Quarta-feira de
Cinzas é o início do litúrgico da Quaresma, preparação para a festa da Páscoa.
Assim, o Santo Padre, o Papa Francisco, em sua mensagem para esta Quaresma, usando
como tema a frase de São Paulo “em nome de Cristo, suplicamo-vos:
reconciliai-vos com Deus” (2 Cor 5, 20), nos convida à volta para Deus, pela
penitência e oração.
“O Senhor concede-nos, também neste ano, um
tempo propício para nos prepararmos para celebrar, de coração renovado, o
grande Mistério da morte e ressurreição de Jesus, cerne da vida cristã pessoal
e comunitária... A alegria do cristão brota da escuta e recepção da Boa Nova da
morte e ressurreição de Jesus: o kerygma. Este compendia o Mistério
dum amor tão real, tão verdadeiro, tão concreto, que nos proporciona uma
relação cheia de diálogo sincero e fecundo. Quem crê neste anúncio rejeita a
mentira de que a nossa vida teria origem em nós mesmos, quando na realidade
nasce do amor de Deus Pai, da sua vontade de dar vida em abundância (cf. Jo 10,
10). Se, pelo contrário, se presta ouvidos à voz persuasora do ‘pai da mentira’
(Jo 8, 44), corre-se o risco de precipitar no abismo do absurdo,
experimentando o inferno já aqui na terra, como infelizmente dão testemunho
muitos acontecimentos dramáticos da experiência humana pessoal e coletiva”.
“Fixa os braços
abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te
aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia
que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande
amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de
novo. A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do
Espírito Santo é sempre atual...”.
“É salutar uma
contemplação mais profunda do Mistério pascal, em virtude do qual nos foi
concedida a misericórdia de Deus. Com efeito, a experiência da misericórdia só
é possível ‘face a face’ com o Senhor crucificado e ressuscitado, ‘que me amou
e a Si mesmo Se entregou por mim’ (Gl 2, 20). Um diálogo coração a
coração, de amigo a amigo. Por isso mesmo, é tão importante a oração no tempo
quaresmal. Antes de ser um dever, esta expressa a necessidade de corresponder
ao amor de Deus, que sempre nos precede e sustenta. De fato, o cristão reza
ciente da sua indignidade de ser amado. A oração poderá assumir formas
diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de Deus é que ela escave
dentro de nós, chegando a romper a dureza do nosso coração, para o converter
cada vez mais a Ele e à sua vontade”.
E o Papa nos dá um
conselho prático: “O diálogo que Deus quer estabelecer com cada homem, por meio
do Mistério pascal do seu Filho, não é como o diálogo atribuído aos habitantes
de Atenas, que ‘não passavam o tempo noutra coisa senão a dizer ou a escutar as
últimas novidades’ (At 17, 21). Este tipo de conversa, ditado por
uma curiosidade vazia e superficial, caracteriza o mundanismo de todos os
tempos e, hoje em dia, pode insinuar-se também em um uso pervertido dos meios
de comunicação”.
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