Estamos na
Semana Santa, a mais importante do ano litúrgico, memória dos últimos
acontecimentos da vida de Jesus, sua Paixão, Morte na Cruz e sua Ressurreição,
a nossa Páscoa.
Nessa pandemia e sofrimento generalizado, vale a pena
refletir sobre o valor do sofrimento, inerente à nossa condição humana, preço
da nossa finitude e, também, dos nossos pecados. Jesus foi o nosso exemplo,
abraçando a sua cruz por amor.
Há dois modos de receber as inevitáveis cruzes. Um dos
ladrões crucificados com Jesus, Gestas, blasfemava contra Deus e injuriava a
Jesus. Revoltado, não aceitou a sua cruz. E assim terminou muito mal os seus
dias. O outro ladrão, também crucificado, Dimas, aceitou a cruz como penitência
e pediu: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino’. Ele lhe
respondeu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23 39-43).
O Papa Francisco, na sua mensagem de Páscoa (Urbi et Orbi 2020), fez essa reflexão: “O Ressuscitado é
o Crucificado; e não outra pessoa. Indeléveis no seu corpo glorioso, traz as
chagas: feridas que se tornaram frestas de esperança. Para Ele, voltamos o
nosso olhar para que sare as feridas da humanidade atribulada”.
“Hoje
penso sobretudo em quantos foram atingidos diretamente pelo coronavírus: os doentes, os que morreram
e os familiares que choram a partida dos seus queridos e por vezes sem
conseguir sequer dizer-lhes o último adeus. O Senhor da vida acolha junto de Si
no seu Reino os falecidos e dê conforto e esperança a quem ainda está na prova,
especialmente aos idosos e às pessoas sem ninguém. Não deixe faltar a sua
consolação e os auxílios necessários a quem se encontra em condições de
particular vulnerabilidade, como aqueles que trabalham nas casas de cura ou
vivem nos quartéis e nas prisões”.
“Para
muitos, é uma Páscoa de solidão, vivida entre lutos e tantos incômodos que a
pandemia está causando, desde os sofrimentos físicos até aos problemas econômicos.
Esta epidemia não nos privou apenas dos afetos, mas também da possibilidade de
recorrer pessoalmente à consolação que brota dos Sacramentos, especialmente da
Eucaristia e da Reconciliação. Em muitos países, não foi possível aceder a
eles, mas o Senhor não nos deixou sozinhos! Permanecendo unidos na oração,
temos a certeza de que Ele colocou sobre nós a sua mão (cf. Sal 139/138,
5), repetindo a cada um com veemência: Não tenhas medo! Ressuscitei e estou
contigo para sempre”.
“Jesus,
nossa Páscoa, dê força e esperança aos médicos e enfermeiros, que por todo o
lado oferecem um testemunho de solicitude e amor ao próximo até ao extremo das
forças e, por vezes, até ao sacrifício da própria saúde. Para eles, bem como
para quantos trabalham assiduamente para garantir os serviços essenciais
necessários à convivência civil, para as forças da ordem e os militares que em
muitos países contribuíram para aliviar as dificuldades e tribulações da
população, vai a nossa saudação afetuosa juntamente com a nossa gratidão”.
*Bispo da Administração Apostólica
Pessoal
São João Maria Vianney
htpp://domfernandorifan.blogspot.com.br/
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