CINZAS PARA REFLETIR

 

As cinzas impostas sobre a cabeça dos fiéis neste dia fazem-nos refletir sobre a nossa criação por Deus, o nosso nada – “Lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar” – a nossa humilde condição e igualdade com nossos irmãos, além do aspecto penitencial pelos nossos pecados. É o início da Quaresma, tempo de oração, penitência e caridade.            

A Igreja no Brasil, incentivando-nos a esses exercícios espirituais, convida-nos também a um gesto concreto na área social, através da Campanha da Fraternidade (CF). É claro que essa ação social não pode ocupar o lugar das obras espirituais e caritativas, nem se suplanta a elas, mas é o seu complemento. Assim, a Campanha da Fraternidade tem como finalidade unir as exigências da conversão e da oração a algum projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda.  Muitas obras sociais da Igreja católica no Brasil são sustentadas pelas coletas feitas na Campanha da Fraternidade.

Na mensagem para a CF de 1979, São João Paulo II falava da necessidade de viver a Quaresma com ascese pessoal, mas sem esquecer da importância do doar-se: “Dar mostras dessa conversão ao amor de Deus com gestos concretos de amor ao próximo”.

            Em 2007, a mensagem do Papa Bento XVI afirmava: “Ao iniciar o itinerário espiritual da Quaresma, a caminho da Páscoa da ressurreição do Senhor, desejo uma vez mais aderir à Campanha da Fraternidade (…) tempo em que cada cristão é convidado a refletir de modo particular sobre as várias situações sociais do povo brasileiro que requerem maior fraternidade”.

“Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja no Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados”. Estas foram as palavras do Papa Francisco em mensagem enviada especialmente para a Campanha da Fraternidade em 2020.

Infelizmente, a atual Campanha da Fraternidade trouxe divisão. Por ser ecumênica, confiaram a redação do texto base ao CONIC. A autora principal do texto foi uma pastora protestante. Na comissão de redação, só havia um representante da Igreja Católica, que, certamente, foi voto vencido. Mas é um texto base de sugestão, para discussão. Um texto ruim, com insinuações errôneas e tendenciosas. Não é doutrinário nem obrigatório. A CNBB já declarou que não abre mão da doutrina católica do Magistério. E todo católico sabe disso.

Pecam, porém, os que, na ânsia de defender coisas corretas e atacar erros, que infelizmente existem na parte humana da Igreja, se arvoram em mestres e profetas, perdem o respeito devido às autoridades da Igreja e as desprestigiam, para alegria dos inimigos dela. Junto com o combate ao erro, até querendo fazer o bem, acabam destruindo a autoridade, com ofensas, exageros e meias verdades, caindo assim em outro erro.

 

11 comentários:

  1. Muito obrigado pela reflexão Dom Fernando, confesso que trouxe um pouco de alívio e esperança. Particularmente não acredito que o Pe.Beozzo tenha sido voto vencido no Conic, uma vez que ele manifesta publicamente suas convições ideológicas, de qualquer forma, não houvesse tamanha manifestação dos católicos não haveria sua reflexão e meu comentário. Minha esperança é que na próxima assembléia nacional em Aparecida, os Bispos possam criar mecanismos para evitar que situações deste tipo voltem a ocorrer no futuro

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    1. Concordo plenamente com sua colocação, existem em nosso clero e principalmente em cargos e posições privilegiadas e de alta relevância na CNBB, arquidioceses e paróquias, esse mesmos clero tem suas convicções ideológicas no sentido da T.L, não são muitos mas em contra partida fazem muito alvoroço e barulho impondo seus pensamento.

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    2. Concordo. Mas não foi o Padre Beozzo o representante, mas o Padre Patrick

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  2. Sua Bênção Dom Fernando. Agradeço a Deus por cumulá-lo de SABEDORIA e discernimento na orientação de seus Pastoreio. Realmente estou triste, mas, suas palavras suavizaram meu coração. Sigamos em frente no Caminho de nossa Conversão...

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  3. Dom Fernando, sua bênção.
    Como um neófito, apenas chegando à Igreja Católica e, mais concretamente, à Igreja do Brasil, vejo-me identificado com a forma extraordinário do Rito Romano, a missa Tridentina.
    Infelizmente as informações sobre a disponibilidade deste rito no município do Rio de Janeiro são poucas e esparsas. Pelo que eu pude observar na internet, só há uma missa tridentina da Administração Apostólica no munícipio do Rio, celebrada às 08:30 dos domingos na Basílica Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel.
    Ainda não tive a oportunidade de visitá-los, infelizmente. Mas a situação parace improvisada, já que outros meios digitais apontam o local dessa missa na igreja Nossa Senhora da Lampadosa, no Centro.

    Não sei absolutamente qual é a situação da alocação dos padres da Administração, mas gostaria de perguntar se há alguma paróquia pessoal no município do Rio com missas regulares, com uma comunidade, em vez de ter a igreja "emprestada" aos domingos, como me parece ser a situação na Basílica de Vila Isabel.

    Em Cristo.

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  4. Dom Fernando parabéns pela bela orientação.

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  5. Sua bênção, Dom Fernando. Reflexão e orientação mais ponderada e sábia que vi até aqui. Infelizmente há muitos que conhecem bem a doutrina (ou não), arvoram-se em mestres, mas pouco entendem e pouco praticam a devoção filial àqueles que são sucessores dos apóstolos. Não falo de obediência cega, mas sim do respeito devido a seus pastores e à maneira de se dirigir a uma autoridade.

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  6. O grande problema é que a CNBB tá até o talo ligado a TL...

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    1. Que o Espírito Santo continue suscitando e iluminando mentes brilhantes com a Sabedoria e o Discernimento tão necessários nestes tempos de grande confusão.

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  7. Parabéns Dom Fernando Rifan. Neste texto, o senhor trata a CF 2021 com equilíbrio.
    Assisti aos vídeos de "formação" e assisti um monólogo! Pois não havia debate ou ponderações entre os participantes. Nenhum representante católico usou (ou ousou) da palavra para contrapor ideologias que foram expressas por aquela que foi a grande redatora do texto base.

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Seu comentário é muito bem vindo. Que Deus o abençõe.