Cultura
é uma palavra oriunda do latim – colere, cultivar – usada para várias acepções, podendo significar
um complexo de conhecimento, culto, crenças, artes, moral e costumes de uma
sociedade, geralmente associada ao conceito de civilização, incluindo todas as
áreas do comportamento humano.
Santo Agostinho, na célebre obra sobre as civilizações
- “A Cidade de Deus” – resume a História do mundo na notável frase: “Dois
amores fundaram duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de
Deus, construiu a cidade terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si
próprio, construiu a cidade celestial” (A Cidade de Deus, XIV, 28).
Seguindo a diretiva de São Paulo – “Não vos conformeis
com este mundo” (Rm 12,2) - o Papa Francisco tem falado nas “culturas” que
caracterizam a civilização atual, com as quais não devemos nos conformar. “Tenham
a coragem de ir ‘contra a corrente’”. Hoje domina a “cultura do provisório,
do relativo, onde muitos pregam que o importante é ‘curtir’ o momento, que não
vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, ‘para
sempre’... Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projeto para cada um:
descobri-lo, responder à própria vocação é caminhar para a realização feliz de
si mesmo... Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família por
meio do sacramento do matrimônio. Há quem diga que hoje o casamento está ‘fora
de moda’... O Senhor chama alguns ao sacerdócio, outros para servir os demais
na vida religiosa, nos mosteiros, dedicando-se à oração pelo bem do mundo...”
(JMJ Rio, 28/7/2013). Compromissos definitivos!
“A civilização
mundial ultrapassou os limites porque criou tal culto do deus dinheiro,
que estamos na presença de uma filosofia e uma prática de exclusão dos dois
polos da vida que constituem as promessas dos povos. A exclusão dos idosos... a
exclusão dos jovens” (JMJ Rio, 25/7/2013).
Contra a cultura do descartável, da exclusão,
do individualismo, devemos promover a cultura do encontro: “Hoje vivemos
em um mundo que está se tornando cada vez menor... Os progressos dos
transportes e das tecnologias de comunicação deixam-nos mais próximos...
Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões...”. A cultura do encontro
requer acolhida e amor ao próximo (Mensagem para o dia mundial das comunicações,
24/1/2014).
Assim,
contra a cultura do egoísmo, promovamos a cultura da caridade. Contra a cultura
do interesse, a cultura da gratuidade e do amor. Contra a cultura do barulho e
da velocidade, a do silêncio, da serenidade e da oração. Contra a cultura da
violência e da guerra, a cultura da paz. Contra a cultura da malandragem e da
esperteza, a cultura do estudo, da disciplina, do empenho e do esforço. Contra
a cultura do desleixo e da sujeira, a cultura do capricho e da limpeza. Contra
a cultura do feio, a cultura da beleza. Contra a cultura do protecionismo, do
populismo e da demagogia, a cultura do mérito, do bem comum e da caridade
social.
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