Em sua mensagem
para a celebração do 47º Dia Mundial da Paz, hoje, o Papa Francisco toma como
tema “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”. Ele lembra que devemos ver nos outros não “inimigos ou concorrentes, mas irmãos que
devemos acolher e abraçar; sem tal consciência, torna-se impossível a
construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. E a fraternidade
se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças, sobretudo, às
funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai
e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo
também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação,
deveria contagiar o mundo com o seu amor”.
Francisco lamenta a situação do
mundo atual, “caracterizado pela globalização da indiferença, que lentamente
nos faz habituar ao sofrimento alheio, fechando-nos a nós mesmos. Em muitas
partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos
fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião. Exemplo
preocupante disso mesmo é o dramático fenômeno do tráfico de seres humanos,
sobre cuja vida e desespero especulam pessoas sem escrúpulos. Às guerras feitas
de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis,
que se combatem nos campos econômico e financeiro com meios igualmente
demolidores de vidas, de famílias, de empresas.”
“A globalização, como afirmou Bento XVI,
torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. As
inúmeras situações de desigualdade, pobreza e injustiça indicam não só uma
profunda carência de fraternidade, mas também a ausência duma cultura de
solidariedade. As novas ideologias, caracterizadas por generalizado
individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços
sociais, alimentando aquela mentalidade do «descartável» que induz ao desprezo
e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados inúteis”.
“Surge espontaneamente a pergunta: poderão um dia os homens e as mulheres
deste mundo corresponder plenamente ao anseio de fraternidade, gravado neles
por Deus Pai? Conseguirão, meramente com as suas forças, vencer a indiferença,
o egoísmo e o ódio, aceitar as legítimas diferenças que caracterizam os irmãos
e as irmãs? Parafraseando as palavras do Senhor Jesus, poderemos sintetizar
assim a resposta que Ele nos dá: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois
todos irmãos (Mt 23, 8-9). A raiz da fraternidade está na
paternidade de Deus”.
“A fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus
Cristo, com a sua morte e ressurreição. A cruz é o «lugar» definitivo de fundação da
fraternidade que os homens, por si sós, não são capazes de gerar. Jesus Cristo,
que assumiu a natureza humana para a redimir, amando o Pai até à morte e morte
de cruz (cf. Fl 2, 8), por meio da sua ressurreição
constitui-nos como humanidade nova, em plena comunhão com a vontade
de Deus, com o seu projeto, que inclui a realização plena da vocação à
fraternidade”.
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