Lembrando-nos dos nossos falecidos, finados, animamo-nos
com a virtude da esperança. “Esta é,
de fato, uma palavra central da fé bíblica, a ponto de, em várias passagens,
ser possível intercambiar os termos ‘fé’ e ‘esperança’. Assim, a Carta
aos Hebreus liga estreitamente a ‘plenitude da fé’ (10,22) com a
‘imutável profissão da esperança’ (10,23). O Evangelho não é apenas uma
comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera
fatos e muda a vida. A porta tenebrosa do tempo, do futuro, foi aberta de par
em par. Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova”
(Bento XVI, enc. Spe Salvi, 2).
“O cristianismo não tinha trazido uma
mensagem sócio revolucionária semelhante à de Espártaco, que tinha fracassado
após lutas cruentas. Jesus não era Espártaco, não era um guerreiro em luta por
uma libertação política, como Barrabás ou Bar-Kochba. Aquilo que Jesus – Ele
mesmo morto na cruz – tinha trazido era algo de totalmente distinto: o encontro
com o Senhor de todos os senhores, o encontro com o Deus vivo e, deste modo, o
encontro com uma esperança que era mais forte do que os sofrimentos da
escravatura e, por isso mesmo, transformava a partir de dentro a vida e o
mundo” (idem ib. 4).
“No décimo primeiro capítulo da Carta
aos Hebreus (v. 1), encontra-se, por assim dizer, uma certa definição
da fé que entrelaça estreitamente esta virtude com a esperança... A fé não é só
uma inclinação da pessoa para realidades que hão de vir, mas estão ainda totalmente
ausentes; ela dá-nos algo. Dá-nos já agora algo da realidade esperada, e esta
realidade presente constitui para nós uma ‘prova’ das coisas que ainda não se
veem. Ela atrai o futuro para dentro do presente, de modo que aquele já não é o
puro ‘ainda-não’. O fato de este futuro existir, muda o presente; o presente é
tocado pela realidade futura, e assim as coisas futuras derramam-se nas
presentes e as presentes nas futuras” (Idem ib. 7).
No rito do Batismo na forma tradicional, o sacerdote
pergunta aos padrinhos, que respondem pelo afilhado: “Que pedes à Igreja?” A
resposta: “A fé”. “E que te alcança a fé?” “A vida eterna”. A fé é a chave para
a vida eterna. Fé é substância da Esperança.
“Aqui,
porém, surge a pergunta: Queremos nós realmente isto: viver eternamente? Hoje,
muitas pessoas rejeitam a fé, talvez simplesmente porque a vida eterna não lhes
parece uma coisa desejável. Não querem de modo algum a vida eterna, mas a
presente... Certamente a morte queria-se adiá-la o mais possível... ‘Sem dúvida,
a morte não fazia parte da natureza, mas tornou-se natural; porque Deus não
instituiu a morte ao princípio, mas deu-a como remédio. Condenada pelo pecado a
um trabalho contínuo e a lamentações insuportáveis, a vida dos homens começou a
ser miserável. Deus teve de pôr fim a estes males, para que a morte restituísse
o que a vida tinha perdido. Com efeito, a imortalidade seria mais penosa que
benéfica, se não fosse promovida pela graça’ (S. Ambrósio). Antes, ele tinha
dito: ‘Não devemos chorar a morte, que é a causa de salvação universal’” (Idem
ib 10).
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/
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