Advento
é o tempo da expectativa e preparação do Natal. Nas Vésperas dos dias que
antecedem a grande festa natalina, cantam-se as belíssimas antífonas latinas
que começam com a exclamação de desejo “Ó!”: Ó Sabedoria, Ó Adonai, Ó Raiz de
Jessé, Ó Chave de Davi, Ó Oriente, Ó Rei das Nações, Ó Emanuel, palavras das
antigas profecias bíblicas, referentes ao Salvador cujo nascimento celebraremos
no Natal.
O modelo para nós de expectativa do
Messias é a sua Mãe, Maria Santíssima. Por causa dessas antífonas da
expectação, o povo deu a ela o título de Nossa Senhora do Ó. É uma devoção
muito antiga, surgida na Espanha e em Portugal. Aqui no Brasil, em São Paulo,
temos a “Freguesia (paróquia) do Ó”, bairro, onde se encontra a Igreja Matriz
de Nossa Senhora da Expectação do Ó, cuja construção começou em 1610.
A devoção a
Nossa Senhora é inata no povo católico. Enquanto os teólogos, durante séculos,
discutiam a base teológica da Imaculada Conceição da Virgem Maria – o dogma de
fé só foi proclamado por Pio IX no dia 8 de dezembro de 1864 -, o povo católico
já a cultuava por toda a parte. Desde os primeiros séculos, os cristãos já
honravam essa prerrogativa de Maria. No século VIII, o culto foi autorizado nas
igrejas. A partir do século XII, espalhou-se a celebração dessa festa. Clemente
XI, em 1708, a elevou a festa de preceito. Fizeram há pouco uma pesquisa na
França sobre quem acreditava no pecado original. 70% afirmaram que não. Mas à
pergunta sobre quem acreditava na Imaculada Conceição, 70% afirmaram que sim!
Amanhã celebraremos Nossa
Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina. Sob diversos nomes, Maria
Santíssima é patrona de muitos países do Novo Mundo, e sua devoção está no
coração de todos. Mas, no
discurso inaugural da Conferência do CELAM, em Aparecida, o Santo Padre, o Papa
Bento XVI, constatava: “Percebe-se certo enfraquecimento da vida cristã no
conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja Católica”. Em cima dessa
afirmação, os Bispos da América Latina e do Caribe, reconhecendo os aspectos
positivos da evangelização do nosso continente, que nos alegram, não deixaram
de reconhecer algumas sombras: “Observamos que o crescimento percentual da
Igreja não segue o mesmo ritmo que o crescimento populacional... Verificamos,
deste modo, uma mentalidade relativista no ético e no religioso.... Nas últimas
décadas vemos com preocupação, que numerosas pessoas perdem o sentido
transcendental de suas vidas e abandonam as práticas religiosas...”. Estamos em
“um novo período da história, caracterizado pela desordem generalizada..., pela
difusão de uma cultura distante e hostil à tradição cristã e pela emergência de
variadas ofertas religiosas que tratam de responder, à sua maneira, muitas
vezes errônea, à sede de Deus que nossos povos manifestam”.
A graça que pedimos a Deus,
por meio da Senhora de Guadalupe: que o nosso povo não tenha só o verniz
cristão de uma devoção superficial, mas que viva em coerência com a sua Fé.
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