Na Ladainha de Todos os Santos, pedimos a Deus que nos livre dos flagelos, da peste (pandemias), da fome e da guerra. Pode ser que, permitindo o flagelo, Deus espere a nossa conversão e reflexão sobre os desregramentos da humanidade.
Deus às vezes pode usar das doenças e
calamidades, mesmo sem as querer, mas só permitir, para que delas possamos
tirar algum bem. Não foi a doença que fez o centurião romano, pagão, se
aproximar de Jesus para pedir a cura para alguém da sua casa? Na parábola do
filho pródigo, não foi a desgraça que o fez voltar para o seu pai? Não foi o
assalto e o roubo do judeu na parábola que suscitaram a caridade e a boa ação
do samaritano?
Assim também, nessa pandemia atual,
permitida por Deus, procuremos tirar todo o bem possível, pois é isso que Deus
quer de nós. Ocasião para rezarmos mais, para amarmos mais nossa família e os
irmãos, para exercermos a paciência especialmente em nossa vida familiar,
praticando a caridade com o próximo. Muitas pessoas, com essa quarentena,
aprenderam a rezar mais e melhor, especialmente com a família! Apreciamos todo
o esforço dos poderes públicos mesmo insuficiente, a abnegação e o trabalho
dedicado dos médicos, e profissionais da saúde em geral, dos policiais,
bombeiros e sacerdotes. Que Deus os
abençoe e conforte a eles e suas famílias!
Átila, rei nos Hunos, pioneiro das
incursões bárbaras que assolaram o Império Romano, invadiu a Europa com tanta mortandade
que não era possível contar o número dos mortos, pilhando e devastando cidades,
igrejas e mosteiros, e foi intitulado “o flagelo de Deus”, ou seja, o
instrumento de Deus para punir os pecados dos homens. Só parou às portas de Roma, quando foi ao seu
encontro o Papa São Leão I, que o persuadiu a desistir de sua invasão da
Itália.
As causas dessa pandemia são ainda
obscuras. Mas a falta de cuidado, os desvios de verbas públicas e os pecados
acontecidos nesse tempo nos questionam. Mas não é hora de atribuirmos culpa a
esse ou àquele. Devemos sim rezar por nós e por todos, como nos ensina a
Igreja: “O Apóstolo exorta-nos a fazer súplicas e ações de graças pelos reis e
por todos aqueles que exercem a autoridade, ‘a fim de que possamos ter uma vida
calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade’ (1Tm 2,2)” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2240).
“Peçamos a
graça de saber rezar uns pelos outros. São Paulo exortava os cristãos a rezar
por todos, mas em primeiro lugar por quem governa (cf. 1Tm 2,1-3). ‘Mas este
governante é…’, e os adjetivos são muitos. Não os digo, porque este não é o
momento nem o lugar para repetir os adjetivos que se ouvem contra os
governantes. Deixemos que Deus os julgue! Nós, rezemos pelos governantes.
Rezemos… Precisam da nossa oração. É uma tarefa que o Senhor nos confia.
Temo-la cumprido? Ou limitamo-nos a falar, a insultar? Quando rezamos, Deus
espera que nos lembremos também de quem não pensa como nós...” (Papa Francisco,
homilia da Solenidade de São Pedro e São Paulo, 29 de junho de 2020).
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