No dia 9 de
junho de 1597, falecia em Reritiba, hoje Anchieta, ES, São José de Anchieta, o
Apóstolo do Brasil. Por isso, nesse dia, celebramos a sua memória.
Tive
a graça de assistir à sua beatificação, no dia 22 de junho de 1980, na Basílica
Vaticana, feita pelo Santo Padre, o Papa São João Paulo II, pois, na ocasião,
estava em Roma como secretário de meu saudoso Bispo, Dom Antônio de Castro
Mayer, então em visita ad limina. No dia 3 de abril de 2014, O Santo
Padre, o Papa Francisco, jesuíta como ele, o canonizou, isto é, o inscreveu no
“cânon” (catálogo) dos Santos.
São José de Anchieta nasceu na verdade
em Tenerife, no arquipélago espanhol das Canárias, em 19 de março de 1534.
Tendo recebido uma primorosa educação cristã em sua família, foi enviado a
estudar em Coimbra, onde dividia o seu tempo entre o estudo e a oração.
Sentindo-se chamado por Deus para a vida consagrada e desejando levar a luz do
Evangelho aos que não o conheciam, entrou, aos 17 anos, na Companhia de Jesus,
sociedade religiosa missionária recém-fundada por Santo Inácio de Loyola. Deus
o provou com uma grave doença, com fraqueza e dores em todo o corpo, durante
dois anos. Os superiores decidiram enviá-lo ao Brasil, na esperança de que o
bom clima da terra lhe fizesse bem. Providência divina! Partiu de Lisboa em
1553, com 19 anos de idade, acompanhando o novo Governador Geral do Brasil,
Duarte da Costa, e alguns outros jesuítas.
Viveu aqui no Brasil dos 19 aos 63 anos,
idade em que morreu, sendo ao longo desses 43 anos o verdadeiro “Apóstolo do
Brasil”, participando da fundação de escolas, igrejas e cidades, liderando a
catequese dos índios, aprendendo perfeitamente a língua deles e escrevendo a
primeira gramática brasileira em tupi. É, junto com o Pe. Manuel da Nóbrega, o
fundador da cidade de São Paulo, tendo estado também no Rio por ocasião da
fundação da cidade, onde dirigiu o Colégio dos Jesuítas. Preparou alas da
escola como enfermaria, criando a Santa Casa do Rio de Janeiro, sendo, além
disso, diretor do Colégio dos Jesuítas em Vitória ES.
Anchieta lutou para que o Brasil não
ficasse dividido entre portugueses e franceses. Quando, apoiados pelos
franceses, os Tamoios se rebelaram contra os portugueses, Anchieta se ofereceu
como refém, enquanto Manuel da Nóbrega negociava a paz. Ficou cinco meses no
cativeiro, resistindo à tentação contra a sua castidade, pois os índios
ofereciam mulheres aos prisioneiros. Para manter a virtude, Anchieta fez uma
promessa a Nossa Senhora de que escreveria um poema em sua homenagem: é o seu
célebre “Poema da Virgem”, de 4.172 versos.
A pé ou de barco, Anchieta viajou pelo
Brasil inaugurando missões, catequizando e instruindo os índios e colonos,
consolidando assim o cristianismo e o sistema de ensino no país, fundando
povoados, sendo o grande promotor da expansão e interiorização do país. Ele
amou os pobres e sofredores, amenizando e curando seus males e foi solidário
com os índios, ajudando-os conhecer e amar a Deus em sua própria língua e
costumes. Sadia enculturação!
São José de Anchieta é sem dúvida alguma um grande santo. Que ele no Céu peça a Jesus por nós.
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