, brancos e
negros. Está ao nosso alcance também.
Como é bom e saudável a gente ler uma história bonita ssim, como essa que foi narrada por Dom Rifan. Que o exemplo deles nos ajude a sermos melhores e que as suas orações nos aproxime de Deus.
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