Celebramos
ontem a conversão do grande apóstolo São Paulo, uma das colunas da Igreja ao
lado de São Pedro. São Paulo foi o apóstolo dos gentios, dos povos não judeus,
instrumento da propagação da Igreja fora da Judéia; o verdadeiro propagador do
cristianismo.
O primeiro livro de História da Igreja, os Atos dos
Apóstolos, escrito por São Lucas, discípulo de São Paulo e testemunha dos
fatos, narra-nos que Saulo - esse era o seu nome antes - era um fariseu
fanático, cheio de ódio pelos discípulos de Cristo. Ele, quando jovem, já havia
participado, como coadjuvante, do apedrejamento de Santo Estevão, diácono.
Quando ia pelo caminho de Damasco, capital da Síria, com ordens dos Sumos
Sacerdotes, para prender os cristãos da cidade, foi violentamente derrubado do
cavalo por uma luz misteriosa, que o cegou, da qual saia uma voz tonitruante
que o invectivava: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” E ao perguntar quem
era aquele a quem ele perseguia, a voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu
persegues”. Jesus atribuía a si a perseguição feita aos seus discípulos, os
cristãos.
A partir daí, Saulo foi instruído na Fé cristã e batizado.
Tornou-se o grande Apóstolo Paulo, escolhido por Deus para evangelizar os
gentios, os povos não judaicos. É o autor de 14 epístolas endereçadas às
primeiras comunidades cristãs, mas de valor e ensinamento perenes.
Foi martirizado em Roma, na perseguição de Nero. Sua grande
basílica é a homenagem cristã àquele que, com São Pedro, é uma das colunas da
Igreja Romana.
Jesus tinha escolhido 12 apóstolos para evangelizarem o mundo. Mas
eles eram pessoas simples. Deus tudo pode, mas usa dos meios humanos mais
apropriados, conforme ele quer e capacita. Para espalhar sua doutrina no mundo
greco-romano pagão, ele quis escolher alguém, perito em diversas línguas, douto
na doutrina judaica, cidadão romano, conhecedor do mundo grego e homem de
decisão e forte personalidade. E o escolheu entre os seus piores inimigos: os
fariseus. E esse fariseu fanático tornou-se, pela graça de Deus, o grande São
Paulo.
A admirável conversão de São Paulo é a mostra do que pode a Graça
de Deus. E essa Graça tem operado maravilhosas conversões no decurso dos
séculos. Temos, entre tantos, os exemplos de Agostinho, gênio intelectual que,
de gnóstico e herege, tornou-se o grande Santo Agostinho, doutor da Igreja,
convertido pela força das lágrimas de sua mãe e pela convincente pregação de
Santo Ambrósio; de Francisco de Assis que, de mundano tornou-se o grande santo
da pobreza; de Santo Inácio de Loyola, convertido ao ler a vida dos santos, num
leito de hospital; de Dr. Aléxis Carrel, prêmio Nobel de medicina, ao examinar
um milagre de Lourdes.
Conversão é a saída do pecado para a Graça de Deus. É mudança de
mentalidade e de vida. Para melhor. É por isso que todos nós precisamos nos
converter. Todos os dias.
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles
que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do
pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (Francisco, Evangelii
gaudium, 1).
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São
João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/
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